domingo, 3 de abril de 2011

Jovens de classe média alta se envolvem em confusões por falta de limites, diz psicóloga

Nos últimos meses jovens de famílias de classe média alta tornaram-se assunto quase que diário na imprensa de Campo Grande.


No dia 20 de fevereiro, um jovem destruiu uma caminhonete de luxo após perder o controle do carro e capotar num bairro da capital. Testemunhas disseram que o rapaz estava realizando manobras arriscadas momentos antes do capotamento.
Na madrugada do dia 19 de março, um bacharel em Direito, lutador de artes marciais, se envolveu numa briga que terminou com a morte do segurança de um boate frequentada por jovens ricos.
O acusado, que está preso, agrediu o segurança após ter sido retirado de dentro de um bar por causar transtornos aos funcionários e clientes do local.
E na última semana, um estudante universitário acabou detido após levar um tiro à queima roupa de policial civil. O rapaz estaria estava tentando fugir de uma briga na qual se envolveu durante festa em uma república de estudante.

Em todos os casos, chama a atenção o fato de os implicados serem jovens com situação financeira privilegiada. A psicóloga e mestre em saúde mental, Ludmila de Moura, explica o que leva jovens de famílias de classe média-alta a cometerem atos agressivos e inconsequentes.

O que leva jovens de classe média, que supostamente têm tudo o que precisam financeiramente, a cometer atos violentos e inconsequentes?
Ludmila: A falta de limites no sentido de entender que onde termina o direito dele começa o direito do outro. Esses jovens têm dificuldade de lidar com a Frustração, não lidam bem quando não conseguem o que querem. Nós chamamos isso de comportamento infantil porque assim como uma criança, esses
jovens só querem o que lhes dê prazer, tudo gira em torno deles.

Os pais estão diretamente ligados a essa transgressão de caráter dos filhos?
Ludmila: Os pais precisam educar os filhos a lidar com o principio do prazer de uma forma controlada. Eles precisam entender que tudo gira em torno deles. Em casa ou fora dela esses jovens precisam agir com o principio da realidade e, isso, eles vão adquirir com experiências que de perda. Eles precisam desenvolver e compreender regras sociais. Precisam saber quais são seus direitos e deveres. Quando mais cedo a criança aprender a lidar com isso, mais fácil o pai vai conseguir controlar.

Antes de agredir o segurança, o rapaz [que está preso] já havia se envolvido em outras confusões. Em 2009 ele agrediu um jovem durante na saída de uma festa. Esse tipo de comportamento pode ser uma forma de tentar chamar a atenção dos pais?
Ludmila: Os jovens têm esse tipo de comportamento porque eles querem se valorizar. Eles querem chamar a atenção dos pais. A adolescência é um período crítico, e aí que eles se envolvem em grupos que não são bons e acabam se envolvendo com gangues. Dependendo de como o pai foi para ele na infância ele provavelmente não terá problema nenhum. Agora se os pais foram ausentes de atenção, ele pode acabar indo para o lado da violência e marginalidade.

A educação que os pais dão é o que determina o comportamento de um jovem?
Ludmila: Na verdade são três aspectos, o biológico, o ambiente e a sociedade. O biológico é do organismo, algumas pessoas são mais tolerantes, outras já são mais irritadas. É comum vermos irmãos com várias diferenças comportamentais. Enquanto um é mais calmo o outro é mais agitado. O Ambiente é a família, a escola, os amigos, os lugares que frequenta. E eles são muito importantes para a formação. O terceiro aspecto é a sociedade, a cultura. A sociedade é voltada para o ser, é muito competitiva. Tem a pressão social, a individualidade e a ideia de que você tem que se satisfazer a qualquer custo.

Como os pais percebem que os filhos estão com demonstrando que há algo de errado com a personalidade deles?
Ludmila: Quando ele não está se importando com o outro. Quando ele não se preocupa mais com a conseqüência da atitude dele. E é aí que o pai tem que ensinar o filho que existe o certo e o errado. Quando é criança e vai lá e toma alguma coisa do coleguinha, o pai explica que não pode que tem que devolver. O problema é que tem pais que acham que os outros estão ali só para servir o filho e a criança cresce com o mesmo pensamento. A pessoa tem que sentir culpada quando faz algo errado, ela ter que se arrepender, tem que ter vergonha.

É comum jovens terem esse tipo de comportamento?
Ludmila: Isso só é comum até os três anos de idade, quando é normal a criança ter esse tumulto egocêntrico, mas com o cuidado dos pais em ensinar que ele tem que pensar no outro, esse egocentrismo vai ficando de lado. Apenas 10% das crianças desenvolvem alguma patologia que precisam de tratamento.

Quando os pais devem procurar ajuda para lidar com o filho?
Ludmila: Quando ele não está conseguindo colocar limite. E aí, esse pai também precisa de ajuda, porque o filho pressiona e o pai acaba abrindo a guarda. É comum vermos pais terem uma postura firme e a mãe acobertar as coisas erradas que os filhos fazem. Isso é muito ruim, porque ele sabe que se fizer alguma coisa, a mãe vai ajudá-lo a esconder do pai.

