quinta-feira, 31 de março de 2011

Campo Grande tem mês de março mais chuvoso já registrado desde 1913

Com 534 milímetros de precipitação registrados até as 11 horas desta quinta-feira (31), Campo Grande tem o mês de março mais chuvoso desde que os registros começaram a ser feitos, em 1913. Segundo o meteorologista Natálio Abraão, da Anhanguera-Uniderp, a média histórica para este período é de 164,2 mm, ou seja, choveu três vezes mais que o normal.

“São diversas anomalias que propiciaram essa chuva. O La Niña é uma delas. Provoca uma irregularidade no volume e na distribuição das chuvas. No sul do Estado, por exemplo, algumas cidades estão com um volume de chuva abaixo do esperado. Já no norte, ‘sobra’ chuva”, aponta Abraão.
No mesmo período do ano passado, foram registrados 245 mm. Este ano, no mês de janeiro, choveu 199 mm, próximo à media história, que é de 200. Já em fevereiro houve uma discrepância: choveu 228 mm, sendo que a média é de 180.
Em todo o Estado, 4.177 mm de precipitação foram registrados em março, sendo que o normal é de 3.500 mm. Este também é o volume mais alto desde que as medições começaram.
“Um milímetro corresponde a um litro por metro quadrado. É muita água”, compara o meteorologista.
Capital decretou situação de emergência
Por contas das constantes chuvas que assolaram Campo Grande no início do mês, o prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) teve que decretar situação de emergência no dia 10 de março. Do dia 26 de fevereiro até 8 de março, segundo a Prefeitura, choveu um total de 372,4 mm.
O total esperado para o mês inteiro era de aproximadamente 170 mm. Com o excesso de chuvas, córregos transbordaram, casas foram inundadas e o asfalto na maior parte das vias principais ficou comprometido. Em alguns bairros sem asfaltamento as águas abriram crateras que ameaçaram moradores e dificultaram o acesso às casas.
Na Avenida Ernesto Geisel, próximo ao Bairro Cabreúva, uma cena inusitada foi registrada durante a chuva do dia 05 de março. O córrego transbordou e, quando a água abaixou, peixes foram capturados no meio da avenida.
Governo Federal reconhece situação de emergência em 16 cidades
Três portarias da Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional (MI), foram publicadas hoje (31) no Diário Oficial da União (DOU) reconhecendo a situação de emergência de 16 municípios de Mato Grosso do Sul que tiveram prejuízos materiais e econômicos em virtude de enchentes ou inundações graduais este ano.
Alessandra de Souza
A portaria nº 169 reconhece situação de emergência dos municípios de Aquidauana, Campo Grande, Miranda, Nova Alvorada do Sul, Ribas do Rio Pardo, Rio Verde de Mato Grosso, Rochedo e Terenos. A portaria nº 170 reconhece a situação das cidades de Bandeirantes, Chapadão do Sul, Maracaju e São Gabriel do Oeste. Já a portaria nº 171 reconhece a emergência de Coxim, Nioaque, Paranaíba e Santa Rita do Pardo.

Situação de emergência de 16 municípios de MS é reconhecida pelo governo Federal

Três portarias da Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional (MI), foram publicadas hoje (31) no Diário Oficial da União (DOU) reconhecendo a situação de emergência de 16 municípios de Mato Grosso do Sul que tiveram prejuízos materiais e econômicos em virtude de enchentes ou inundações graduais este ano.

