domingo, 26 de junho de 2011

Perda de mandato por desfiliação na pauta da CCJ

A reforma política voltará a ser tema da reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) na próxima semana. Na reunião de quarta-feira (29), os senadores apreciarão mais uma rodada de proposições elaboradas pela Comissão da Reforma Política. Um dos projetos que estão na pauta é o PLS 266/11, que prevê a perda de mandato para deputados e vereadores que se desfiliarem, sem causa justa, do partido pelo qual se elegeram.
O PLS 266/11 foi lido na última sessão da comissão e deve ser votado em decisão terminativaÉ aquela tomada por uma comissão, com valor de uma decisão do Senado. Quando tramita terminativamente, o projeto não vai a Plenário: dependendo do tipo de matéria e do resultado da votação, ele é enviado diretamente à Câmara dos Deputados, encaminhado à sanção, promulgado ou arquivado. Ele somente será votado pelo Plenário do Senado se recurso com esse objetivo, assinado por pelo menos nove senadores, for apresentado à Mesa. Após a votação do parecer da comissão, o prazo para a interposição de recurso para a apreciação da matéria no Plenário do Senado é de cinco dias úteis. . Relator da proposta, o presidente da CCJ, Eunício Oliveira (PMDB-CE), apresentou emenda limitando a perda de mandato aos políticos eleitos pelo sistema proporcional, ou seja, deputados federais, estaduais e vereadores. Aqueles eleitos pelo sistema majoritário (presidente e vice-presidente da República, governadores e vice-governadores, prefeitos e senadores) poderiam mudar de partido, sem perda de mandato, desde que a legenda integrasse a coligação pela qual foi eleito. A matéria teve pedido de vistaSolicitação feita pelo senador para examinar melhor determinado projeto, adiando, portanto, sua votação. Quem concede vista é o presidente da comissão onde a matéria está sendo examinada, por prazo improrrogável de até cinco dias. Caso a matéria tramite em regime de urgência, a vista concedida é de 24 horas, mas pode ser somente de meia hora se o projeto examinado envolve perigo para a segurança nacional. coletivo.
De acordo com a proposta, são motivos aceitáveis para transferência de legenda sem punição a incorporação ou fusão do partido; a criação de novo partido; mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; e ainda grave discriminação pessoal.
Referendo sobre mudanças
Também na pauta da CCJ estão três propostas de emenda à Constituição que fazem parte do pacote da reforma política. A PEC 42/11 propõe uma medida formal para alteração na legislação eleitoral: a exigência de um referendo popular para que qualquer mudança no sistema eleitoral entre em vigor. O relator da proposta, senador Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou voto favorável à matéria, que teve pedido de vista coletiva na última reunião da comissão. A justificativa da proposta é incluir a população na decisão da reforma política.
Já a PEC 40/11 proíbe coligações partidárias nas eleições proporcionais - para deputados federais, estaduais e vereadores. Relator na CCJ, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) deu voto favorável à medida, com rejeição de emenda apresentada pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). A proposta do senador pelo Sergipe era manter a proibição de coligações, mas permitir a criação da Federação de Partidos - entidade formada por legendas com identidade programática, registro na Justiça Eleitoral e funcionamento parlamentar conjunto por ao menos três anos.
A PEC 40/11 recebeu ainda voto em separadoRelatório elaborado por um parlamentar como alternativa ao texto do relator formal de determinada matéria. É apresentado quando um senador discorda do relatório apresentado. Somente é votado quando o relatório oficial é rejeitado. do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), contrário à sua aprovação. O senador argumenta que há coligações decorrentes de "afinidade programática entre os partidos" e que sua proibição só ocorreu na época da ditadura. "Se há problemas, vamos alterar a legislação com o objetivo do seu aperfeiçoamento, mas o Congresso Nacional não pode aprovar o retrocesso", diz o senador na justificativa de seu voto.
À espera de relatório na CCJ, está a PEC 43/11, que institui o sistema eleitoral proporcional de lista fechada nas eleições para a Câmara dos Deputados. A proposta tramita em conjunto com a PEC 23/11, que prevê realização de eleições internas diretas nos partidos políticos para a escolha de candidatos aos cargos eletivos - que viriam a compor a lista preordenada para as eleições. O relator da matéria é o senador Romero Jucá. Depois de aprovadas na CCJ, as PECs seguem para votação em Plenário.
Cláusula de desempenho e financiamento público
Na pauta da comissão, à espera de relatório, estão ainda o PLS 267/11 e o PLS 268/11. Elaborado pela Comissão da Reforma Política, o PLS 267/11 torna critério permanente a cláusula de desempenho para funcionamento parlamentar e para o acesso ao rádio e à televisão, corrigindo um vácuo legal sobre o tema.
Pela norma, é concedido funcionamento parlamentar aos partidos com, no mínimo, três representantes de diferentes estados - facultado à Mesa a decisão sobre partidos com número inferior a este. Já para acesso às redes de comunicação, o tempo a que a legenda tem direito no rádio e na TV varia conforme sua representatividade na Câmara.
O PLS 267/11 tramita em conjunto com o PLS 29/11, do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que pede a exclusão do cálculo do tempo de propaganda em rádio e TV dos minutos correspondentes aos partidos que não têm candidatos na disputa a que se refere aquela propaganda. O relator das propostas é o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
O PLS 268/11 dispõe sobre o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais. A proposta tramita em conjunto com o PLS 373/08, do senador Alvaro Dias, que permite a doação de recursos financeiros para campanhas eleitorais por meio de cartões de pagamento. Os projetos serão apreciados em decisão terminativa na CCJ.
A reunião da CCJ está marcada para as 10h de quarta-feira (29), na sala 3 da ala Alexandre Costa.

Morre o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza

O ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza, 65 anos, morreu na noite deste sábado (25) após sofrer um infarto fulminante na cidade de São Roque, interior de São Paulo, onde passava o feriado de Corpus Christi em um hotel da cidade. Segundo informações da assessoria do governo do Estado de São Paulo, Paulo Renato chegou a ser socorrido, mas não resistiu.




O velório será realizado neste domingo (26) na Assembleia Legislativa de São Paulo, a partir das 10h. No Twitter, o ex-governador de São Paulo José Serra lamentou a morte de Paulo Renato. "Foi-se Paulo Renato, meu querido amigo, um dos maiores homens públicos do Brasil. Foi um grande secretário e um grande ministro da Educação", escreveu Serra.



Assim como Serra, outros políticos lamentaram a morte do ex-ministro. "Grande perda para o Brasil e para os amigos o falecimento do Paulo Renato de Souza" , escreveu o secretário estadual da Cultura de São Paulo, Andrea Matarazzo. "Estou chocado com a perda do amigo Paulo Renato Souza, o melhor chefe que tive em toda minha vida! Ministro da Educação de FHC", escreveu o coordenador de Comunicação da Secretaria de Transportes Metropolitanos, Raul Christiano.



Paulo Renato Souza Nascido em Porto Alegre, Paulo Renato era formado em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Um dos fundadores do PSDB, foi Ministro da Educação no governo Fernando Henrique Cardoso (entre 1995 e 2002) e Secretário de Educação do Estado de São Paulo no governo José Serra (entre 2009 e 2010) e no governo Franco Montoro (entre 1984 e 1986). Dentre as suas maiores realizações à frente do ministério da Educação estão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Na década de 80, foi reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Na década de 70, Paulo Renato foi especialista das Nações Unidas em questões de empregos e salários. Ele também foi vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Washington. Atualmente, o ex-ministro não ocupava nenhum cargo público e atuava como consultor, principalmente em projetos ligados à educação, em empresas da iniciativa privada.