Os adultos têm que dar exemplo, não adianta falar para não fazer, se não der o exemplo.
Depois de grande é muito difícil mudar a personalidade do individuo que já está formada, mas sempre temos esperança de conseguir. Por isso a hora de ensinar coisas boas e corretas aos filhos é durante a infância.



Líder de prefeito na Câmara tenta pacto com vereadores para ‘salvar’ Dourados

O prefeito Murilo Zauith (DEM) deverá enviar uma mensagem à Câmara Municipal de Dourados que será lida na sessão de amanhã à noite anunciando que o vereador Walter Hora (PPS) será seu líder no Poder Legislativo.

Walter Hora disse que a sua missão será conseguir a união de todos os vereadores para o que chamou de projeto para a salvação da cidade.
Os partidos dos doze vereadores que integram a Câmara fizeram parte da coligação que elegeu Murilo em fevereiro para o mandato tampão até 31 de dezembro de 2012, incluindo ai o PT (Partido dos Trabalhadores) que tem dois vereadores.
O líder de Murilo mesmo com a sua boa intenção e capacidade de argumentação não conseguirá êxito em manter unida a bancada petista. Apenas o vereador Dirceu Longhi (PT) é fiel ao projeto de Murilo referendado durante a eleição.
Elias Ishy (PT) que tentou até a última hora estragar a coligação do seu partido com o DEM mantendo sua pré-candidatura a prefeitura disse que não vai apoiar a administração de Murilo.
“O PT pode continuar apoiando o Murilo mas eu não entro neste barco”, disse Ishy que pretende manter uma postura independente na Câmara Municipal.
O petista rebelde afirmou que não pode ser incoerente em sua postura política. “Fui contra a coligação com o DEM desde o primeiro minuto e não será agora que vou trair meus princípios e meus companheiros transformando-me num adesista oportunista”, enfatizou Ishy.
A composição das bancadas na Câmara Municipal de Dourados depois de concluídas as Comissões Processantes que culminaram com a cassação e renuncia de nove vereadores ficou a seguinte: O DEM (Democratas) tem quatro vereadores; Aparecido Medeiros, Gino Ferreira, Idenor Machado e Pedro Pepa.
Logo depois vem o PDT com os vereadores Alberto Alves dos Santos e Cemar Arnal. O PT também tem dois vereadores: Dirceu Longhi e Elias Ishy.
São vereadores também Juarez Amigo do Esporte (PRB), Walter Ribeiro Hora (PPS), Albinos Mendes (PR) e Délia Godoy Razuk (PMDB) que deverão ser unir para compor o bloco das minorias.
Murilo só se tornou prefeito porque no ano passado operação da Polícia Federal pôs na cadeia o ex-prefeito, o ex-vice e nove dos 12 vereadores da cidade por suposta ligação com esquema de fraude em licitações.


Obra anunciada por Puccinelli emperra e alunos se ‘espremem’ em sala de aula

Centenas de alunos da Escola Estadual Presidente Vargas, maior escola pública de Dourados, estão estudando em minúsculas salas de aula, confinados em espaços inferiores a trinta metros quadrados.

A situação perdura desde o início de 2010 quando os cerca de 2.500 alunos deixaram o antigo prédio que não oferecia mais condições de uso e foram abrigados a estudarem em outro prédio distante do centro da cidade.
No final de 2009 o governador André Puccinelli (PMDB) anunciou a reconstrução do prédio da Escola Presidente Vargas depois de vários anos de luta da comunidade que chegou a fazer uma campanha para conseguir a obra.
No início do ano letivo em 2010 os alunos foram transferidos para o prédio da antiga escola UEDI onde não existe espaço suficiente para atender toda a clientela escolar.
Por causa disso cerca de trezentos alunos tiveram que ser remanejados para outras escolas enquanto que cerca de dois mil alunos ficaram no prédio da UEDI.
O professor Nei Elias Coinethe de Oliveira, diretor da Escola, afirmou que foi necessário readaptar o prédio para acomodar todos os alunos.
Desta forma as salas foram divididas ao meio para abrigar as turmas com até 25 alunos, enquanto que as salas maiores ficaram para as turmas com 40 alunos ou mais.
O diretor disse que a obra de reconstrução do antigo prédio da Escola Presidente Vargas que tinha 24 salas de aula foi anunciado pelo Governo do Estado e muito comemorada pela comunidade, mas o tempo está passando e nada foi feito.
Conforme dados da Secretaria Estadual de Educação a obra de reconstrução consumiria recursos na ordem de R$ 6 milhões do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) com contrapartida do Estado e ainda dinheiro de emenda ao Orçamento da União.
Como a obra ainda não começou o prédio antigo da Presidente Vargas que fica no centro da cidade está tomado pelo matagal e algumas paredes começam a cair.
Além da falta de espaço no prédio alugado pelo Governo do Estado, os alunos da Escola Presidente Vargas sofrem com a locomoção de suas casas aulas.
Alguns precisam pegar até três ônibus para chegar à escola que ficam distante quase quatro quilômetros do centro e da Estação de Transbordo. O corpo discente da Escola Presidente Vargas é formado por alunos de praticamente todos os bairros de Dourados.
A Escola Estadual Presidente Vargas foi criada pela Lei n°427 de 02 de outubro de 1951 por onde passou várias gerações de douradenses.