As portarias foram assinadas pelo secretário de nacional de Defesa Civil, Humberto Viana e estão publicadas nas páginas 57 e 58. A portaria nº 169 reconhece situação de emergência dos municípios de Aquidauana, Campo Grande, Miranda, Nova Alvorada do Sul, Ribas do Rio Pardo, Rio Verde de Mato Grosso, Rochedo e Terenos. A portaria nº 170 reconhece a situação das cidades de Bandeirantes, Chapadão do Sul, Maracaju e São Gabriel do Oeste. Já a portaria nº 171 reconhece a emergência de Coxim, Nioaque, Paranaíba e Santa Rita do Pardo.
Na semana passada, o Ministério da Integração Nacional reconheceu a situação de emergência em três municípios: Ivinhema, Dois Irmãos do Buriti e Anastácio. Além disso, o MI já reconheceu a emergência em Mato Grosso do Sul acatando o decreto “E”, nº 2, publicado pelo governador André Puccinelli, no dia 11 de março, apresentando, por meio de processo preparado pelas secretarias estaduais e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec-MS), os prejuízos em rodovias, pontes e lavouras afetadas pelas intensas chuvas.
Conforme o coordenador estadual de Defesa Civil, coronel Ociel Ortiz Elias, do total de 25 municípios que declararam situação de emergência, 19 já foram reconhecidos pela Defesa Civil Nacional. “Os prejuízos materiais, como pontes e bueiros danificados, somam mais de R$ 96 milhões”, informou.
Para recuperar os estragos das chuvas na Capital do Estado, por exemplo, a prefeitura municipal estimou recursos de R$ 45 milhões. Houve estragos nas regiões urbana e rural da cidade, principalmente nos bairros Nova Lima, Laranjais e Jardim Carioca, além da avenida Ernesto Geisel e algumas estradas vicinais.
Em Aquidauana, o relatório da avaliação de danos revelou um prejuízo de cerca de R$ 24 milhões. “Isto está incluindo pontes, estradas, pavimentação da cidade, prédios públicos, abastecimento de água e rede de esgoto. Temos uma situação dramática e uma das maiores enchentes da historia da cidade”, ressaltou o prefeito Fauzi Suleiman, durante a visita do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, em Campo Grande, no início deste mês.
Alguns municípios contabilizaram prejuízos econômicos, como por exemplo, São Gabriel do Oeste e Maracaju que, por causa do volume das chuvas, tiveram perda na produção de soja. “Com o reconhecimento, quem teve perdas terá a oportunidade de renegociar dívidas junto aos bancos e buscar linhas de crédito para financiamento”, afirmou.
Coronel Ociel explica que o reconhecimento nacional significa mais um passo para a liberação de recursos para recuperar os estragos nos municípios. “Com o reconhecimento nacional há a possibilidade de receber recursos totais ou parciais. Assim que for definido esse valor para cada município, a próxima etapa será a de elaboração de planos de trabalho em cima do que será liberado”, explicou.
De acordo com o coronel Ociel, o reconhecimento nacional também mostra que todo o processo elaborado pelos municípios com o auxílio da Cedec-MS está correto. “A Cedec-MS vem desde o início dando apoio técnico para as prefeituras, auxiliando na elaboração dos processos. O decreto de situação de emergência é apenas uma peça de todo um conjunto em que foi preciso elaborar o formulário de Notificação Preliminar de Desastre (Nopred), documentação fotográfica, entre outros documentos”, disse.
Além do apoio técnico para a elaboração de processos, a Cedec-MS também auxilia os municípios com famílias desabrigadas ou desalojadas. Por determinação do governador André Puccinelli, os municipios de Paranaíba, Miranda, Dois Irmãos do Buriti, Anastácio, Coxim, Aquidauana e Miranda já receberam o auxílio da Defesa Civil Estadual.

terça-feira, 29 de março de 2011

Biografia mostra como José Alencar montou império e virou vice de Lula


Escrita pela jornalista Eliane Cantanhêde, colunista da Folha, a biografia "José Alencar - Amor à Vida" traz a seguinte dedicatória da autora: "Ao meu pai, José Araújo Cantanhêde, que morreu aos 63 anos de um câncer tardiamente diagnosticado."
A partir daí, o livro, que marca o lançamento do Primeira Pessoa, selo da editora Sextante, conta os passos que o biografado seguiu para montar um império do setor têxtil e acabar virando vice-presidente da República.
Divulgação
Conheça os livros de autoria da jornalista Eliane Cantanhêde
Alencar lutou contra um câncer na região do abdome por 15 anos por meio de sucessivas cirurgias. Antes de sua saga médica, o ex-vice de Lula era uma das vozes mais ruidosas contra os juros elevados do país, dando ressonância aos clamores do empresariado por uma queda significativa da taxa básica da economia, uma das condições para empréstimos mais baratos e maiores recursos para investir na produção.
Leia um trecho de "José Alencar - Amor à Vida".
*

