sábado, 11 de setembro de 2010

Coligação "A Força do Povo" pede cassação de Puccinelli por abuso de poder político

A coligação “A Força do Povo” entrou no Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MS) com pedido de cassação do registro de candidatura de André Puccinelli ao governo do Estado, bem como de sua vice, Simone Tebet, pela coligação “Amor, Trabalho e Fé”, além da inegibilidade de ambos por oito anos.

A acusação é de abuso do poder político, baseada utilização maciça de publicidade institucional para fins de promoção pessoal de André Puccinelli e de sua gestão. Os advogados da coligação “A Força do Povo” anexaram ao pedido todas as transcrições dos programas veiculados em emissoras de televisão entre os meses de novembro e junho, período em que os fatos relatados estariam evidentes.
De acordo com a lei nº. 9.504/97, é proibido aos agentes públicos fazer uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação. A simples veiculação de propaganda institucional não gera ilegalidade, mas a acusação enfatiza que esta “deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.
Outro ponto explorado pelos advogados da coligação “A Força do Povo” diz respeito à publicação de notícias no site oficial do governo do Estado. A página na Internet veicularia fatos com destaque à atuação do governador, “bem como de eventos e fatos políticos que têm influencia direta no pleito de 2010”.
As agendas escolares distribuídas entre os mais de 300 mil estudantes da rede estadual de ensino também foram alvo da acusação. Nelas, há a fotografia de André Puccinelli e uma mensagem destinada aos alunos, o que para os adversários seria uma “maciça promoção pessoal”.
Essas práticas, segundo os advogados, provocariam desequilíbrio na disputa eleitoral e maior captação de votos por parte do candidato peemedebista.
A ação de investigação judicial eleitoral (AIJE) pede concessão de liminar para a retirada de notícias publicadas no site do governo do Estado e que se refiram aos investigados. Também é solicitado que o governo apresente os contratos de publicidade institucional veiculada na televisão.

NO JOGO

A renúncia do vice-prefeito Edil Albuquerque à vaga de suplente na chapa do vice-governador Murilo Zauith ao senado traz ao conhecimento do eleitor, em geral, o que já se notava nos bastidores da disputa eleitoral.

A candidatura de Murilo Zautih jamais foi do interesse da cúpula do PMDB, especialmente do governador, a despeito de suas declarações aqui e acolá para disfarçar suas reais intenções.
Aliás, Murilo, representante do segundo maior colégio eleitoral do Estado no governo atual, foi alijado do atual processo eleitoral desde a primeira hora. Não foi convidado a continuar como vice e muito menos consultado se concordaria em desocupar a vaga.
Com o cacife de representar o segundo maior colégio eleitoral do Estado e trazer consigo, como presidente regional do DEM, expressivo tempo de televisão, lutou solitariamente para confirmar sua candidatura.
Com habilidade, e antevendo que não teria na coligação igualdade de disputa com o seu companheiro de chapa, o deputado federal Moka, cobrou do governador a indicação para seu primeiro suplente um nome que identificasse e representasse o compromisso de Puccinelli com sua eleição.
E esse processo foi marcado por disputas e desconfianças, com o próprio Edil, antes de aceitar ser o primeiro suplente, ter anunciado rompimento político com Puccinelli, fazendo críticas ao seu modo de fazer política.
Nas hostes peemedebistas comenta-se que a decisão de “sacrificar” definitivamente Murilo-Edil seria caso de vida ou morte, pois haveria o entendimento de que só seria possível trabalhar pela eleição do candidato do partido, o deputado Moka, se a coligação tivesse apenas um candidato ao senado.
Edil atribui sua saída à falta de lealdade partidária com a chapa da qual participava. Sua saída deixa Murilo isolado, “abraçado” com sua Dourados. Independente da motivação, a renúncia de Edil atende ao desejo do PMDB.
Murilo, ontem, jogou o problema para os “adversários”, falou em crise no PMDB e disse que continua sua campanha, deixando claro que segue no jogo.
A persistir resistente, até o fim, no seu jeito quieto, mas astuto, Murilo não só segue no jogo, mas pode, de um aparente enfraquecimento imediato, passar a ser o fiel da balança na eleição ao senado e ao governo.
Nesse aspecto, o fator Artuzi poderá influenciar. Afinal, na festa na qual anunciou sua aliança com Puccinelli e Moka o prefeito ignorou a presença de Murilo.
Para tanto, será preciso saber como reagirão os eleitores da região da grande Dourados, que sonham em ter um representante no senado, ao ver o candidato que simboliza esse anseio ser massacrado abertamente por seu “maior aliado” político.

Construtoras implicadas na Uragano são “generosas” com prefeitos em campanha

Tanto na Capital quanto nas duas principais cidades do Estado, Três Lagoas e Dourados, as construtoras são generosas com doações eleitorais para os candidatos a prefeitos que foram eleitos nas eleições de 2008.

