terça-feira, 31 de maio de 2011

Enquanto fazendeiros estão isolados, obras da Agesul atendem fazenda do deputado Giroto

Dois anos após comprar uma fazenda em Rio Negro, cidade distante 163 km de Campo Grande, o deputado federal Edson Giroto (PR), já conta com benefícios que a maioria dos produtores rurais de MS ainda espera. A propriedade é cercada de benefícios que hoje são os mais requisitados pelas prefeituras do interior de Mato Grosso do Sul, como pontes de concreto e estrada pavimentada.
Ou seja, o parlamentar está livre do gargalo logístico dos produtores rurais sul-mato-grossenses. Antes de o imóvel ser registrado em nome de Giroto, a ponte que ligava à fazenda era velha, construída com madeira e a estrada ruim, segundo moradores da região.
Em março passado, ao menos nove municípios sul-mato-grossenses decretaram estado de emergência porque tiveram estradas e pontes danificadas por fortes temporais.
Cinco quilômetros depois da parte urbana de Rio Negro, uma ponte sobre o rio dos Peixes, obra ainda não inaugurada, porém já trafegada, que consumiu R$ 1.398.330,72 dos cofres estaduais, substituiu a travessia de madeiras, erguida há décadas, já caindo aos pedaços.
Dali, mais 14 km de estrada cascalhada, chega-se a fazenda Vista Alegre, de 1.062 hectares, comprada por R$ 1,7 milhão por Giroto e mais três sócios, um deles coordenador da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimento), órgão do governo responsável pela construção e manutenção de pontes e estradas que cruzam o Estado (saiba mais sobre a compra desse imóvel em notícias relacionadas, logo abaixo).
A travessia concretada, de 9,6 metros de largura e 48 metros de comprimento, foi construída pela Sipav Sinalização e Recuperação de Pavimentação Ltda. Essa empreiteira venceu a licitação no dia 3 de maio do ano passado e, num prazo de seis meses, concluiu a travessia, antiga reivindicação dos fazendeiros.
Cerca de um mês atrás, no dia 1º de abril de 2010, Giroto havia deixado o comando da Secretaria Estadual de Obras do Estado para disputar uma vaga na Câmara Federal.
A Sipav, uma das construtoras que mais constrói pontes no Estado, doou R$ 30 mil para a campanha de Giroto, eleito com 147 mil votos, o mais bem votado entre os deputados federais de Mato Grosso do Sul em outubro passado.
Antes de ingressar à política, Giroto chefiou por dez anos a secretaria de Obras de Campo Grande e, por três anos e meio, a secretaria de Obras do Estado.
De Rio Negro até a fazenda Vista Alegre, propriedade do deputado federal e seus três sócios, é preciso, embora a curta distância, transitar por duas rodovias: a MS-080 que, seguindo reto alcança o município de Rio Verde, e a MS-430, estrada que leva até a cidade de São Gabriel D’Oeste.
A distância de Rio Negro até a fazenda de Giroto é de 19 km. Da propriedade Vista Alegre, que fica na MS-430, até o município de São Gabriel, a extensão é de uns 60 km. Pelo menos metade desse trecho será asfaltada. De acordo o vice-prefeito de Rio Negro, Eronildes Sabino Nery, do PTB, o processo licitatório já foi definido e a estrada deve ser pavimentada logo.
Com isso, a propriedade de Giroto deve ser uma das mais amparadas pelos serviços prestados pela Agesul, órgão estadual que cuida das estradas e pontes.
A reportagem quis conversar com o deputado por telefone, mas o aparelho estava desligado e recados foram deixados na secretária.
O sócio do parlamentar, João Afif Jorge, coordenador da Agesul, embora procurado na quarta-feira e quinta-feira passada, também não foi localizado. Uma secretária do órgão informou que na quinta (12), ele participava de uma reunião e, na sexta (13), ele estaria no prédio da Agesul, mas também em audiência de trabalho.



Plebiscito por troca de nome de Mato Grosso do Sul será votado na Assembleia

Com a assinatura de 18 dos 24 deputados estaduais, o deputado Antonio Arroyo, do PR, entregou à Mesa Diretora um requerimento que propõe a realização de um plebiscito com a intenção de trocar o nome de Mato Grosso do Sul.

A consulta popular tem a ver com os seguidos erros envolvendo os nomes do MS com o vizinho Mato Grosso, separados 34 anos atrás.
A proposta segue agora para a avaliação da CCJR (Comissão de Constituição e Justiça e Redação). Daí, se aprovada, a ideia é posta em votação no plenário. E se a intenção convencer os parlamentares, o plebiscito fica aprovado, sem a exigência da homologação do governo estadual.
A partir daí é a população que define se Mato Grosso do Sul troca de nome, ou não.
O desejo de modificar o nome do Estado, embora antiga, é debatida no meio político há pelo menos uma década. O assunto é tratado com mais intensidade sempre que alguma celebridade erra e diz que aqui é Mato Grosso.