A FESTA
O senador José Alencar Gomes da Silva pretendia comemorar seus 50 anos de vida empresarial em março de 2000, mas preferiu deixar passar as eleições municipais e realizar uma cerimônia suprapartidária no dia 11 de dezembro daquele ano, no Palácio das Artes, na avenida Afonso Pena, centro de Belo Horizonte. Tudo se passou em grande estilo e mudou o destino de Alencar se não o da própria história brasileira.
Numa festa impecável para mais de 4 mil pessoas, entre governadores, prefeitos, ministros, familiares e os principais líderes empresariais do país, Alencar narrou a história da sua vida de autodidata e self-made man. Apresentou em filme suas fabulosas empresas e abriu alas para Josué Christiano Gomes da Silva, o filho que assumiu o comando do império a partir do seu desvio de rota para a política.
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Auditório lotado, Alencar ao lado da mulher, Mariza Campos Gomes da Silva, e a apresentadora oficial anuncia: "Com o fim da Segunda Guerra, o mundo começou a vislumbrar um futuro de progresso e desenvolvimento. Respira-se otimismo e o clima é de crescimento econômico. É nesse ambiente de confiança que um jovem de 18 anos de idade, do interior de Minas Gerais, começa a construir seu futuro. É essa história que nós vamos contar."
A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, regida pelo maestro Emílio de César e acompanhada pela solista Tereza Cançado e pelo Coral Lírico do Estado, confere clima elegante, solene, quase erudito à cerimônia.
Com narração do próprio Alencar, um filme em cores mostra as 11 unidades do grupo Coteminas, desde a matriz, no norte de Minas, até as fábricas de fios, tecidos, toalhas de banho, toalhas de mesa, colchas, lençóis, meias e camisetas na Paraíba, no Rio Grande do Norte e em Santa Catarina, com nomes como Cotenor, Cotene, Cebratex e Wentex.
"Um colosso!", orgulha-se o narrador, repetindo uma das suas expressões mais frequentes em qualquer ocasião. Na tela, desfilam fábricas moderníssimas, automatizadas, com ambientes climatizados. A Cotenor, em Montes Claros, tem "o maior salão de tecelagem do mundo". A fábrica de lençóis, na mesma cidade, "tem quase um milhão de metros quadrados de área coberta, totalmente climatizada, com umidade e temperatura controladas".
Ainda segundo o ilustre locutor e homenageado do dia, a Wentex, de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, produz 5 milhões de camisetas por mês, todas para o mercado americano: "Estamos colaborando com o esforço nacional para fazer crescer as exportações brasileiras!" E mais: "Não há nada mais moderno e nada nessa dimensão no mundo. Os próprios suíços, que forneceram a maquinaria, dizem isso."
Mas o filme não para aí. O grupo construía àquela altura a usina hidrelétrica Porto Estrela, no Vale do Aço, em parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Companhia Vale do Rio Doce, na base de 1/3 para cada um.
E, last but not least, a Fazenda Cantagalo, que cria gado nelore e produz as cachaças Sagarana, Porto Estrela e, especialmente, a Maria da Cruz "a melhor aguardente artesanal fabricada no mundo", informa o locutor, na dupla condição de fabricante e consumidor.
O filme termina com cenas de meninos e meninas robustos e sorridentes em escolas, consultórios médicos, consultórios dentários, quadras de esporte e piscinas que o grupo oferece às famílias de seus funcionários. "Isso vale a pena, isso realiza muito a gente", ecoa o vozeirão de Alencar.
Fim da projeção, início de um show de ginastas olímpicas da seleção brasileira. O auditório vibra, e o homenageado ri, feliz da vida. Chega a vez do discurso de Josué, caçula e único homem de três filhos, que assumiu o comando da Coteminas aos 26 anos, depois de um desempenho acadêmico brilhante e diplomas de Direito e Engenharia, mais um mestrado em Administração na prestigiada Vanderbilt, nos Estados Unidos.
Seguro, sóbrio, Josué conta aos convidados o principal ensinamento do pai e chefe: "Nada resiste à força do trabalho e à grande confiança no Brasil que ele sempre incutiu em nós." O filho e herdeiro discursa, enaltecendo a postura da Coteminas no ano anterior, 1999, diante da abrupta desvalorização cambial do governo Fernando Henrique Cardoso, que deixara os empresários de cabelo em pé e um rastro de pessimismo, aumentos de preços e demissões.
"A Coteminas foi a primeira empresa que decidiu não aumentar seus preços", afirmava Josué, lendo, palavra por palavra, o texto do anúncio que o grupo publicara em jornais, revistas, rádios e televisões. A fala é quase uma síntese do discurso que Alencar manteve a vida inteira: simples, otimista e profundamente nacionalista.
"O único aumento de que se fala na Coteminas é o aumento da confiança no país. O Brasil é um país de imensas potencialidades, com um povo maravilhoso, dono de uma força interior inabalável. É nisso que a Coteminas acredita, e essa crença está presente em cada trama do tecido de uma toalha, de um lençol ou de uma camiseta que produzimos. Tanto que continuamos investindo em tecnologia e no crescimento de nossas unidades de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Norte. E mais: não estamos aumentando o preço de nenhum dos nossos produtos. Este é o investimento mais importante que a nossa empresa está fazendo: o investimento no futuro do Brasil."
