quinta-feira, 30 de junho de 2011

AL blinda Puccinelli contra denúncias do MPF, mas PGR não deixa primeira-dama escapar no STF

O Ministério Público Federal recomendou ontem (18) ao STF (Supremo Tribunal Federal) que Beth Puccinelli, esposa do governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), deve ser investigada na denúncia do MPF contra o casal por enriquecimento ilícito e até lavagem de dinheiro.
O marido escapou porque é governador e os deputados estaduais não autorizaram a investigação, mas a primeira-dama, sem mandato vai enfrentar o processo. Eles são casados em regime de comunhão universal de bens.
Elizabeth Maria Machado Puccinelli foi incluída na ação penal que investiga ela e o marido, denunciados por prática de um suposto esquema que teria ocultado os bens do casal para disfarçar o enriquecimento ilícito e envolve até lavagem de dinheiro, entre outros crimes, segundo a denúncia, que começou no Ministério Público Estadual e foi acolhida pelo Ministério Público Federal.
O caso corre em segredo de justiça no STJ, mas no STF está disponível para consulta na íntegra sem restrições. Beth, como é conhecida a primeira dama de Mato Grosso do Sul, entrou com recurso para se livrar da investigação, mas o MPF já se manifestou contra o propósito.
O governador sul-mato-grossense teria omitido dados de seu patrimônio em 1996, quando disputou e venceu a eleição para prefeito de Campo Grande. Por trás das dúvidas acerca do suposto enriquecimento do casal Puccinelli, existe uma pilha de denúncias surgidas no período que o hoje governador, candidato à reeleição, era prefeito (1997-2003).
Na relação das ações suspeitas surgem nomes de empreiteiras que teriam prestado serviços à prefeitura durante a administração de André por meio de fraudes em licitações.
As denúncias contra o casal Puccinelli passearam pelas esferas judiciais aqui no Estado e, no ano passado, foram levadas para o STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ocorre que uma regra federal só permite que o processo-crime contra governadores siga em frente se a Assembleia Legislativa quiser.
Blindagem na ALMS só para o marido
No dia 3 de novembro do ano passado, a corte enviou um ofício ao presidente da Assembleia, Jerson Domingos, do mesmo partido do governador, pedindo “autorização para a instauração do processo-crime em face do governador André Puccinelli”.
Na época, a Assembleia negou o pedido de autorização encaminhado pela ministra Nancy Andrighi, do STJ, ou seja, protegeu o governador da investigação. Chamou a atenção que, por meio de ofício, o governador dava uma espécie de “carta branca” aos parlamentares avisando-os que ele “nada temia” já que a justiça estadual teria investigado o caso e não teria enxergado irregularidade nas prestações de contas acerca de seu patrimônio.
No parecer do MPF, emitido ontem, a subprocuradora-geral da República, Cláudia Sampaio Marques, recorda o ofício encaminhado à Assembleia e cita que até agora os parlamentares sul-mato-grossenses não responderam ao questionamento do STJ, embora Jerson Domingos tenha dito à época que os deputados não iam avalizar a investigação contra Puccinelli.
Note o escrito pela subprocuradora: “Tratando-se de governador do Estado, foi requerido pelo STJ a indispensável autorização da Assembleia Legislativa local para submetê-lo a processo e julgamento pelo Poder Judiciário (condição de procedibilidade), não logrando êxito, contudo, em obter qualquer pronunciamento daquela Casa Legislativa, padecendo o feito de paralisia por já avançados nove meses”.
Procurada para explicar a citação no STF, a Assembleia Legislativa, informou nesta manhã que o ofício foi, sim, respondido ao STJ e confirmou que a maioria dos parlamentares disse não à investigação contra Puccinelli.
Ainda assim, mesmo os deputados contrariando a investigação, a primeira dama do Estado deve enfrentar o processo pela suposta manobra de ocultação de bens.
Isso fica claro no parecer da subprocuradora: “há que ser considerada, ainda, a possibilidade do legislativo local não autorizar, ou mesmo permanecer inerte em relação à concessão de licença para fluência do processo perante o Judiciário, circunstância que impõe o desmembramento do feito em relação aos co-denunciados (incluída a paciente [Bete]), não detentores de foro especial por prerrogativa de função, com remessa à Justiça Estadual comum, eis que contra eles o prazo prescricional não é suspenso como ocorre, no caso, com o governador do Estado”.
Segue o relato da subprocuradora, que insiste na permanência da primeira dama no processo: “A denúncia contra a paciente [Bete] está em conformidade com o art. 41 do CPP, pois revela provas do crime e indícios suficientes de autoria”. A reportagem entrou em contato com o advogado de Beth, Luis Antônio Bettiol, mas até o momento da publicação não houve resposta.
A ação penal contra Puccinelli que corre no STJ é cuidada pela ministra Andrighi e, no STF, pelo ministro Ricardo Lewandowsky.



