Na inauguração de 25 de novembro de 2011, o diretor-regional Ronaldo Perches, chegou a dizer que “a partir da próxima semana, o Hospital Regional coloca em funcionamento os novos setores”, sem especificar quais aqueles que não estavam prontos. Ou mais, “após a sua inauguração em novembro, o Hospital Regional contará com um dos maiores Centros de Terapia Intensiva do Brasil”.
A declaração foi feita no contexto do funcionamento geral das novas UTIs, de acordo com as publicações oficiais. A reforma foi inaugurada pelo governador em pessoa, ao lado da secretaria de Saúde, Beatriz Dobashi, e de Perches.
Como o prazo de funcionamento passou, mesmo o posterior, que falava em “60 dias depois da inauguração” ou “início de 2012”, a reportagem procurou saber, detalhadamente, junto ao diretor-geral do HR, qual seria o verdadeiro cronograma de funcionamento das UTIs.
A realidade mostrou que a coisa não é bem do jeito que foi mostrada.
Desaparelhadas, várias as alas inauguradas da UTI Adultas estavam desertas pelo menos até 2 de fevereiro, quando a reportagem do Midiamax já havia exibido imagens de salas novas e vazias, por um tempo muito superior ao informado na propaganda oficial.
Perches detalhou a real situação das UTIs depois de questionado
Questionado, em evento publico, antes do carnaval, o diretor-geral do HR relatou a situação geral das UTIs, responsabilizando fornecedores pelos atrasos.
Em relação ao Complexo Materno Infantil, Perches assegurou, literalmente,que ainda falta equipamentos.
"Nós temos dois espaços importantíssimos: o centro cirúrgico, com três salas, e três salas de parto. Esses não estão funcionando em sua plenitude, não é por falta de médico, nem de profissionais. É porque as camas cirúrgicas, compradas, a empresa pediu três prorrogações para entregar. Chegou semana passada. Os aparelhos de anestesia que você está adquirindo também não foram entregues”, garantiu.
Resumindo, o diretor-geral disse que “no Complexo Materno Infantil, as unidades intermediárias de UTI funcionam plenamente e o Canguru praticamente começa a semana que vem (agora). O Centro Obstétrico e o Centro Cirúrgico ainda não, a previsão vai mais uns trinta ou sessenta dias, estritamente pela falta de alguns equipamentos importantes, já comprados e que não foram entregues em tempo hábil".
“Então nós temos, hoje, uma ilha funcionando”
Perches fala das “ilhas”, compartimentos, que, segundo o governo do MS, serão lugares especiais, dentro da UTI, destinadas a abrigar tratamentos diferenciados.
“Nós temos quatro ilhas de 10 leitos. A primeira ilha foi a transferência da própria UTI que já existia”, afirmou Perches.
“A segunda ilha – continuou - a equipe está pronta, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, e o que aconteceu? Compramos 20 camas Fawler, elétricas, da Striker, que é a melhor do mercado, e a empresa pediu três ou quatro prorrogações para a entrega por causa das férias do final de ano”.
Na realidade, a conclusão do diretor foi mais esclarecedora. “Então nós temos hoje, uma ilha funcionando ( a que já existia e foi transferida). A equipe pronta, chegando os equipamentos, os monitores, já comprados, e as camas, entra a segunda”, afirmou Perches.
Faltava esclarecer a destinação de mais duas ilhas, as da UTI Adulto.
“A terceira ilha está recebendo toda a quimioterapia de adulto, que é paciente grave, uma vez que a quimioterapia lá embaixo está sendo reformada para ampliar a hemodiálise, e assim que estiver pronto (a reforma), nos vamos fazer outro módulo – a ilha do paciente de grandes cirurgias”, dise Perches.
Ou seja, a quimioterapia foi para o lugar da futura UTI porque o setor de hemodiálise, em reforma, ocupou o espaço da quimio.
Segundo a secretária Beatriz Dobashi, o hospital Regional vai também assumir a referência estadual em neurologia clínica, a ser instalada em outra ilha da UTI.
“Mas só fará isso depois que a obra de ampliação da hemodiálise ficar pronto dentro de 90 dias, 120 dias no máximo, porque os pacientes estão ocupando um espaço que futuramente será a enfermaria de referência do acidente vascular encefálico”, disse a secretária.
Segundo Perches, isso deve ocorrer no final do semestre, ou seja, mais quatro meses. Mas antes, a conversa era oficialmente outra, segundo declarações do dia da inauguração, transcritas pela assessoria de comunicação de Puccinelli, e distribuídas para toda a mídia.
“As reformas no HRMS estão incluídas no Plano Diretor de Obras para saúde definido em 2008. Desde então viemos buscando cada vez mais uma saúde de qualidade e estamos conseguindo. Ainda há mais reformas a serem concluídas no Hospital, entre elas as dos vestiários, lavanderia e as obras de ampliação do Pronto Socorro (PAM), que estão previstas para ser entregues no início de 2012”, afirmou a secretária de estado de saúde, Beatriz Dobashi.
“A partir da próxima semana o Hospital Regional coloca em funcionamento os novos setores. As obras de ampliação e a renovação do parque tecnológico mostram que o Hospital se torna cada vez mais uma referência no Estado e também, a preocupação do governo em melhorar a qualidade dos serviços oferecidos pelo Hospital,” destacou o médico e diretor-presidente do HRMS, Ronaldo Queiroz.