Governo reajusta pedágio sobre ponte do rio Paraguai

Daqui uma semana vai ficar mais caro para atravessar a ponte de concreto sobre o rio Paraguai, na divisa das cidades de Miranda e Corumbá, caminho do Pantanal sul-mato-grossense. O último aumento, segundo a assessoria de imprensa do governo estadual, ocorreu em 2001, 11 anos atrás.

O reajuste do pedágio, que entra em vigor no dia 11 deste mês, foi anunciado pelo secretário estadual de Obras, Wilson Cabral Tavares. Segundo ele, “o reajuste se faz necessário, uma vez que, ao longo desses anos, ocorreram altas significativas nos custos operacionais para a manutenção da ponte gerando dispêndio de difícil suporte”.
O pedágio em questão é cobrado dos condutores ou proprietários de quaisquer espécies de veículos automotores, que utilizam a ponte de concreto como meio de passagem sobre o rio Paraguai.
São isentos da cobrança os condutores de veículos automotores de propriedade da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive de suas autarquias e fundações, bem como dos veículos pertencentes aos governos de outros países e destinados às suas representações diplomáticas, de acordo com o artigo terceiro da Lei estadual nº 1.480, de 4 de fevereiro de 1994.
Conforme fixa a resolução SEOP/ nº 001 de 31 de março findo, a partir de 11 de abril, o valor do pedágio para motocicletas passará a R$ 3,30. Veículos leves tais como automóveis, caminhonetes, furgões, reboques de dois eixos e similares pagarão R$ 5,50 enquanto caminhões e ônibus com rodado duplo de até 3 eixos terão pedágio de R$ 11,00 e veículos pesados (caminhões e ônibus com mais de 3 eixos) pagarão R$ 22,00. (com informações da assessoria do governo de MS).

Banida desde a ditadura, filosofia vai ter livros didáticos distribuídos nas escolas públicas

A filosofia vai voltar, na prática, para o conteúdo curricular dos alunos de ensino médio, depois de 47 anos fora dos currículos das escolas de educação básica no país. No ano que vem, as escolas da rede pública receberão pela primeira vez, desde a ditadura, livros didáticos da disciplina para orientar o trabalho dos professores. Foi o regime militar que baniu a filosofia das escolas.

Em 2008, uma lei trouxe de volta a filosofia e a sociologia como disciplinas obrigatórias para os estudantes do ensino médio. A professora Maria Lúcia Arruda Aranha ensinava filosofia em 1971 quando a matéria foi extinta pelo governo militar. Hoje, é uma das autoras dos livros que foram selecionados para serem distribuídos aos alunos da rede pública pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
“Ela desapareceu [a filosofia nas escolas] na década de 70 e reapareceu como disciplina optativa em 1982. Mas, nesse meio tempo, eu continuava dando aula em escola particular. A gente ensinava, só que o nome da matéria não podia constar como filosofia”, lembra.
Ela avalia que o país “demorou demais” para incluir as duas disciplinas novamente entre as obrigatórias e ainda falta “muito chão” para que elas sejam ministradas da forma adequada. Ainda faltam professores formados na área já que, por muito tempo, não havia mercado de trabalho para os licenciados e a procura pelo curso era baixa. Em 2009, 8.264 universitários estavam matriculados em cursos superiores de filosofia – 78 vezes menos do que o total de alunos de direito.
Muitas vezes são profissionais formados em outras graduações como história ou geografia que assumem a tarefa. Os livros didáticos devem ajudar a orientar os docentes no ensino da filosofia. “O livro é muito importante porque dá uma ordenação do conteúdo e propõe como o professor pode trabalhar os principais conceitos, como o que é filosofia e a história da filosofia. Mesmo o aluno formado na área, às vezes, não está acostumado a dar aula para o ensino médio, não tem dimensão de como chegar ao aluno que nunca viu filosofia na vida”, explica.
A história da filosofia, as ideias dos principais pensadores como Platão, Kant e Descartes, servem de base para ensinar aos jovens conceitos básicos como ética, lógica e política. Mas Maria Lúcia ressalta que é muito importante conectar o conteúdo com a realidade do aluno para que ele “aprenda a filosofar”.
“O professor deve apresentar o texto dos filósofos fazendo conexões com a realidade daquele tempo em que o autor vive, mas também estimular o que se pensa sobre aquele assunto hoje. Isso desenvolve a capacidade de conceituação e a competência de argumentar de maneira crítica. Ele aprende a debater, mas também a ouvir”, compara.