sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Aprovação alta do PT projeta bancada recorde

Partido mais popular do país desde o ano 2000, o PT reconquistou o apoio que havia perdido durante a crise do mensalão e hoje é apontado como a legenda preferida por 25% dos eleitores, patamar mais alto de sua história.


O partido, que chegou a ter 24% de preferência em dezembro de 2004, despencou para 15% em fevereiro de 2006, oito meses após a denúncia do mensalão.

A recuperação começou depois da reeleição de Lula. Em dezembro de 2009, o PT atingiu 25% de preferência popular, valor que permanece estável desde então (os números são do Datafolha).

A retomada da popularidade em ano eleitoral pode ser vista como indicador de aumento da bancada petista na Câmara dos Deputados.

Levantamento feito pela Folha mostra que há 20 anos existe grande correlação entre o índice de preferência do PT e o total de votos que o partido obtém para seus candidatos a deputado federal.

Se a correlação se mantiver na disputa deste ano, o PT poderá eleger mais de cem deputados federais.

Em 1990, segundo o Datafolha, 9% dos eleitores afirmavam que o PT era seu partido preferido. A legenda teve então 10,2% dos votos e elegeu 7% dos deputados.

Em 1994, com 13% de preferência, teve 12,9% dos votos e 9,6% de deputados; em 1998, 11% de preferência, 11,2% dos votos e 11,3% de deputados; em 2002, 20% de preferência, 18,4% dos votos e 17,7% de deputados; em 2006, 16% de preferência, 14,9% dos votos e 16,2% de deputados federais.

A diferença entre a preferência do PT aferida pelo Datafolha e o percentual de votos do partido nunca superou 1,6 ponto percentual.

Já a discrepância em relação às bancadas eleitas é maior (3,4 pontos), em razão das coligações partidárias e sobretudo das distorções na distribuição das cadeiras da Câmara entre os Estados.

Na década de 90, o PT era mais forte no Sul e no Sudeste. Com 60% do eleitorado, as regiões tinham 49,6% das vagas na Câmara. Daí por que o partido conquistava menos cadeiras que votos.

O crescimento nos anos posteriores ocorreu sobretudo no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que têm proporcionalmente mais vagas. Em 2006, a legenda conseguiu mais cadeiras que votos.

O PT também chegou aos grotões. Em 1993, estava presente de forma organizada em cerca de 40% das cidades; em 2009, em 96%.

OUTROS

PARTIDOS
A preferência partidária não é um indicador necessário de intenção de voto.
Se a regra parece valer para o PT, no caso dos outros partidos não é possível encontrar correlação. Em 2006, por exemplo, o PSDB elegeu 12,9% dos deputados, mas tinha 5% de preferência. Já o PP, com 1% de preferência, elegeu 8% dos deputados.
O PT hoje é exceção quando o assunto é preferência partidária. Metade dos eleitores declara não ter nenhum partido predileto.
As demais siglas têm índices bem menores. O segundo colocado é o PMDB, com 7%, seguido pelo PSDB, com 5%.

Senado aprova US$ 312 milhões em empréstimos para MS

O plenário do Senado aprovou no início da noite desta terça-feira, 3 de agosto, dois empréstimos no valor total de US$ 312 milhões para Mato Grosso do Sul. Os pedidos de financiamento já haviam sido aprovados de manhã pela Comissão de Assuntos Econômicos-CAE, em sessão presidida pelo senador Delcídio do Amaral (PT/MS) e foram encaminhados a apreciação do plenário em regime de urgência.