Rindo, Josué pede desculpas ao governador Esperidião Amin, ali presente, por não ter citado Santa Catarina: "Só agora estamos chegando lá, mas não precisa ficar triste."
Tudo o que Amin não estava era triste. Ao assumir a Artex, de Blumenau, o grupo havia não apenas mantido, mas ampliado os empregos e a escola técnica para o setor. "Eles, Alencar e Josué, são parceiros fiéis e confiáveis, por quem tenho respeito e admiração", comenta Amin, uma década depois daquela festa.
Na sua fala, Josué resume a potência em números: investimentos de R$ 100 milhões ao ano, produção multiplicada por quatro de 1994 a 2000, crescimento anual do faturamento na faixa de 41,6%, aumento de 25 vezes nas exportações, com um valor de US$ 120 milhões por ano. E, com solavancos ou não na economia, já estavam contratados U$ 150 milhões de vendas para o exterior no ano seguinte, 2001.
A indústria em geral desempregava, mas Josué informa aos convidados que o grupo Coteminas havia quase dobrado suas vagas. "A única forma de gerar empregos é crescendo", pontifica.
Também arranca aplausos e risos ao falar sobre empréstimos e investimentos a uma plateia de produtores sempre ressabiados com os financiadores. Depois de lembrar o falecido tio Geraldo, o mais velho dos 14 irmãos de Alencar, diz que "o capital também tem de ser remunerado", mas defende que os financiamentos devem ser "conservadores e com taxas competitivas" e repete um ditado muito apreciado no mundo corporativo: "Não se pode entrar em banco nem para se proteger da chuva!"
O herdeiro conta que o pai começou a vida pedindo 15 mil cruzeiros (moeda da época) ao irmão Geraldo e, meio século depois, a Coteminas tinha R$ 1,3 bilhão em ativos, com taxa anual de crescimento de 25,5%.
Alencar fala em seguida, deixando evidente o contraste entre o filho e ele. Ambos são grandes empresários, mas um é elegante e técnico, e o outro, popular, desenvolto, jeitoso, como manda a boa tradição política mineira. Cheio de manha, Alencar é o ponto alto da própria festa, que invade teatro, foyer e saguão de entrada, até chegar aos jardins durante o coquetel.
Enquanto agradece a presença de seis governadores e 12 senadores, um garçom chega de mansinho, deixando um copo d'água no púlpito. Seu nome: Augusto Gerônimo Pedrosa, maître do restaurante da sede da Coteminas em Belo Horizonte desde 1993. Baixinho e meio careca, é uma figura discretíssima, mas conhecida de boa parte dos ilustres e ricos convidados muitos deles habitués de gabinetes ou casas de Alencar em Minas, Brasília, São Paulo e Rio.
Depois de citar governadores como Dante de Oliveira, de Mato Grosso, e Albano Franco, de Sergipe; senadores como Jader Barbalho (PA) e Pedro Simon (RS), do PMDB, seu partido na época, e prefeitos, como Célio de Castro, de Belo Horizonte, Alencar surpreende a plateia com uma deferência especial.
Para "motivo de muita honra mesmo", anuncia: "Aqui está, entre nós, nada mais, nada menos do que o grande brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva." E os aplausos para Lula são, inequivocamente, os mais contundentes de toda a cerimônia. Exceto, é claro, quando o aplaudido é o próprio Alencar.
A gravação da solenidade registra, nesse momento, um zoom em Lula, num terno cinza claro muito bem cortado, acima do peso e coçando a barba ambos, peso e barba, bem maiores do que nos anos seguintes de Presidência da República.
E como o metalúrgico e sindicalista Lula foi parar ali, no covil dos leões ou dos patrões? Simples. Ao emitir mais de mil convites, Alencar incluíra todos os presidentes de partido. O PT enviou os seus dois: Lula, o presidente de honra, e José Dirceu, o de fato e de direito, mineiro e que já andava de olho nesse empresário e político tão peculiar.
Apesar da presença maciça de políticos, Alencar que tinha adiado a festa de março para dezembro para fugir do cronograma eleitoral inicia seu discurso final, todo de improviso, dizendo o oposto do que se constatava ali: "É uma beleza essa festa para o nosso coração. Não é uma festa política, mas uma reunião de amigos, representados em quase todos os partidos."
E cita o líder comunista chinês Deng Xiaoping (1904-1997): "Não importa a cor do gato, o que importa é que ele cace o rato." Ele mesmo decifrou a metáfora: "Não importa a coloração ideológica, o que importa é o bem comum." Aplausos, muitos aplausos naquele auditório, que, ao contrário, tinha coloração ideológica bastante clara. E não exatamente pró-regime comunista chinês.
Apesar disso e do tom eclético, suprapartidário, Alencar faz uma concessão ao PMDB, saudando o senador gaúcho Pedro Simon como "o candidato do nosso partido à Presidência da República". Conforme a história registra, Simon nunca chegaria a ser realmente candidato. E Alencar, muito provavelmente, sabia bem disso. Quis apenas fazer um gesto de cortesia.
