terça-feira, 20 de setembro de 2011

Com R$ 1,8 bilhão em caixa, Puccinelli deixou de investir R$ 16 mi em ensino, diz TCE-MS

Mesmo com R$ 1,8 bilhão em caixa, o governo do Estado deixou de aplicar R$ 16 milhões no desenvolvimento do ensino, ciência e tecnologia no ano passado, afirma o relatório da prestação de contas do governo aprovado ontem com cinco recomendações pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).
O levantamento, de 214 páginas mostra algumas ineficiências praticadas pela equipe financeira do governo de André Puccinelli (PMDB).
O governo estadual tinha como meta arrecadar em 2010 R$ 8.988.871.400,00, no entanto, segundo o TCE, a cifra desejada ficou 11,25% atrás do esperado. Ano passado, o Estado despejou em seus cofres R$ 7.977.306.405,79.
De acordo com o levantamento da corte de contas o Estado consumiu 81,53% dos créditos orçamentários, restando-lhe um saldo no valor de R$ 1.877.205.858,84.
Mesmo com o dinheiro sobrado, segundo o relatório do TCE, o Estado deveria aplicar no Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia, o montante de R$ 25.337.655,27, “porém, aplicou somente a quantia de R$ 9.856.987,30, soma equivalente a apenas 0,19% de suas Receitas Tributárias, ficando aquém do limite mínimo estabelecido na Constituição Estadual”.
A recomendação do TCE é que neste ano o governo aplique no setor 0,50% de sua receita líquida. A equipe econômica do governo não teria obtido êxito também na recuperação de recursos por meio de cobranças de quem não pagou os impostos.
Embora o relatório em questão tenha demonstrado que o governo aplicou certo os recursos destinados à Saúde, Educação e Segurança Pública, por exemplo, o conselheiro-relator do TCE, José Ricardo Pereira Cabral, assim concluiu seu levantamento:
“O Parecer Prévio emitido sobre as Contas Anuais do Governador, não afasta o julgamento que é feito por este Tribunal de Contas sobre as contas dos ordenadores de despesas e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos da administração direta ou indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público Estadual, ficando ressalvadas suas eventuais responsabilidades, porquanto esses serão objetos de prestação de contas específicas”.
Eis as recomendações do conselheiro:
O relator votou ainda no sentido de determinar ao Chefe do Poder Executivo Estadual a adoção das seguintes providências:
a - Evidenciar na Prestação de Contas as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições, visando aprimorar a cobrança da dívida ativa, conforme determina o art. 58 da Lei Complementar n. 101 de 2000 (item 13.1.1 do Relatório);
b - Destacar na Demonstração das Variações Patrimoniais – Anexo 15 da Lei n. 4.320 de 1964, a origem e o destino dos recursos provenientes da alienação de ativos, conforme estabelece o art. 50, VI da Lei Complementar n. 101 de 2000, (item 10.1 do Relatório);
c - Adotar providências para que os resultados Nominal e Primário apurado no exercício alcancem os resultados previstos no “Anexo de Metas Fiscais” da Lei de Diretrizes Orçamentárias, nos termos do art. 4º, § 1º da Lei Complementar n. 101 de 2000 (item 5.5.2.3 do Relatório);
d – Destinar no mínimo 0,50% (meio por cento) de sua receita tributária para a Fundação de Apoio e Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia, a ser aplicada em desenvolvimento científico e tecnológico, na forma estabelecida no art. 42 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Estadual (item 12.2.5 do Relatório);
e - Aplicar a totalidade dos recursos previstos no art. 77, § 3º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988, por meio do Fundo de Saúde, estritamente em ações e serviços públicos da saúde conforme (.item 12.3.2.1 do Relatório). (com informações da assessoria de imprensa do TCE)

Sem dinheiro para saúde, Puccinelli torrou R$ 30 milhões de propaganda em seis meses

Somente no último mês de agosto, R$ 5,8 milhões deixaram os cofres públicos estaduais e foram repassados para 14 agências de publicidade que cuidam da propaganda do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.
O Portal da Transparência não detalha como a fortuna foi consumida, ou seja, quem as agências pagaram com o dinheiro. Mas, o gasto milionário se contrapõe ao discurso de economia e austeridade repetido pelo governador André Puccinelli.
Recentemente, a secretária de saúde, Beatriz Dobashi, informou que o Governo não deve implantar o serviço de radiologia no Hospital Regional por ‘falta de recursos’. Desde março, quando diversos municípios de Mato Grosso do Sul foram atingidos por chuvas intensas, o governador tem mantido o discurso sobre a necessidade de economizar.
Em abril, Puccinelli chegou a falar que Mato Grosso do Sul poderia descumprir as metas orçamentárias do Tesouro Nacional. Na época, o governador cortou patrocínio para eventos não-governamentais e jogou a culpa no “peso da folha de pagamentos dos servidores em outros poderes”.
“Segura essa peteca. Ou aumenta a arrecadação ou corta gastos”, disse aos repórteres.
No entanto, com os donos de jornais, principais destinatários do dinheiro repassado às agências de publicidade, a conversa é outra: não houve cortes. Pelo menos, não no volume das notas de empenho da Secretaria de Governo para as agências.
Na verdade, houve aumento: em março, o total em notas de empenho para as empresas de comunicação, segundo o Portal da Transparência, foi de R$ 4.994.704,25.
Em abril, foram R$ 4.130.898,76. Em maio, o valor foi de R$ 4.607.003,19. No mês de junho, houve um recuo, com R$ 3.576.377,40. Porém, em julho, a fortuna voltou a subir, com um salto para R$ 5.932.918,55.
Em agosto, o valor se manteve no mesmo patamar, com R$ 5.863.281,42 pagos para as agências distribuírem entre jornais diários e semanários, emissoras de televisão e de rádio, além de websites noticiosos.
Apenas neste intervalo de seis meses, a Secretaria de Governo manteve uma média de R$ 4,85 milhões em notas de empenho para as agências de publicidade. Foram gastos com a propaganda do governador Puccinelli em meio ano, R$ 29,1 milhões.
O Governo foi procurado para comentar o consumo milionário de dinheiro público com publicidade, mas até o momento de publicação não houve retorno.
Para conferir quanto cada uma das 14 agências de publicidade que atendem ao Governo do Estado de Mato Grosso do Sul recebeu em agosto de 2011, abra o documento anexo pelo link abaixo. É preciso ter o Adobe Acrobat instalado para ver a planilha. A fonte dos dados é o Portal da Transparência de MS.