quinta-feira, 2 de junho de 2011

Perda de gado aumenta no Nabileque e criadores reclamam do governo de MS

A retirada da primeira boiada da região conhecida como “ilha”, no Nabileque, depois que os próprios pecuaristas e peões arrumaram pontes por conta própria, mostra o resultado de um desastre anunciado, desde que as suas reivindicações por ajuda do governo do estado, através do Fundersul, não foram atendidas. O Fundersul é um imposto cobrado de produtores rurais quando transitam com o gado entre propriedades rurais. O imposto tem a finalidade legal de reconstruir estradas vicinais e pontes de madeira, e esse era o caso por aqui, pontes velhas e um aterro de quatro Kms destruído e inundado, ao lado do rio Nabileque.
Foi uma boiada média, de 600 cabeças, em uma região onde mais 30 mil animais terão que cruzar o mesmo lugar, às vezes em lotes de 1.500, 1.700 bois, vacas e bezerros. A cada passagem, o aterro e as pontes pioram.
Os peões das comitivas, depois de consertarem as pontes, agora estavam dentro de barcos para evitar afogamentos. Os que da comitiva conduziram a boiada com medo, depois que um deles caiu do burro, sob o gado, e foi salvo do afogamento porque se agarrou no rabo de uma vaca e saiu d’água, com o resgate de um companheiro.
Nada disso teria ocorrido se o aterro que liga pontes e fazendas de gado tivesse manutenção, antes das cheias do Pantanal. Como as velhas máquinas que Fundersul na região não apareceram, o gado foi retirado na marra, com raça e a coragem de quem está acostumado com a dura lida das comitivas. Mas as perdas foram inevitáveis. E faltam ainda milhares de cabeças de gado para sair do Nabilique.

Em Três Lagoas, pecuaristas reclamam de estradas intransitáveis apesar do Fundersul

Extensos areais, crateras profundas, pedras pontiagudas. Percorrer a MS-320, uma das principais vias para escoamento da produção de grãos e gado do nordeste de Mato Grosso do Sul, é aventurar-se no perigo. Em meio a carros e caminhões quebrados, pecuaristas e agricultores questionam o destino dos recursos arrecadados com o Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de MS (Fundersul) – calculado sobre o transporte de animais, da produção agrícola e de combustíveis e derivados de petróleo.
Para Cláudio Totó Garcia de Souza, pecuarista na região do Alto Sucuriú, morador de Três Lagoas, ira até a fazenda virou viagem longa, cansativa e com custo alto. “A estrada nunca esteve tão ruim. Perdi a conta de quantos carros quebrei tentando chegar à propriedade. Antes, eu percorria os 140 quilômetros até a sede. Agora uma das opções com, no mínimo, 100 quilômetros a mais, para não ficar na estrada, é ir de Três Lagoas até Água Clara e voltar pela MS-377, até a entrada do Alto Sucuriú, que vai até o município de Paraíso”, desabafa o produtor rural.
Para Cláudio Totó, os impostos que paga pelo Fundersul não estão sendo aplicados para melhorar as rodovias que ele utiliza. “Nós que pertencemos a esta região e lutamos para aprimorar a produção, nos sentimos esquecidos pelo Governo do Estado, tal como a principal rota para escoamento de nossa produção. E mesmo assim continuamos pagando todos os impostos que nos cobram”, questiona.
Necessidade
O presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas, Domingos Martins de Souza, alega que, por diversas vezes, entrou em contato com a Agência Estadual de Gestão de Empreendimento (Agesul) e expôs a situação da MS-320. Porém não obteve resposta.
“Todos os dias têm pecuarista ou agricultor que nos procura para reclamar da situação da estrada. Não estamos nem pedindo asfalto ao Governo, mas sim que pelo menos a torne transitável, pelo que pagam pelo Fundersul”, exclama o presidente do sindicato.
Segundo Domingos, a ligação de Três Lagoas com o município de Paraíso, um dos maiores produtores de grãos do Estado, é de extrema necessidade. “Temos aqui a Cargil, grande processadora de grãos. A industrialização da safra não teria que percorrer longas distâncias, o que geraria economia em todas as fases da produção. Além de que, Três Lagoas é porta de saída para os portos de Paranaguá e Santos”, explica.
Atrasos e perdas
Buscar gado para levar ao frigorífico, em caminhão boiadeiro, na Fazenda Santo Antonio do Pontal, pertencente a Luis Antonio Guerra, a 100 quilômetros de Três Lagoas, demora, em média, quatro a cinco horas.
Para esse pecuarista, a comercialização do gado se torna cada vez mais onerosa e com pouca lucratividade diante da ineficiência do Poder Público Estadual.
“Temos que vacinar, zelar e alimentar o gado. Quando é o momento de vendermos para que tenhamos, pelo menos, um lucro compatível com o trabalho que isso dá, nos deparamos com a estrada intransitável para que o animal chegue inteiro até o frigorífico”, confere.
De acordo com Luís, a perda começa com o sacolejar das reses no caminhão.
“Agora é momento em que os pecuaristas vendem o gado para evitarem animais em demasia no pasto na época da seca, que começa em junho. Entretanto, como a estrada está nestas péssimas condições, as reses se machucam pelo caminho, em meio aos buracos e areais que o caminhão tem que atravessar. Todos os ferimentos na carne são descartados pelo frigorífico. Não tenho como mensurar o valor dos prejuízos”, aponta o pecuarista.
Última manutenção: agosto/2010
O pecuarista conta que no ano passado, em meio à seca, fizeram uma pequena manutenção na MS-320. “Porém não resolveu, pois logo vieram as chuvas e acabaram com toda a estrada”.