Se alguém tivesse de apostar naquele momento, o mais provável era que o astuto empresário e estreante senador, em segundo ano de mandato, preferisse um candidato tucano. Mas não há registro da cúpula nacional do PSDB na festa decisiva. As principais estrelas do partido foram o ex-governador de Minas Eduardo Azeredo, o ex-prefeito de Belo Horizonte Pimenta da Veiga e o então governador de Mato Grosso Dante de Oliveira (1952-2006) que entrou para a história como o jovem deputado da emenda das "Diretas Já", de 1984, e a quem Alencar se referiu com especial carinho.
Como governador, Dante concedera incentivos fiscais para a produção de algodão, que era obviamente fundamental para as empresas de fiação e tecelagem dos Gomes da Silva. O gesto quebrou um tabu. Os produtores nacionais enfrentavam então uma avalanche de impostos, não eram competitivos e o mercado brasileiro estava inundado pela oferta barata da Ásia, da Europa e da África. Dante, sempre visionário, rompeu essa barreira.
"É um milagre o que o Dante está fazendo em Mato Grosso, que produziu no ano passado 320 mil toneladas de algodão, mais do que toda a produção nacional", discursa o homenageado.
Alencar não se esquece de elogiar também o povo brasileiro: "Honesto, pacífico, inteligente, versátil. Talvez a miscigenação nos confira essa versatilidade toda, invejada no mundo inteiro."
E, claro, aproveita para falar num dos seus orgulhos: a capacidade de gerar empregos. A Coteminas somava, então, 12 mil funcionários. Considerando-se as coligadas, eram 16.200, o que resultava em "50 mil brasileiros que vivem dessas empresas". Ao homenagear "os companheiros" que trabalharam durante anos ou décadas na Coteminas, afirma: "Nunca dispensamos ninguém. E temos sobrevivido."
Critica, ora, ora, a carga tributária, um dos seus temas prediletos nos primeiros anos do governo Lula. E, apesar de se identificar mais com o centro, é duro com o então governo de Fernando Henrique uma das ausências mais notadas na ocasião, ao reclamar da venda de empresas estatais "a preço de banana" para pagar os juros da dívida externa. "Estamos negociando mal!", acusa.
O resultado, na opinião de Alencar, era que as indústrias nacionais se viam prejudicadas num rápido e irreversível processo de globalização, sem competitividade ou pelo menos igualdade de condições: "A competição é desigual e predatória", brada sob aplausos.
E, nesse ponto, inicia o relato de sua própria história, desde que saiu de casa na pequena Miraí aos 14 anos rumo a Muriaé, ambas no interior de Minas Gerais. "Mas não foi para estudar, não, porque meu pai não tinha condições de pagar. Foi para trabalhar mesmo." Ao se despedir da família, disse:
- Bênção, pai, bênção, mãe.
Ouviu então do pai, Antônio Gomes da Silva, uma frase que passou o resto da vida repetindo e levando a sério:
- O importante na vida é poder voltar.
Aos 18 anos, pediu a seu Antônio para ser emancipado legalmente (a maioridade era aos 21) e pegou dinheiro emprestado com o irmão Geraldo, quase 18 anos mais velho, para abrir seu primeiro negócio: "A Queimadeira", uma loja de tecidos em Caratinga.
Eram 15 contos de réis, e ele pagava 1,5% de juros ao mês a Geraldo.
Um belo dia, o gerente da agência do Banco Hipotecário e Agrícola do estado de Minas Gerais, também chamado Geraldo - Geraldo Santana-, questionou:
- Ô menino, seu irmão está cobrando juros muito caros! Eu ofereço 1%.
Encucado, Alencar procurou o outro Geraldo, seu irmão, e cobrou. Resposta:
- Eu nunca te cobrei juros. Aquilo é o aluguel do dinheiro!
A plateia quase vem abaixo, as risadas correndo soltas.
E qual a diferença entre juros e aluguel do dinheiro? Geraldo explicou, de irmão para irmão: no banco, a promissória vence e as pessoas têm de pagar de qualquer jeito, senão perdem tudo. Com ele, Alencar só precisaria pagar o aluguel do dinheiro, deixando para amortizar o principal quando tivesse condições para isso.
- Então, você me doou o dinheiro? quis saber Alencar.
Resposta:
- Não doei nada. Quando você fizer capital, você vai me pagar. Mas aí não vai te fazer falta.
Moral da história, 50 anos depois, nas palavras de Alencar: "Aprendi que o dinheiro tem custo e precisa ser remunerado, e que o dinheiro de longo prazo é um estímulo para o jovem começar a vida."
Lembra também o pulo do gato da sua vida empresarial, quando ele e o sócio, Luiz de Paula Ferreira, criaram a Coteminas com apoio da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) e como isso foi decisivo para todo o resto da história.
Entre uma coisa e outra, ou entre aquele primeiro empréstimo de Geraldo e o apoio da Sudene, muita água rolou. E, claro, Alencar não deixa de contar ali, naquela solenidade, como começou a vida ganhando 300 cruzeiros por mês como vendedor, morando num cantinho de corredor num hotel barato, depois de uma longa negociação com a proprietária, dona Maria. Ela queria cobrar 280 contos de réis pelo cantinho e três refeições por dia. Ele teria pechinchado ao máximo:
"Foi o primeiro negócio que fiz na minha vida, aos 14 anos de idade", exulta como se tivesse acontecido dias antes. "Equilibrei meu orçamento quando chegamos a 220 contos de réis e com roupa lavada!" Novos aplausos, novos risos. A plateia já estava totalmente cativada.
Dez anos depois, o petista José Dirceu seria capaz de lembrar "daquele discurso belíssimo, politizado, otimista, desenvolvimentista" e da impressão que aquele empresário causara nele e no próprio Lula: "Alencar era contemporâneo, não era alguém do passado. Ficava evidente que era um homem que ia fazer muita coisa, não um homem que já tinha feito. Não era uma comemoração de alguém que estava se aposentando. Porque todo o discurso dele, todo o estilo dele, toda a oratória dele tinham a força de alguém que estava construindo. A sensação que eu tive era de alguém que queria governar o Brasil."
Alencar discursa e, em seguida, Adriano Silva, fiel escudeiro, vai discretamente até Lula, cumprimenta-o e pergunta se gostaria de "falar algumas palavras". Lula retribui o convite com um sorriso, agradece e declina. Depois, cochicha ao ouvido do presidente de fato do PT:
- Zé, vai você, que é de Minas e conhece melhor essa gente aqui.
Dirceu é recebido com pálidas palmas ao se aproximar do microfone, mas faz um discurso essencialmente político e capricha no sotaque mineiro. Em Roma, como os romanos.
"O Lula quis me dar o privilégio de falar em nome dele e do PT porque sou mineiro, e você, José Alencar, honra Minas Gerais e o Brasil como cidadão e homem que sonha com o Brasil", começa Dirceu. E prossegue:
"Este Brasil do qual o senador fala com tanta paixão nunca foi o país do possível, sempre foi o país da audácia e do sonho. Nós temos um sonho para o Brasil, e esse sonho depende muito do empresariado brasileiro. Precisamos de um projeto de desenvolvimento nacional, e esse projeto não existirá sem o empresariado. Hoje, o que assistimos é que grande setor do nosso empresariado vive de costas para o Brasil, não acredita mais no nosso Brasil. De costas para o Brasil, não vamos a lugar nenhum."
Ainda Dirceu:
"O senador José Alencar representa uma liderança daquelas que acreditam no Brasil. Essa é a nossa mensagem aqui, hoje, mensagem de fé no Brasil, uma fé que pode ser muito bem representada pela vida e pela obra do senador José Alencar."
Encerra lembrando uma máxima do próprio pai: "Desejo-lhe muita saúde, porque, como meu pai sempre dizia, do resto, nós cuidamos trabalhando." Foi um voto premonitório, como se veria ao longo da década seguinte.
O desfecho da festa, depois de muitos e muitos discursos de loas ao homem, ao empresário e ao político José Alencar, reserva a leitura, nome por nome, dos mais antigos e fiéis funcionários da Coteminas. Chamam-se ao palco os que ali compareceram para cumprimentar o chefe e patrão.
O primeiro nome citado, para "um preito de profunda saudade", é o de Maria Auxiliadora da Silva Teixeira, a Dorinha, que trabalhou durante anos como representante da Coteminas em Minas e morrera de câncer havia pouco, em 8 de setembro do ano anterior. Ela sempre foi das irmãs mais queridas de Alencar e da família.
Entre os nomes, incluíam-se Fábio Vieira Marques Júnior, primeiro diretor da empresa no Rio Grande do Norte e depois da unidade de Montes Claros, em Minas, e Pedro Garcia Bastos Neto, vice-presidente industrial. Fábio e o filho de Pedro, o engenheiro Rospierre Vilhena Garcia Bastos, também funcionário da empresa, morreriam sete anos depois no acidente do Airbus da TAM que fazia o voo 3054 e explodiu no aeroporto de Congonhas em 17 de julho de 2007, com 187 vítimas a bordo e 12 no solo.
Eles tinham participado de uma reunião na fábrica de Santa Catarina e decidiram antecipar a volta para Minas, embarcando à última hora no voo 3054, que faria escala em Congonhas. A tragédia causou comoção na Coteminas.
Os velhos funcionários cumprimentam Alencar no palco e um batalhão de 200 garçons começa a se mover entre os 15 bufês quando Lula e José Dirceu vão cumprimentar o anfitrião. O papo é ótimo. Lula elogia a cerimônia e o sucesso das empresas, enquanto Alencar agradece pela presença, todo sorrisos. É desse primeiro contato olho no olho que se materializa o convite de Alencar para que os dois fossem pessoalmente visitar as sedes das fábricas do grupo.
Ao deixar o Palácio das Artes, Lula reflete sobre aquele homem que veio do nada e não pôde estudar, construiu um império, conquistou tanto prestígio, tinha mandato, falava de uma forma tão cativante, era um nacionalista convicto, respeitava os empregados e era politicamente liberal na prática, um suprapartidário. De quebra, Alencar era senador por Minas Gerais, estado-chave na eleição presidencial seguinte, a de 2002, e tinha um dom natural para a oratória. Discursava coloquialmente, com carisma e emoção.
Ao entrar no carro e bater a porta, Lula anuncia de chofre para José Dirceu:
- Encontrei o meu vice.


