quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PT muda estratégia e perfil de candidato para a Capital

Consciente da dificuldade de conquistar o eleitorado conservador de Campo Grande, o comando do PT já pensa em mudar a estratégia de campanha e até o perfil do candidato a prefeito, visando às eleições de 2012.

O Partido dos Trabalhadores acumula uma sucessão de derrotas históricas contra o PMDB na Capital do Estado.
Em 1996, Zeca do PT perdeu para André Puccinelli (PMDB) por apenas 411 votos, no primeiro embate entre os rivais.
O resultado foi contestado na Justiça, mas Zeca perdeu mais uma vez a batalha política contra o peemedebista.
Nas próximas eleições municipais, já como governador de Mato Grosso do Sul, Zeca apoiou o então petista Ben-Hur Ferreira em Campo Grande, mas André Puccinelli foi reeleito com ampla vantagem.
Ao deixar a prefeitura da Capital, quatro anos depois, Puccinelli apoiou o atual prefeito da cidade, Nelsinho Trad (PMDB). Mais uma vez, o PT foi derrotado, já que o candidato peemedebista venceu “de lavada” o sobrinho de Zeca, o deputado federal Vander Loubet (PT).
Outra disputa perdida pelo PT aconteceu em 2008, quando Nelsinho se reelegeu com ampla vantagem sobre o petista Pedro Teruel, que não conseguiu a reeleição para deputado estadual em outubro deste ano.
O deputado estadual Paulo Duarte (PT) defende uma ampla discussão interna acerca das sucessivas derrotas do partido em Campo Grande. Ele acha que a sigla precisa criar critérios para a escolha dos candidatos não só na Capital mas em todo o Estado.
Duarte também acredita que o PT precisa se renovar e até buscar lideranças novas para tentar conquistar o tradicional e conservador eleitorado campograndense.
“Quem sabe não é hora de buscar renovação, buscar até pessoas que estão em outros partidos e que têm vontade de vir para o PT, colocar gente que não foi candidato ainda”, detalhou.
Antes, porém, conforme o parlamentar, o PT precisa fazer uma análise interna, um balanço das últimas eleições, pensando em novas estratégias para o próximo pleito.
“Isso passa por uma discussão interna. Não vejo sentido em começar a falar em nomes antes de fazer essa avaliação”, apontou.
Conforme Paulo Duarte, a população já deu inúmeras provas de que gosta de renovação. Como exemplo, ele citou o prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha de Oliveira, e a própria presidente eleita, Dilma Rousseff.
“O Ruiter era um técnico, começou com menos de 3% e conseguiu se eleger, assim como a Dilma, que também nunca tinha sido candidata”, analisou.
Sem esta avaliação interna e discussão de novas táticas eleitorais, o PT vai cometer os mesmos erros e perder novamente os espaços para o PMDB.

O deputado Amarildo Cruz (PT) também defende que estratégias diferenciadas sejam adotadas pelo partido na Capital. “Pode ser que o eleitor conservador não esteja entendendo nossa mensagem, então temos que falar com a academia, comerciantes, empresários, e detalhar nosso projeto”, comentou.
Para o deputado, a questão não é só buscar sangue novo para a disputa, mas trabalhar na mudança de abordagem do eleitor.


O deputado Pedro Kemp, vice-presidente da Assembleia Legislativa, acha que o partido precisa fazer uma avaliação concreta das últimas eleições, detectar os possíveis erros cometidos e estudar com mais afinco o perfil do eleitorado.



“Precisamos ter um diagnóstico melhor, porque só 30% do eleitorado de Campo Grande têm simpatia pelo nosso partido”, detectou.

Eleição de Dilma e vitória de Serra em MS deixam ‘em aberto’ disputa política, afirma Vander Loubet

A vitória do PSDB de José Serra sobre o PT da presidente eleita Dilma Roussef aqui em Mato Grosso do Sul deve provocar um reboliço político daqui para frente no Estado. Ao menos essa é a interpretação do deputado federal reeleito Vander Loubet, do PT.

O parlamentar crê no que ele chama de uma repactuação política. E o que seria isso? Para Loubet, a primeira mexida política daqui em diante seria a ruptura da aliança composta pelo PMDB do governador André Puccinelli, com o PSDB, DEM e PR. Esse pacto seria desfeito por conta das eleições municipais de 2012.
Loubet comentou ainda, em entrevista concedida ao Midiamax, no domingo à tarde, os projetos de seu partido, o PT que, para ele, saiu fortalecido da disputa estadual, mesmo com a derrota de Zeca do PT.