Pecuaristas reclamam de estradas e dizem que máquinas do Governo atendem 'amigos'

Nas viagens por várias estradas precárias de Porto Murtinho, usadas para escoamento de gado ou para o transporte de estudantes, a reportagem do Midiamax não encontrou, nem tomou conhecimento, de nenhum tipo de obra de recuperação, inclusive de pontes. Ao contrário, só reclamação.
Coincidentemente, a exceção só ocorreu no último dia 25, quando a reportagem foi informada da presença de caminhões basculantes estacionados próximos à junção da antiga estrada Porto Murtinho - Bonito e a antiga Estrada do Trecho, ambas de terra.
Segundo as denúncias de produtores locais, os caminhões com placas do governo do Estado estavam cedidos para uma empreiteira de Bela Vista, cujo proprietário é conhecido na região como "Gão". Eles aguardavam a chegada de máquinas pesadas para dar continuidade à restauração da estrada.
Voltando ao lugar no dia 27 pela manhã, a reportagem encontrou as máquinas trabalhando num trecho acima, restaurando a velha estrada de terra que é usada para escoamento de gado das fazendas locais.
Uma das grandes fazendas beneficiadas diretamente pela obra é a Areias, que pertence a um consórcio formado, na maioria, por parentes de João Krampe Amorim dos Santos.
Nas obras trabalhavam duas máquinas pesadas e cinco caminhões basculantes, alguns com chapa oficial do Governo do Estado e adesivo colado nas portas onde se lê "Pro-Vias". Esse programa é destinado à restauração permanente de estradas do MS. Em trechos da obra, não se trata, apenas, de nivelamento da pista. A estrada está sendo aterrada, aplainada e depois compactada.
Informações recolhidas junto aos pecuaristas afirmam que o lado posterior à entrada da fazenda Areias, em direção a Bonito, já passou por obras. Na mesma situação está outra fazenda que, segundo os mesmos produtores rurais, também seria da família Amorim. É a fazenda Jacaré de Chifre, que fica na atual estrada estadual Murtinho - Bonito. De fato, a reportagem constatou algumas pontes de madeira recém reformadas depois de cruzar a entrada da "Jacaré de Chifre".
Empreiteiro já foi investigado como caixa de campanha
Conhecido empreiteiro de Campo Grande, dono da Proteco, Amorim foi investigado pelo Ministério Público Estadual e a Polícia Federal como caixa de campanha de André Puccinelli, em duas ocasiões diferentes, uma na eleição para o segundo mandato à prefeitura de Campo Grande, e outra para na reeleição do governador.
Na prefeitura, a investigação se centrou em empresas que supostamente faziam um "caixa dois" com a finalidade de alavancar recursos para cobrir gastos eleitorais de Puccinelli.
Uma delas, chamada MBM, em nome da ex-mulher Marinês Bertagnolli e parentes, segundo as denúcnias, vencia licitações depois denunciadas como direcionadas. Quem revelou os bastidores da trama foi a prórpia ex-mulher de Amorim, em carta registrada em cartório de São Paulo.
Com essa empresa, atuavam mais duas: a AS e a Engecap. O caso teve grande repercussão porque a Engecap usou nomes de garis que, como laranjas, desconheciam a manipulação.
Na denúncia do MPE, por fraudes em licitação, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa figuravam os nomes de André Puccinelli, Edson Girotto (então secretário de Obras de Campo Grande) e um sócio italiano de nome Eolo Ferrari.
Contra Amorim, houve denúncia de sonegação fiscal e falsificação de contrato social. Mauro Cavalli, hoje um dos maiores pecuaristas do MS, à época chefe do setor de licitações da prefeitura, também foi denunciado.
Ministério Público Federal e Procuradoria da República deram andamento às denúncias
Até hoje, o governador responde dois processos no STJ sobre as denúncias, a APn 664 e 665. Os processos estão com a ministra do STJ Nanci Andrighi, depois de serem transformados em ações penais, no começo do ano. O prazo de prescrição das acusações contra o governador está suspenso até que o governador deixe o cargo porque, por enquanto, O STJ encontra-se impedido de dar continuidade ao processo, sem autorização formal da Assembléia Legislativa.
Mesma denúncia apareceu na Operação Uragano
No meio da tramitação desse primeiro caso, surgiu uma segunda investigação envolvendo o empreiteiro, depois das gravações da Operação Uragano, feitas pelo jornalista Eleandro Passaia. Um trecho revelou que o empreiteiro continuava como caixa de Puccinelli, fazendo pagamentos no escritório da Proteco, no Edifício Quinta Avenida, em Campo Grande, o mesmo da antiga MBM.
Na gravação, Passaia reproduziu uma fala do ex-secretário adjunto da prefeitura de Dourados, Dilson Deguti:
"Rapaz, quando eu precisei de dinheiro do André Puccinelli, ele mandou falar com esse João Amorim, que ele disse que fica no nono andar".
Pecuaristas indignados com a não aplicação do Fundersul para toda a região
Segundo cálculos do presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Porto Murtinho, Italício Coelho, o município movimenta cerca de 500 mil cabeças de gado por ano, o que resulta na média de R$ 2.8 milhões pagos ao Fundersul. "Mas em como as estradas estão muito precárias, nós deixamos essa pergunta no ar: para onde está indo o dinheiro? A gente não sabe, não há transparência", afirma ele.
De motoristas ouvidos pela reportagem, que conhecem as estradas como a palma da mão, só queixas. "Pontes caindo", "eixo cardam quebrado", "bois machucados de tanto bater na lataria do caminhão", "gado que morre no caminho"ou " tá tudo esburacado" foram as expressões corriqueiras.
Além disso, a reportagem de ontem mostrou a situação dos estudantes de uma comunidade rural, que diariamente viajam quase seis horas para ir e voltar da escola, no centro da cidade. A estrada estadual que percorrem não ajudam muito.