Ainda segundo Luis Guerra, os trabalhadores da Agesul informaram que tinham que utilizar a verba que havia vindo para isso. “Eles ainda disseram que o Governo não iria gastar mais nada até março, porém já estamos em maio e ninguém veio depois disso. É duro pagar o Fundersul e ter estrada assim”, completa.






Moradores de Porto Murtinho reclamam da falta de estradas

Produtores rurais e moradores das comunidades distantes de Porto Murtinho encaminharam ao Midiamax a denúncia de que o estado de conservação das estradas estaduais no município é tão precário que torna quase impossível trafegar por elas sem passar por horas e horas de solavancos e quebra de veículos.
Para conferir a denúncia, a reportagem acompanhou o verdadeiro drama enfrentado por todos os que trafegam nas vicinais da cidade, quer sejam estudantes, caminhoneiros ou produtores rurais.
Quem mais sofre, de fato, são as crianças. Ainda de madrugada, elas deixam suas casas na zona rural em torno de quatro horas da madrugada, para chegar na escola às sete da manhã. A reportagem acompanhou o ônibus escolar e foi possível ver de perto aquilo que os estudantes enfrentam no ano inteiro, num trecho de 46 quilômetros.
A estrada estadual é tão esburacada que o trajeto dura aproximadamente três horas na ida e mais três horas na volta. Assim, são quase seis horas diárias de chão mal batido, para cursar o ensino fundamental.
Nesse tempo, daria para se fazer uma viagem de Campo Grande a Porto Murtinho, com 454 quilômetros, e com alguma folga. Isso, quando não chove, porque aí é impossível transitar. Ou quando o ônibus não quebra no meio do caminho e da escuridão.
As crianças e adolescentes que fazem o percurso não têm uma vida normal porque precisa acordar de madrugada, dorme à tarde, depois das aulas, e voltam à dormir cedo. Mal estudam e mal aproveitam a infância e a juventude.
Governo do MS tem dois programas para estradas estaduais
O governo estadual tem pelo menos dois programas criados para recuperar as estradas do MS, o chamado Programa de Melhorias das Vias Estaduais (Provias) e Fundersul.
O Fundersul é um imposto cobrado de produtores rurais e pecuaristas, com o qual o governo estadual estima arrecadar cerca de R$ 176 milhões neste ano.
Os pecuaristas pagam pela movimentação de gado cerca de R$ 7,00 por cabeça de boi maduro e R$ 4,00 por bezerro. No município de Porto Murtinho existem cerca de 800 mil cabeças de gado, das quais cerca de 500 mil pagam o Fundersul quando são movimentadas, segundo o sindicato dos produtores rurais da cidade.

Produtor arruma estrada com recurso próprio e questiona Fundersul em rodovia de MS

Indignado com a situação de uma estrada próxima ao município de Rochedo, a 89 km de Campo Grande, um produtor rural da região tomou uma atitude drástica: reformou a via com dinheiro do próprio bolso.
Delvo Baseggio, dono da Fazenda Guanabara, também fez questão de mostrar publicamente sua revolta, colocando uma faixa a 8 km da entrada de sua propriedade, às margens da rodovia MS-080, contando que teve de fazer o que é responsabilidade do Governo Estadual: “Estrada recuperada com recursos da Fazenda Guanabara, onde está o imposto Fundersul”, diz o letreiro que chama a atenção de quem passa pelo local.
O produtor se referia ao Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de Mato Grosso do Sul (Fundersul), criado há 12 anos, após aprovação pela Assembleia Legislativa, em 1999. O recurso captado por meio do Fundersul, pela ideia original, deve ser aplicado na manutenção de estradas e pontes.
Porém, mesmo tendo sido criado para um fim definido, o imposto vem gerando diversas críticas em todo estado, principalmente pelo fato de produtores pagarem cerca de R$ 4,00 por cabeça de gado, e mesmo assim não terem condições mínimas de transporte dos animais. O Midiamax já relatou o drama de pecuaristas pelo Estado. (Veja notícias relacionadas abaixo)
A estrada arrumada com dinheiro do fazendeiro serve para escoamento da produção de leite, gado e agrícola de inúmeras propriedades rurais da região.

O Fundo foi aprovado por meio da Lei n° 1963, de 11 de junho de 1999, pela Assembleia Legislativa. É um tributo cobrado dos produtores pelo transporte de produção agrícola, combustíveis e de animais, com o objetivo da manutenção das estradas. O Governo Estadual estima arrecadar cerca de R$ 176 milhões com o Fundersul somente neste ano.