A mensagem nº 229 de 2010 autoriza o governo do estado a contratar operação de crédito externo no valor de US$ 300 milhões para financiar o Programa de Transportes e Desenvolvimento Sustentável de Mato Grosso do Sul. O empréstimo será feito junto ao Bancon Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD e tem o aval do governo federal. O outro financiamento, no valor de US$ 12 milhões, feito junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, se destina ao Programa de Modernização da Administração Tributária, Financeira e Patrimonial do Estado de Mato Grosso do Sul (PROFISCOMS).
Delcídio destacou a importância da aprovação dos empréstimos para o estado.
“É uma honra ter presidido a Comissão de Assuntos Econômicos em um momento tão importante quanto esse, quando se analisa um dos maiores financiamentos já concedidos a Mato Grosso do Sul. O desafio do nosso estado é logística, é infraestrutura, e nós vamos ter US$ 300 milhões para realizar obras que beneficiarão os pequenos, médios e grandes produtores rurais , os assentamentos e a população em geral. Além disso, tem mais US$ 12 milhões para aperfeiçoar a gestão pública.É uma vitória de todos nós, da bancada, do governo do estado, dos secretários e também do presidente Lula, que está junto conosco, dando o OK para que nós aprovássemos o empréstimo na CAE. Eu estou muito feliz , como sul-mato-grossense e como senador que representa o estado no Congresso Nacional”, disse Delcídio, que à tarde participou da mobilização realizada no plenário para aprovar as matérias.
Obras
O empréstimo para obras aprovado nesta terça-feira vai financiar o pacote MS Forte, lançado no ano passado pelo governo do estado. As obras, que serão contratadas em licitação internacional, estão divididas em 5 lotes : o primeiro prevê a pavimentação do trecho da MS-141 (Naviraí–Ivinhema- Angélica ) com 94 km de extensão. No lote II está a MS-145, do entroncamento com a MS-276 até o entroncamento com a Br-267, num trecho de 87 km. Já o lote III é composto pela MS-276, entre Indápolis e Deodápolis, com 62 km de extensão. O quarto lote prevê a reabilitação da rodovia MS-306 , entre Cantina Chapadão do Sul e Cassilândia, em um total de 143 km. O lote V é a reabilitação da rodovia MS-377, do entroncamento com a BR-262 até o entroncamento com a MS-112 , na altura do município de Inocência, num total de 128 km de extensão.
Para executar as obras, além dos US$ 300 milhões contratados através de empréstimo ao BIRD, o governo do estado entrará com uma contrapartida de US$ 75 milhões.

Justiça Eleitoral rejeita tentativa de censura ao Midiamax pedida por Delcídio do Amaral

A Justiça Eleitoral frustrou mais uma tentativa de censurar o Midiamax por meio de uma ação judicial movida pelo senador Delcídio do Amaral, candidato à reeleição pelo PT. Ele quis envolver o jornal em uma briga com o jornalista Nilson Pereira, mas a representação teve nova decisão favorável ao portal de notícias.

O senador entrou na justiça por discordar de críticas disparadas contra ele por Nilson, que mantém um blog no Midiamax. O parlamentar chegou a citar na ação que o jornalista teria vínculo empregatício com site na tentativa de estender a censura prévia ao conteúdo jornalístico do portal. Assim como outros articulistas-blogueiros, Pereira tem total liberdade editorial no espaço pelo qual é responsável.
Nilson Pereira, que foi multado em R$ 10 mil pela desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges, por criticar Delcídio, informou que vai recorrer da decisão e, por orientação do advogado de defesa, Antonio Trindade Neto, preferiu não comentar o caso.
“Confirmo a liminar deferida e no mérito julgo parcialmente procedente a representação intentada, somente no que toca ao representado Nilson Pereira”, disse a magistrada, negando o pedido do senador, que tentou culpar o Midiamax pelos comentários do jornalista e estender a ação ao jornal como forma de impor censura por meio de multas.
Já quanto ao jornalista, a desembargadora considerou que as manifestações de Nilson, quando realizada em blogs e redes sociais como o Twitter, podem ser consideradas propaganda eleitoral negativa.
“Desse modo, a livre manifestação do pensamento constitucionalmente conferida ao profissional do jornalismo, enquanto atue nessa qualidade, não configurará propaganda eleitoral (seja na modalidade positiva ou negativa), o qual se sujeitará ao direito de resposta e à representação. Contudo, a manifestação do particular que, embora exerça a profissão de jornalista, tenha se expressado em blogs, redes sociais e mensagens instantâneas pode configurar, sim, inquestionavelmente e de acordo com a normatização, propaganda eleitoral negativa ou positiva, sujeitando-se, desse modo, a representações como a presente”.
“Já no que toca ao outro representado, Jornal Eletrônico MIDIAMAX, o mesmo não se verifica, eis que, das veiculações constantes do blog trazidas ao feito (fls. 37/39 e 210/212) não se chega à ofensa verificada na rede social, pois muito embora os comentários feitos à fl. 37 estejam sob o título de traidor, nessa específica veiculação há esclarecimento concomitante a respeito das razões para adoção do designativo, referindo-se unicamente ao fato de o representante não apoiar a reeleição do candidato Zeca do PT. E na veiculação de fls. 210/212, embora adote linguajar irônico, menciona o presente processo e a decisão exarada, fatos esses verídicos, sem extrapolação ofensiva.”.
Assim, sobre o jornal, que expôs em sua defesa como tem cumprido a legislação vigente e o Código de Ética da profissão quando publica conteúdos jornalísticos relacionados aos candidatos concorrentes nas eleições 2010, a decisão da Justiça Eleitoral entendeu que não houve abusos, e por isso não houve aplicação de multa nem qualquer outra sanção.