Em Campo Grande, o prefeito Nelson Trad Filho recebeu de todas as empreiteiras que o "ajudaram" durante a campanha para chegar à prefeitura, o valor total de R$ 2.307.000,00 (dois milhões, trezentos e sete mil reais) como doação oficial.
A maior doadora da campanha do prefeito Nelsinho foi a CGR, que teve o dono Carlos Gilberto Recalde preso na operação “Uragano” deflagrada em Dourados na semana passada.
A Financial, que também teve o dono Antonio Fernando de Araujo Garcia preso no escândalo, doou num total de R$ 284 mil. As doações foram feitas em nome da Financial (R$ 150 mil), Mineração Financial (R$ 84 mil) e da Anfer, onde Antonio Fernando é cotista (R$ 50 mil). Naquele ano, a empresa ganhou a licitação para construção do aterro sanitário de Campo Grande, cujo a obra foi avaliada em R$ 4 milhões, mas ainda não foi concluída.
Em Dourados, a CGR Engenharia, doou a campanha de Artuzi R$ 120 mil e em Três Lagoas a empresa também foi generosa com a campanha da ex-prefeita e agora candidata a vice-governadora Simone Tebet. A empreiteira doou R$ 40 mil em nome da CGR e mais R$ 47 mil em nome da Pedreira CGR. A Financial fez uma doação de R$ 48 mil para a campanha vitoriosa de Simone em Três Lagoas. E também a Anfer construtora fez a doação de mais R$ 30 mil.

Jornalista cita senador e deputados em livro sobre operação Uragano

Motivou um certo desconforto político o lançamento do livro “A Máfia do Paletó”, operação Uragano, do jornalista Eleandro Passaia, que atuou como espião da Polícia Federal na investigação que resultou na prisão de 28 pessoas, entre as quais as principais autoridades políticas da cidade de Dourados.

Num trecho da obra, o jornalista diz que “deputados federais e senadores” também estariam implicados no esquema de corrupção, supostamente chefiado pelo prefeito da cidade, Ari Artuzi, do PDT, ainda preso.
“A Secretaria de Obras é o negócio mais rentável do mundo do crime político”, escreveu Passaia. De acordo com o jornalista os políticos cobram do prefeito uma porcentagem dos recursos enviados ao município por meio das emendas parlamentares. Num dos capítulos, Passaia dedica a um suposto acordo envolvendo a prefeitura de Dourados e o senador Delcídio do Amaral, do PT.
O jornalista diz que por meio de gravações entregues à Polícia Federal, descobriu que o senador teria cobrado uma espécie de comissão sobre R$ 33 milhões, recurso destinado a construção de obras de drenagem numa região pobre de Dourados.
Ainda segundo a obra, nessa bolada dos R$ 33 milhões, uma parcela do dinheiro teria ido a um servidor de boa patente que trabalha no Ministério das Cidades, de onde saiu o recurso por meio de emenda de Delcídio.
O jornalista cita ainda os deputados federais Marçal Filho, do PMDB, Antonio Carlos Biffi, do PT, Geraldo Resende, do PMDB, Vander Loubet do PT, Dagoberto Nogueira, do PDT.
“Como não tenho provas, vou me ater as gravações entregues a Polícia Federal”, assim expressou o jornalista ao citar o suposto envolvimento dos parlamentares no esquema de fraude em licitações públicas em Dourados.
“O maior ator entre os deputados do Estado, em minha opinião, é o deputado Geraldo Resende, do PMDB”, escreveu o jornalista. “Soa tambor em praça pública para cobrar empenho no processo de licitação”, diz Passaia sobre o peemedebista. De acordo com o jornalista, o deputado cobrava sua parte do dinheiro “diretamente” com o dono da Planacon Construtora, o empreiteiro Geraldo de Assis.
O peemedebista Marçal de Souza, o jornalista assim narra: “um peixe grande que fatalmente vai morrer pela boca”. Passaia disse que Marçal “concordou” em desviar dinheiro da secretaria municipal de Saúde para quitar dívidas de uma emissora de rádio que comanda em Dourados.
Quanto à suposta participação do deputado federal Dagoberto Nogueira, do PDT, Passaia afirma que “a mando do chefe”, Sérgio Castilho, que seria assessor do parlamentar, sempre cobrava o direcionamento das licitações.
Walquiner Gonçalves França que, segundo Passaia, seria assessor de Antonio Biffi, do PT, “também fazia as mesmas exigências”.
Já o deputado federal Vander Loubet, também petista, a quem o jornalista chama de “super carismático”, nunca teria conversado com Passaia sobre dinheiro, mas, segundo ele, o parlamentar contava com um mensageiro, servidor público, cujo nome é citado no livro como Sandro Omar de Oliveira Santos.
"Censurado"

Um fato inusitado acompanha o lançamento do livro. Cinco páginas, em branco, com o carimbo "censurado". A censura às páginas que traziam o conteúdo sobre os parlamentares não decorreu, segundo o autor, de ordem judicial, mas por imposição da gráfica que teria alegado relacionamento com os parlamentares.