ANDRE PUCCINELLI

O governador André Puccinelli, do PMDB, ainda que amparado pela imunidade parlamentar segue enfrentando denúncias no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Numa última investida, a sub-procuradoria da República propôs uma ação penal contra ele e a ministra da corte, Nancy Andrighi, antes de definir se acata ou não a solicitação deu um prazo de 15 dias ao governador, para que ele se defenda.
Pucinelli, que enxerga a denúncia proposta como "requentada" ainda não foi notificado. O caso foi publicado ontem no site da corte federal. (confira aqui)
A denúncia em questão tem a ver com uma permuta negociada à época que Puccinelli era prefeito de Campo Grande (1997-2004). A prefeitura deu uma área a uma empreiteira que, em troca, pavimentou ruas da cidade. A transação teria favorecido a empresa, segundo a denúncia.
A desconfiança já gerou processo por aqui, mas a Justiça Estadual arquivou o caso. Agora, a denúncia transita na esfera federal.
A ministra Nancy é a mesma que atua numa ação contra Puccinelli por suposta lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
Reportagem publicada ontem à noite pelo portal Terra afirma que a ação penal 664 teve as investigações iniciadas em 2009 e corre em segredo de justiça. A ministra já solicitou informações ao governo de Estado de Mato Grosso do Sul, Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ao Tribunal de Justiça (TJ-MS).
De acordo com o Terra, o presidente do TCE, Cícero de Souza, negou ter recebido qualquer pedido pelo STJ de informações sobre Puccinelli. E a assessoria do TJ-MS informou que não poderia divulgar as informações repassadas ao STJ por se tratar de assuntos de outro tribunal.
Já a ação penal 665 não está em segredo de justiça, mas se encontra no gabinete da ministra e, por isso, o STJ não pôde informar do que se trata o processo. De acordo com andamento processual no site do STJ, a ministra Nancy solicitou informações de Puccinelli e de processos que estão no TJ-MS.

Segundo o governador Puccinelli, os processos dizem respeito às ações que já foram julgadas nas primeiras e segundas instâncias da Justiça estadual, em que ele foi absolvido.
"Tem muitos processos lá (no STJ). São processos remitentes. Não me preocupa porque sabemos o que fizemos, temos todos os documentos, são processos que reiteradamente o PT e o Semy Ferraz (ex-deputado estadual petista) entram como ação popular, ação civil pública, um dia acaba (os recursos). Não teve camarada que mais cuidou do município e do governo do Estado do que eu", afirmou Puccinelli no início deste ano.
Puccinelli é alvo de um processo por lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito desde 2007. Em 2010, a ministra do STJ, Nancy Andrighi pediu autorização para Assembleia Legislativa processá-lo, porém não houve resposta dos deputados e o processo foi suspenso temporariamente, até que o governador saia do cargo para que os crimes investigados não prescrevam e ele possa responder a ação sem o foro privilegiado.

uperior Tribunal de Justiça

AÇÃO PENAL Nº 664 - MS (2009/0215267-3) (f)

RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI

AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉU : A P

ADVOGADO : LUIZ ANTONIO BETTIOL E OUTRO(S)

DECISÃO

Trata-se de denúncia oferecida pela i. subprocuradora-geral da República,

Dra. Áurea Maria Etelvina Nogueira Lustosa Pierre, contra A. P., governador do Estado

do Mato Grosso do Sul, à época dos fatos prefeito de Campo Grande/MS, pela suposta

prática dos crimes dos artigos 1º, inciso I, do Decreto-lei 201/67 e 89 da Lei 8.666/93.

O inquérito 664/MS foi instaurado a requerimento do MPF, conforme a

petição nº 12.200/ALP, para investigar os fatos narrados na ação popular nº

001.05.017177-2, a saber, a dação do imóvel conhecido como “Área do Papa” à empresa

Financial Construtora, em pagamento pela execução de serviços de estrutura urbana.