Biografia mostra como José Alencar montou império e virou vice de Lula








José de Alencar Gomes da Silva - Politico e Empresario

José Alencar Gomes da Silva

* Muriaé, MG, 17 de Outubro de 1931 d.C
Vice Presidente da República – Tomou posse em 1 de Janeiro de 2003 d.C
Empresário – Foi senador pelo estado de Minas Gerais
Sendo um dos maiores empresários do estado de Minas Gerais, construiu um império no ramo têxtil, sendo a Coteminas sua principal empresa. Elegeu-se vice-presidente da República do Brasil na chapa do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, conseguindo a reeleição em 2006, assegurando, portanto, a permanência no cargo até o final de 2010.


Desfilando em Brasília com o Presidente Lula no dia da posse




Foi, ao início, um vice-presidente polêmico, tendo sido uma voz discordante dentro do governo contra a política econômica defendida pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que mantém os juros altos na tentativa de conter a inflação e manter a economia sob controle.
Já a partir de 2004, passou a acumular a vice-presidência com o cargo de ministro da Defesa. Por diversas oportunidades, demonstrou-se reticente quanto à sua permanência em um cargo tão distinto de seus conhecimentos empresariais, mas a pedidos do presidente Lula, exerceu a função até março de 2006. Nesta ocasião, renunciou para cumprir as determinações legais com o intuito de poder participar das eleições de 2006.
Na vida política, foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, presidente da FIEMG (SESI, SENAI, IEL, CASFAM) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria.
Candidatou-se às eleições para o governo de Minas Gerais em 1994 e, em 1998, disputou uma vaga no Senado Federal, elegendo-se com quase três milhões de votos. No Senado, foi presidente da Comissão Permanente de Serviço de Infra-Estrutura – CI, membro da Comissão Permanente de Assuntos Econômicos e membro da Comissão Permanente de Assuntos Sociais.