Para o deputado federal, o senador Delcídio do Amaral é o candidato ao governo em 2014, mas com uma condição: “ele vai ter de fazer gestos” pelo partido.
Loubet cita também que as críticas disparadas contra Lula, e o desprezo pela candidatura de Dilma, deixaram Puccinelli numa situação difícil quanto à relação política entre o governo de MS e o governo federal.
Por conta das divergências políticas com o PMDB, que teria dado as costas para o projeto proposto por Dilma, o deputado federal acha que o comando das autarquias federais, como Incra, Funasa e Ibama, devem ficar sob o domínio do PT. “Merece cargos quem realmente brigou pela eleição de Dilma”, disse ele.
Leia a integra da entrevista do deputado federal reeleito com 117 mil votos em 3 de outubro passado.

Midiamax – Deputado, a derrota de Zeca do PT para o principal adversário político, André Puccinelli, fragilizou os projetos de seu partido?

Vander Loubet – Não, pelo contrário. Zeca obteve 530 mil votos, um número expressivo. Creio que ficamos fortalecidos. Elegemos um senador, dois deputados federais e sete deputados estaduais pela nossa coligação. Não vejo fragilidade. E eleição é assim: perdemos hoje, vencemos amanhã...

Midiamax – Quanto a Zeca do PT, que acha, ele segue na política?

Vander Loubet – Precisa, ele tem compromissos com os 42,6% dos votos válidos. Eu já comando uma articulação em Brasília, ele deve ser encaixado num cargo federal por lá. Ainda não conversei com ele, e nem sei se quer sair daqui. Mas já articulo isso. Articulo ainda a ida de Valter Pereira [senador] e Dagoberto Nogueira [deputado federal], nossos parceiros, que brigaram pela candidatura de Dilma.
Midiamax – E quanto aos cargos de chefia nas autarquias federais aqui no Estado, o PT deve brigar por seus comandos, algumas delas são coordenadas por membros ligados ao PMDB, por exemplo.
Vander Loubet – Penso assim: merece cargo aquele que realmente contribuiu com a campanha de Dilma. E vimos quem incorporou a campanha. Isso não quer dizer que vamos partir para a perseguição, ou coisa assim. Mas merece quem ajudou a eleger Dilma.
Midiamax – Retomando a disputa pelo governo estadual, tanto o PT quanto o PMDB tiveram a chance de disputar juntos, numa composição parecida à adotada na esfera nacional, o PT não se arrepende de ter optado pelo confronto?
Vander Loubet – Jamais. Se fizéssemos um pacto com o PMDB, seria um desastre, a sociedade não ia entender isso. E, quase sozinhos, conquistamos meio milhão de votos, um oxigênio suficiente para disputarmos as eleições de 2012 e 2014.

Midiamax – Na disputa pela prefeitura de Campo Grande, por exemplo, o PT já teria um candidato?

Vander Loubet – Claro, temos a dona Gilda (ex-primeira dama do Estado), o deputado estadual Pedro Kemp, o Dagoberto e eu.

Midiamax – E quanto a disputa ao governo, o senador Delcídio já demonstrou interesse desde o início da campanha pela reeleição, ele é o nome mais forte?

Vander Loubet – Com certeza. Mas ele terá de fazer gestos, muitos gestos daqui para frente.

Midiamax – Como assim deputado, fazer gestos?

Vander Loubet – Gestos, muitos gestos. O Delcídio adotou uma campanha individualista, brigou por ele nessa disputa que o reelegeu. Pensou só nele, um comportamento difícil. Mas se o senador fizer gestos pelo partido, tudo bem, isso será superado.

Midiamax – Ainda sobre a campanha estadual: o governador Puccinelli ensaiou uma composição com Dilma, recuou, e acabou apoiando José, acha que isso pode prejudicar o Estado?

Vander Loubet – O Estado, não, isso não, não é postura do PT em perseguir aqui ou ali. Agora, é certo dizer que daqui para frente é impossível imaginar que Puccinelli retome uma boa relação política com Dilma. Isso é impossível. Mas os projetos, obras, recursos vindo de lá, isso não muda. Estarei lá apresentando emendas, meus colegas de bancada também. Vejo perda política para Puccinelli, apenas.