Afirma que a transferência de bem público foi realizada por preço inferior ao de mercado

e sem o procedimento previsto em Lei.

Na resposta ao inquérito (fls. 79/117), o indiciado postulou o arquivamento

pela ausência de justa causa e atipicidade da conduta. Salientou que os pedidos da ação

popular nº 001.05.017177-2 foram considerados improcedentes em ambas as instâncias

jurisdicionais, de modo a demonstrar a regularidade da dação em pagamento. Sustenta

que o depoimento da testemunha Marines de Araújo Bertagnolli não narra qualquer

conduta do requerente. Alega que o mero fato de ser prefeito à época não autoriza a

investigação. Acrescenta que não houve qualquer prejuízo ao erário e existiu licitação

prévia.

O MPF apresentou denúncia às fls. 171/221. Assevera que o julgamento da

Ação Popular não repercute na espécie. Narra que o requerido, na condição de prefeito de

Campo Grande/MS, realizou dação do imóvel “Área do Papa”, terreno denominado

“Aviação”, como parte do pagamento pela execução de obras. Explicita que a empresa

Condor Engenharia e Comércio Ltda. venceu a concorrência do contrato público, mas foi

A informação disponível não será considerada para fins de contagem de prazos recursais

(Ato nº 135 - Art. 6º e Ato nº 172 - Art. 5º)

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Com ações protegidas por segredo de justiça, Puccinelli faz apologia por quebra de sigilos



Superior Tribunal de Justiça

substituída pela segunda licitante, a Financial Construtora, sob o pretexto de que a

vencedora não fora capaz de suportar os encargos. Informa que o acusado celebrou termo

de cessão parcial e transferência em 02/02/2002, com escritura de dação em pagamento

outorgada em 28/12/2004, ou seja, antes da finalização das obras e sem a devida

licitação. Acrescenta que o terreno público foi alienado por R$10,32 (dez reais e trinta e

dois centavos) por metro quadrado, preço inferior ao de mercado. Aduz que os lotes da

região possuem valor mínimo de R$56,00 (cinquenta e seis reais) por metro quadrado.

Menciona pareceres que apontam irregularidades na operação. Requer o trâmite da ação

penal nos moldes da Lei 8.038/90 para receber a denúncia e, ao final, condenar o

Requerido nas penas do artigo 1º, inciso I, do Decreto-lei 201/67 e do artigo 89 da Lei

8.666/93.

É o relatório.

Quanto ao pedido de arquivamento do inquérito, apresentado às fls. 79/119,

considero-o prejudicado ante o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público

Federal. Os argumentos da zelosa Defesa deverão ser considerados na deliberação sobre

o recebimento da inicial acusatória.

Conforme o art. 4º da Lei 8.038/90, notifique-se o denunciado para

apresentar resposta no prazo de quinze dias. Se vier acompanhada de novos documentos,

remetam-se os autos ao Ministério Público Federal.

À Coordenadoria da Corte Especial para o devido cumprimento.

Brasília (DF), 27 de junho de 2011.

MINISTRA NANCY ANDRIGHI

Relatora

A informação disponível não será considerada para fins de contagem de prazos recursais

(Ato nº 135 - Art. 6º e Ato nº 172 - Art. 5º)

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O governador André Puccinelli, do PMDB, reforça a imagem de polêmico ao declarar à imprensa que é favorável a quebra de sigilo bancário não só dos poderes públicos, mas também de outras entidades, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), por exemplo.
Ele disse isso ao opinar sobre o pedido de quebra do sigilo da Assembleia Legislativa feito recentemente pela Procuradoria Geral de Justiça.
“Ou abre [a conta] de todo mundo ou não abre de ninguém”, arrematou o governador em reportagem publicada na edição do Correio do Estado desta quinta-feira.
Tirando a polêmica de lado, Puccinelli é amparado por uma norma que não deixa ninguém saber sobre os processos que correm contra ele no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Na corte federal o governador é citado em três ações penais, uma das quais por suposta lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
A ação da lavagem de dinheiro é tocada desde 2007 e já passeou por repartições do fórum de Campo Grande, do Tribunal de Justiça, até seguir para o STJ.
Aqui em Campo Grande, a denúncia foi extinta, mas, por solicitação do Ministério Público Federal, a questão rumou para o STJ. Ninguém pode ter acesso a estes papeis além do MPF ou dos advogados que defendem o governador. Até a Assembleia Legislativa meteu-se nesse assunto.
É que o STJ pediu ao Legislativo sul-mato-grossense se Puccinelli poderia ou não ser investigado, como determina a regra em se tratando de denunciado dono de mandato amparado pelo conhecido foro privilegiado. A Assembleia negou o pedido.
Já a ação penal 664 surgiu dois anos atrás e é cuidada sob sigilo pela ministra Nancy Andrighi. A mesma Nancy conduz também a ação penal 665 contra Puccinelli. Nesse caso, a questão não é tratada em segredo, contudo, as informações têm sido protegidas por ainda se encontrar no gabinete da ministra. Tais ações podem ter relação com o caso da lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
O governador sul-mato-grossense teria omitido dados de seu patrimônio em 1996, quando disputou e venceu a eleição para prefeito de Campo Grande. Por trás das dúvidas acerca do suposto enriquecimento de Puccinelli, existe uma pilha de denúncias surgidas no período em que o hoje governador era prefeito (1997-2003).



