segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Suposta falsificação de provas produzidas por Puccinelli será debatida na Câmara Federal

Na próxima quinta-feira, 9 de dezembro, às 9 horas, a Comissão de Legislação Participativa da Câmara Federal realizará audiência pública com o tema “Operação Vintém e o atentado contra o deputado Semy Ferraz”. O evento será no Plenário 3 do anexo II da Câmara.


A “Operação Vintém” investiga o governador André Puccinelli (PMDB) e pessoas próximas como o ex-secretário de Obras, Edson Girotto, por supostamente terem forjado denúncias junto à Justiça Eleitoral e à Polícia Federal de compra de votos contra Semy nas eleições de 2006.
Na época foram apreendidos inúmeros ‘santinhos’ do candidato grampeados com notas de R$ 20 que teriam sido colocados no carro de um assessor de Semy para supostamente forjar um flagrante. A “Operação Vintém” também investiga a possível aplicação de recursos não-declarados para campanha eleitoral.
Além da investigação criminal que corre contra o governador, Semy ingressou com uma ação judicial pedindo reparação de danos por ter perdido as eleições de 2006. Ele pleiteia R$ 2 milhões a título de indenização.
Na última vez em que foi questionado sobre o assunto, no sábado, dia 27 de novembro, na pré-inauguração do Shopping Norte Sul, em Campo Grande, Puccinelli reagiu com ofensa ao ex-deputado. Disse à reportagem que o caso estava sendo avaliado pela Justiça e pediu para não ser questionado com perguntas sobre “o delinqüente do Semy”.
Em resposta, o ex-deputado disse apenas que não entraria em baixaria. Via Twitter, Semy cobra ainda Justiça “na sacanagem e agressão que ocorreu com a doação em pagamento da Área do Papa”. Saiba mais sobre a Operação Vintém nas notícias relacionadas.

CNJ leva até cheque endossado por deputado estadual entre provas das denúncias em MS

A inspeção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no judiciário de MS resultou em 210 denúncias que serão investigadas e devem ter um relatório até fevereiro, segundo estimativa da corregedora nacional de justiça, Eliana Calmon. Mas o efeito da visita deve atingir principalmente os poderes executivo e legislativo.

Envolvidos em um escândalo de corrupção com suposto mensalão que, segundo o próprio primeiro-secretário da Assembleia Legislativa de MS, deputado Ary Rigo, distribuiria propinas para o governador André Puccinelli (PMDB) e deputados estaduais, os poderes em Mato Grosso do Sul enfentam a maior crise institucional na história de MS.
Em um dos pacotes de acusações coletivas montado a partir da audiência pública, presidida pela corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, aparece até um cheque endossado por um deputado estadual, tendo como portador um desembargador. A reunião ocorreu na quarta-feira passada (1º), com a presença de quase mil pessoas, interessadas no destino das denúncias que atingem negativamente os três Poderes do Estado.
"O mais importante para mim é o comportamento funcional dos membros do Judiciário", disse Eliana. "As demais questões serão encaminhadas para o Ministério Público Federal, porque o Conselho Nacional de Justiça é um órgão administrativo, não manda prender ninguém, não altera ou cancela sentenças. Nossa missão é com o aprimoramento do Judiciário.''
A ministra esclareceu ser a primeira audiência pública do gênero que preside em toda sua carreira. "Espero voltar a Mato Grosso do Sul para dizer que está tudo correto em relação ao trabalho dos desembargadores. Não é meu desejo ver alguém exemplarmente punido."
Se comprovadas as irregularidades, a pena "máxima" sugerida pelo CNJ ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) é de aposentadoria compulsória.
Desde junho de 2005, ocorreram 41 punições pelo CNJ. Foram 19 aposentadorias compulsórias, 6 colocados em disponibilidade, uma remoção compulsória e 15 afastamentos cautelares para desembargadores.
Clima
Os magistrados do TJ, ainda segundo as denúncias feitas ao CNJ, são acusados em dois casos de favorecimento, tráfico de influência e nepotismo. Conforme observação da ministra, os magistrados não parecem preocupados com as acusações: ''Eu achei, pelo menos aparentemente, os desembargadores muito tranquilos."
Com relação ao governador André Puccinelli (PMDB) e os deputados estaduais, ela os considerou "frios, indiferentes à presença do CNJ no Estado".
A questão do "mensalão" estadual passou pela comissão de ética da Assembleia, mas ainda não foi instaurado sequer procedimento para a apuração da denúncia. O dinheiro supostamente saía das sobras do duodécimo repassado pelo governo do Estado para a Assembleia. Mensalmente, no balanço geral das contas pagas, a sobra não seria devolvida aos cofres públicos, mas divididas entre os participantes do "mensalão".
Coincidentemente, logo após o escândalo do suposto mensalão com dinheiro público repassado para a Assembleia estourar, o presidente da Mesa Diretora da ALMS, deputado estadual Jerson Domingos admitiu que, de repente, passou a "sobrar" dinheiro no legislativo sul-mato-grossense.
À imprensa, a assessoria Puccinelli tem se limitado a repetir que o governador já teria autorizado a quebra de seu sigilo bancário e telefônico. Ele chegou a mudar de versão na tentativa de explicar a citação textual nas denúncias de Ary Rigo, que contou como funcionaria o esquema sem saber que era gravado durante investigação da Polícia Federal.

O Tribunal de Justiça distribuiu nota informando que "aguarda as providências que já foram adotadas pelo Ministério Público Estadual com base em documentos obtidos pela Polícia Federal". (Com informações do jornal O Estado de S.P.)