Midiamax – Disse que a vitória de Serra aqui pode mexer nas composições políticas, acredita mesmo nisso?

Vander Loubet – Claro. O PMDB venceu as eleições ao lado do PSDB, que deve lançar candidatura própria em 2012. Isso é certeza. Puccinelli e Nelsinho [prefeito de Campo Grande] devem ter interesse na disputa e cada um tem estepe fora do PMDB.


Midiamax – Estepe?

Vander Loubet – Isso, estepe. O Puccinelli é ligado ao deputado federal eleito Edson Giroto, que é do PR; já Nelsinho, ao deputado federal eleito Luiz Mandetta, que é do DEM. Viu como a situação política ficou polarizada? A eleição de Dilma e a vitória de Serra podem, sim, mexer nas alianças daqui em diante.

Campanha eleitoral de Ary Rigo recebeu doações de Puccinelli e até de Artuzi, preso por corrupção

As prestações de contas entregues até anteontem ao TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul) pelos candidatos eleitos e não eleitos exibem curiosas e suspeitas situações.

Uma delas aparece no relatório do deputado estadual Ary Rigo, do PSDB, pivô do escândalo que revelou um suposto esquema de corrupção implicando o governo do Estado, o Tribunal de Justiça e o Ministério Público Estadual.
Rigo declarou a corte eleitoral ter gastado na campanha R$ 1.095.836,00, a terceira mais cara entre os concorrentes a um mandato estadual. Ainda assim, não foi reeleito.
Doador na cadeia
E, entre os doadores, surge na lista o nome de Ari Valdecir Artuzi, prefeito afastado de Dourados, preso no dia 1º de setembro passado, por suposta ligação com uma quadrilha que fraudava licitações públicas no município.
De acordo com a prestação de contas de Rigo, Artuzi teria feito uma doação “estimada” de R$ 2 mil a ele. Detalhe: o registro dessa doação, segundo declarado ao TRE, foi feito no dia 10 de setembro, nove dias após a Polícia Federal ter prendido Artuzi.
Ainda conforme as prestações de Rigo, primeiro-secretário da Assembleia, o governador reeleito André Puccinelli, do PMDB, teria também feito ao tucano três doações que somaram R$ 6.150,00.
Numa delas, no dia 28 de julho, por meio de um cheque no valor de R$ 5 mil. Já no dia 21 de julho, aparecem dois repasses, um no valor de R$ 150,00 e, outro de R$ 1 mil.
Escândalo
O escândalo que pôs em xeque a credibilidade dos poderes constituídos de Mato Grosso do Sul surgiu por meio do youtube, vídeo exibido na internet.
Sem saber que seu diálogo com um secretário do prefeito Artuzi era gravado por equipamentos da Polícia Federal, Ary Rigo afirmou que dinheiro da Assembleia Legislativa era repartido entre o governador André Puccinelli, desembargadores do TJ e o ex-chefe do MPE, Miguel Vieira. A suposta negociata seria fruto de troca de favores.
Após o vídeo ter alimentado notícias divulgadas em todo o país, o deputado tucano caiu numa espécie de ostracismo político ao ser abandonado pelos aliados. Ele já havia sido eleito seis vezes deputado estadual.
Eu nego
Rigo negou depois o dito na gravação. Onze dos 30 desembargadores e o MPE interpelaram o parlamentar judicialmente. O governador Puccinelli também prometeu acioná-lo judicialmente.
Os financiadores
Na lista dos financiadores da campanha de Rigo aparecem duas empresas que prestam serviço a Assembleia Legislativa: a Digitho Brasil Soluções em Software Ltda, que doou R$ 50 mil e a H2L Equipamentos e Sistemas Ltda, que contribuiu também com R$ 50 mil.
Ary Rigo, segundo declarado no TRE, tirou R$ 120 mil do bolso por sua campanha. Já a mulher dele, Márcia Rigo, R$ 115 mil.



O deputado arrecadou ainda dinheiro que foi destinado à campanha eleitoral do deputado federal eleito Edson Giroto, do PR (R$ 9 mil); do também deputado federal eleito Reinaldo Azambuja, do PSDB (R$ 150 mil) e do senador eleito Valdenir Moka, do PMDB (R$ 152 mil).
Duas empreiteiras figuram como financiadoras da campanha de Ary Rigo: a Nautilus Engenharia (R$ 70 mil) e a Constran S/A – Construções e Comércio (R$ 80 mil).