Ex-deputado federal Antônio Cruz sai do PP e vai para o PMDB

O ex-deputado federal Antônio Cruz pediu a desfiliação do Partido Progressista e irá para o PMDB, após ter sido convidado pelo governador André Puccinelli.

De acordo com o presidente da executiva municipal do PP, Paulo Matos, o ex-deputado pediu desfiliação na quarta-feira (29). Cruz é acusado de praticar fraude nos gastos dos recursos obtidos por meio do fundo partidário.
Sobre a desfiliação Matos disse que o partido “perde muito” com a saída de Antônio Cruz, pois ele conseguiu mais de 55 mil votos nas últimas eleições e é o primeiro suplente para deputado federal.“Era uma das maiores forças eleitorais do partido”, afirma Matos.
Além disso, o presidente afirmou que outras lideranças ligadas a Antônio Cruz já estão pedindo a desfiliação, como membros da classe médica.
A respeito do futuro, Paulo Matos diz que o partido deve buscar o consenso para se articular para as eleições municipais.
PMDB
Ao ser procurado pela reportagem, Antônio Cruz disse que voltará ao PMDB a convite do governador André Puccinelli.
Sobre a saída dele do PP, Cruz disse que inventaram muitas “calúnias” sobre ele e decidiu sair.


Puccinelli usa chuva como desculpa para atrasar entrega de casas e revolta população

O governador André Puccinelli desmarcou a entrega de casas que faria na tarde de hoje (30), em Dourados. A assessoria de imprensa do Governo do Estado informou que, devido às ‘condições climáticas desfavoráveis’ o governador não compareceria no evento, marcado para as 15h.
Além da entrega das 447 casas do residencial Walter Brandão da Silva, no Jardim Novo Horizonte, Puccinelli entregaria também a ampliação do sistema de esgoto sanitário, assinaria a ordem de serviço para a ligação de esgoto na Vila Cachoeirinha e a ampliação do sistema de abastecimento de água na ‘sitióca’ Campina Verde.
Ficou marcada para a próxima semana, quinta-feira (06 de julho), a ida do governador ao município.
Novela
As 447 casas fazem parte de um convênio firmado entre a Prefeitura Municipal de Dourados e o Governo do Estado, na gestão do então prefeito, hoje deputado estadual, Laerte Tetila (PT). Segundo informações de famílias que aguardam pela entrega das casas, o término da construção e a entrega estavam previstos para o início da administração de Ary Artuzi.
Porém, o sorteio das casas foi feito somente em outubro do ano passado, na administração da prefeita interina, vereadora Délia Razuk (PMDB).
Uma das famílias que esperam pela entrega dos imóveis é a de Rosangela Rodrigues Xavier. Ela trabalha como diarista, é mãe de quatro crianças e seu marido está desempregado, além disso, tem que sair da casa que aluga até o próximo dia cinco de julho, um dia antes da data marcada para a vinda de Puccinelli. “O governador poderia vir para Dourados entregar nossas casas. Teria um lugar que ele não pegaria chuva, com certeza” afirmou Rosangela.

Ela está na fila de espera por uma casa há cinco anos. Na época Rosangela morava em um barraco à beira da MS-156, saída sul de Dourados. Ela entrou na lista de uma das 60 casas, das 447 do conjunto, reservadas pelo Ministério Público Estadual para moradores em situação de risco. “É revoltante. Esperamos pelas casas há muito tempo, não só eu, mas diversas famílias em condições muitas vezes piores que a minha” afirma Rosangela.