Serra e Dilma polarizam debate, com foco em saúde e emprego

O primeiro debate entre presidenciáveis na TV, que ontem reuniu, na Band, os candidatos José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), acabou se transformando em um duelo entre os dois primeiros, que Serra tentou puxar para a saúde e Dilma para números e realizações do governo Lula.

Em um dos poucos momentos mais fortes, o tucano chamou de "cruel" o abandono dos mutirões de cirurgias pelo atual governo e a petista comparou os 14 milhões de empregos da era Lula com os 5 milhões do governo FHC.
Foi um confronto morno, sem emoção, a não ser nas curtas e duras críticas de Plínio aos demais. Dilma sobreviveu, com certo nervosismo e algumas frases longas e genéricas, ao seu primeiro grande teste público. Ao final do programa - que foi moderado por Ricardo Boechat, e tendo como perguntadores os jornalistas Joelmir Betting e José Paulo de Andrade - a petista conseguiu passar os avanços do governo Lula e Serra, além de exibir sua familiaridade com a saúde, prometeu "estatizar" de novo empresas como os Correios, que em sua opinião foram aparelhados pelo PT.
Os quatro responderam sem surpresas à primeira questão, sobre qual seria sua prioridade entre saúde, educação e segurança. Plínio advertiu que nesses três "há um problema de desigualdade social" a ser enfrentado "com firmeza". Marina, com voz rouca, ressaltou educação, "porque a desinformação é responsável pela falta de oportunidade", mas elegeu a saúde, "porque o brasileiro não pode esperar mais nenhum momento". Serra disse que os três "são como três órgãos do corpo humano" e já adiantou que "criará um ministério para a segurança pública". Dilma disse que uma gestão não pode ter a prioridade pedida na pergunta, "tem de atender aos três, que são os pilares de um governo".
O embate Serra-Dilma começou em seguida. O tucano "convocou" Dilma para citar "as posições concretas" sobre os três temas. Ela agradeceu a chance de retomar o assunto e mencionou as unidades de polícia pacificadora (UPPs) do Rio. Na réplica, Serra citou "a consulta e o exame", esquecidos nos projetos de saúde, e introduziu na conversa os mutirões de saúde - tema que tornaria a mencionar nas fases seguintes do debate, já que Dilma discordou deles, por "não serem políticas estruturantes".
Dilma reagiu introduzindo a comparação Lula-FHC perguntando a Serra "qual a aprendizagem" como oposição e como situação? Ele avisou que como oposição, nunca jogou "no quanto pior, melhor". E que tratou a oposição "como adversária, não como inimiga". Marina reclamou da incapacidade de PT e PSDB de um "realinhamento histórico".
Movimentos sociais. Plínio arrastou Dilma para uma longa discussão de desmatamento, código florestal e limite das propriedades e jornada de trabalho. A petista pediu "respeito aos movimentos sociais", dizendo que não é papel do governo determinar a jornada.
Dilma provocou Serra sobre empregos, perguntando com vai fazer, depois de um governo que criou 14 milhões de empregos formais. Ele reagiu. "Não tem de fazer campanha com olho no retrovisor", disse o tucano. E a petista: "Acho confortável que esqueça o passado, mas não acho prudente. Em plena crise, tiramos 24 milhões de pessoas da pobreza". O tucano escapou criticando o estado das estradas federais. E em seguida quis saber por que o governo federal "está discriminando" entidades como as Apaes. O ex-ministra caiu na provocação: Ele cobrou: "Você, como ministra muito forte, como deixou que isso acontecesse?"
Na fase das perguntas de jornalistas, Joelmir perguntou a Dilma sobre os altos juros cobrados pelo atual governo. "Ela explicou que, com a estabilidade, eles tendem a cair. E José Paulo de Andrade questionou Serra sobre privatizações. Ele disse que "o Brasil continua com a maior taxa de juros do mundo". E vendeu a "nota fiscal brasileira". Sobre privatizações, prometeu: "Vou valorizar o patrimônio público. Não vou arrebentar empresas importantes, como os Correios."