Siufi, possível candidato à prefeitura, diz que não aceita imposição dentro do PMDB

A corrida eleitoral pela prefeitura de Campo Grande em 2012 já acirra os ânimos entre possíveis candidatos à sucessão de Nelson Trad Filho. O presidente da Câmara de Campo Grande, Paulo Siufi (PMDB), visto pela classe política como eventual pré-candidato, defende que o partido submeta a escolha do futuro candidato a uma consulta popular.

Em visita à sede do Midiamax nesta quarta-feira (3), Siufi adiantou que não vai admitir imposições na definição do candidato peemedebista. “Se for por imposição pessoal de qualquer um dos que hoje mantêm o controle do PMDB, aí não vou aceitar, e o PMDB pode me retirar. Sou uma pessoa democrática, mas não amorfo [sem opinião própria] nem insensível”, disse.
A opinião de Siufi reflete em parte o que ocorreu no PMDB estadual durante o primeiro turno eleitoral. O tratamento preferencial de lideranças peemedebistas a candidaturas de outras siglas - como o apoio ostensivo de André Puccinelli a Edson Giroto, do PR – teria deixado muita gente insatisfeita.
“Quando você auxilia candidatos de outros partidos, como aconteceu nas últimas eleições, isso deixa os candidatos do partido um pouco insatisfeitos. O PMDB tem que ser maior do que essas situações pessoais”, defendeu o vereador.
Para ele, o modelo de prévias aplicado pelo PMDB na disputa entre Waldemir Moka e Valter Pereira por uma vaga ao Senado fracassou. “De 11 mil filiados, 4 mil foram votar e isso não teve uma repercussão positiva”, explica o vereador. Pior do que isso foi a reação contra Valter Pereira, “um peemedebista histórico” – nas palavras de Siufi – que foi alijado do partido por apoiar Dilma Rousseff na corrida presidencial.
O vereador também foi um “dilmista” e sabe que a vitória da aliança PT-PMDB em nível nacional fortalece seu grupo que integra a cúpula regional da sigla. “Nosso município foi muito bem atendido pelo governo federal”, argumenta.
Siufi reconhece que seu partido deve passar por uma renovação interna sob o risco de ser derrotado nas próximas eleições municipais. Em 2012, Campo Grande terá atravessado 16 anos de administração do PMDB – duas gestões de André Puccinelli e duas de Nelson Trad Filho. A discussão em torno dos vários nomes do partido para suceder o atual prefeito deve ser “alinhavada” pelas lideranças, na opinião do vereador.

Giroto, ex-secretário de Obras, tem campanha bancada por empreiteiros e dinheiro de André

O deputado federal eleito Edson Giroto, do PR, declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que sua campanha eleitoral consumiu R$ 3.029.400,00, R$ 1.637.000,00 dos quais saíram dos bolsos de empreiteiros que tocam obras aqui em Mato Grosso do Sul.

Antes de estrear na política como o deputado federal mais bem votado nessa eleição, com 147 mil votos, Giroto ocupava a secretaria estadual de Obras.
O eleito contou também com uma generosa quantia doada pelo governador eleito André Puccinelli, do PMDB, que injetou R$ 1.034.150,00, dinheiro emitido em cheques, na campanha de Giroto, segundo dados disponibilizados na internet desde a tarde desta terça-feira pelo TSE.
Do bolso de Girotto, saíram apenas R$ 6 mil, segundo sua prestação de contas entregues ontem ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
De acordo com a prestação de contas de Giroto, ele recebeu doações dessas empresas:
1 – Cbemi Construtora Brasileira e Mineradora Ltda (R$ 300 mil);
2 – Consegv Planejamento e Obras Ltda (R$ 163 mil);
3 – Conspar Engenharia Ltda (R$ 25 mil);
4 – Construtora Alvorada Ltda (R$ 120 mil);
5 – Construtora Brasil Central Ltda (R$ 100 mil);
6 – Engepar Engenharia e Participações Ltda (R$ 50 mil);
7 – Equipe Engenharia Ltda (R$ 200 mil);
8 – Geoserv Serviços de Geotecnia e Construtora Ltda (R$ 400 mil)
9 – Proteco Construções Ltda (R$ 50 mil)
10 – Serveng Civilsan S.A. Empresas Associadas de Engenharia (R$ 100 mi) e
11 – Sipav Serviço e Recuperação, Pavimentação Ltda (R$ 30 mil)