Para Vander, com vinda de Temer, Dilma supera Serra aqui em MS

O deputado federal Vander Loubet, do PT, disse que a vinda do também deputado Michel Temer, do PMDB, o vice da presidenciável Dilma Rousset, do PT, marcada para o dia 13, semana que vem, deve mudar o histórico eleitoral em Mato Grosso do Sul, Estado que desde a primeira eleição de Lula, deu vitória a candidatos do PSDB, como para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o atual candidato tucano José Serra e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin.

O parlamentar acha que nesta disputa Dilma já estaria empatada com José Serra e que com a vinda de Temer, que vai pedir votos a petista, a presidenciável deva “virar o jogo desta vez”.
Loubet disse que o PT não nutre pretensões quanto ao candidato à vice pedir votos para Zeca do PT, candidato ao governo, mas assegurou que o peemedebista não deva também pedir votos ao governador André Puccinelli, candidato à reeleição do PMDB.
“Ele [Puccinelli} não é Temer, ele é Serra [candidato do PSDB], isso já está decidido”, disse o deputado.
Ainda não há uma agenda definida quanto a vinda de Temer. O senador Valter Pereira, do PMDB, garantiu que no palanque do candidato a vice “sobem apenas os apoiadores da candidatura de Dilma”. No caso, Puccinelli ficaria fora do ato.

FHC diz esperar que Lula fique “em silêncio” ao deixar a Presidência do Brasil

Em debate com o escritor britânico Salman Rushdie sobre o livro “O Príncipe”, na quinta-feira (5), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criticou o uso do paternalismo na política e disse esperar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se torne um ex-mandatário que se mantenha em silêncio.

FHC e Rushdie conversaram em inglês por meia hora, no centro de Paraty, palco da Flip (Feira Literária Internacional) em ato de promoção de nova edição do livro de Nicolau Maquiavel (1469-1527) lançada pelo selo Penguin Companhia.
O ex-presidente, autor do prefácio da nova edição, procurou contextualizar o livro, lembrando que foi escrito à época de formação dos Estados nacionais, citando que, para Maquiavel, a política se explicava pelas ambições, forças e fraquezas humanas.
O ex-presidente comentou, em tom irônico, que o objetivo de quem estava no poder era manter-se no poder.
- Hoje há eleições, isto não é mais possível. Mas há quem queira ficar.
Rushdie definiu como “republicana” a tradição nos Estados Unidos de ex-presidentes manterem-se em silêncio. Fernando Henrique, sorrindo, interrompeu e comentou o que espera de Lula quando sair do poder:
- Sou um ex-presidente que não fala. O Lula também acha que ex-presidente não deve falar. Estou esperando...
Bem-humorado, o ex-presidente lembrou que Maquiavel era um servidor público, defensor da República de Florença e afirmou que não há como o compararem com o escritor italiano e fez piada sobre o apelido dado por amigos de “príncipe da sociologia brasileira”:
- Eu fui um príncipe; ele, não.
FHC novamente negou que tenha dito uma frase que a Folha de S.Paulo publicou como sua, após reunião com empresários e reclamou:
- Nunca disse 'esqueçam o que eu escrevi', mas isso é repetido até hoje. Fui obrigado até a escrever um livro com o título 'Lembrando o que Escrevi.'
O ex-presidente ainda reclamou que em política tenta-se julgar não os atos de um governante, mas suas supostas intenções.
O ex-presidente criticou, em uma declaração indireta em Lula, governantes que exploram a imagem de “pai dos pobres”.
- Não é democrático