O grupo da área têxtil cresceu como nenhuma outra companhia brasileira do setor. José Alencar Gomes da Silva fundou o negócio em 1950 a partir de uma lojinha de tecidos, e o DNA da família está presente no grupo até hoje. Josué Gomes da Silva, o filho de José Alencar, comanda a empresa, mas a política é clara. Não há privilégios. A direção é composta por vários profissionais do mercado e o que mais pesa é o talento individual.

Lula se emociona e chora ao falar da morte de José Alencar

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi às lágrimas nesta terça-feira (29), em Coimbra, ao falar sobre a morte do ex-vice-presidente José Alencar. "Conheço poucos seres humanos que tenham a alma de José Alencar, a bondade dele”, disse. “O Brasil perde um homem de dimensão excepcional”.

José Alencar, 79 anos, morreu às 14h41 desta terça (29), no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em razão de câncer e falência múltipla de órgãos, segundo informou o hospital. Lula e Dilma disseram ter recebido a notícia juntos, por telefone, pelo médico Raul Cutait.
Lula e Dilma regressam ao Brasil nesta quarta-feira (30), após cerimônia na Universidade de Coimbra de entrega do título "doutor honoris causa" ao ex-presidente Lula.
Lula e Dilma devem chegar a Brasília por volta das 20h desta quarta, segundo a assessoria do Palácio do Planalto. As reuniões de Dilma Rousseff com o presidente de Portugal, Cavaco Silva, e com o primeiro-ministro português, José Sócrates, foram canceladas.
O ex-presidente afirmou que vai dedicar o título de "doutor honoris causa" pela Universidade de Coimbra a José Alencar.

Fim de uma luta que durou 13 anos; câncer mata ex-vice-presidente José Alencar

Morreu no início da tarde desta terça-feira o ex-vice-presidente da República José Alencar. Ele foi internado na tarde de segunda-feira (28) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e faleceu hoje por volta das 14h45 (horário local) por falência múltipla de órgãos, aos 79 anos. De acordo com o boletim médico divulgado pelo hospital nesta manhã, Alencar tinha “quadro de oclusão intestinal e peritonite, em condições críticas”.

Alencar lutava contra o câncer havia 13 anos, mas nos últimos meses, a situação se complicou.
A internação tinha sido motivada pelas sucessivas hemorragias e pela necessidade de tratamento do câncer no abdômen. No dia 26 de janeiro, recebeu autorização da equipe médica do hospital para permanecer em casa. No entanto, acabou voltando ao hospital dias depois.
Durante o período de internação, Alencar manifestou desejo de ir a Brasília para a posse da presidente Dilma Rousseff. Momentos antes da cerimônia, cogitou deixar o hospital para ir até a capital federal a fim de descer a rampa do Palácio do Planalto com Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele desistiu após insistência da mulher, Mariza. Decidiu ficar, vestiu um terno e chamou os jornalistas para uma entrevista coletiva, na qual explicou por que não iria à posse e disse que sua missão estava “cumprida”. Na conversa com os jornalistas, voltou a dizer que não tinha medo da morte. “Se Deus quiser que eu morra, ele não precisa de câncer para isso. Se ele não quiser que eu vá agora, não há câncer que me leve”, disse.
Batalha contra o câncer
O ex-vice-presidente travou uma longa batalha contra a doença. Nos últimos 13 anos, enfrentou uma série de operações e tratamentos médicos. Foram mais de 15 cirurgias. Em abril de 2010, desistiu da candidatura ao Senado para se dedicar ao tratamento do câncer.
Desde 1997, foram mais de dez cirurgias para retirada de tumores no rim, estômago e região do abdômen, próstata, além de uma cirurgia no coração, em 2005.
A maior delas, realizada em janeiro de 2009, durou quase 18 horas. Nove tumores foram retirados. Exames realizados alguns meses depois, no entanto, mostraram a recorrência da doença.
Também em 2009, iniciou em Houston, nos Estados Unidos, um tratamento experimental contra o câncer. Alencar obteve autorização para participar, como voluntário, dos testes com um novo medicamento no hospital MD Anderson, referência no tratamento contra a doença. O tratamento não surtiu o efeito esperado e o então vice-presidente voltou a fazer quimioterapia em São Paulo.
José Alencar era casado com Mariza Campos Gomes da Silva e deixa três filhos: Josué Christiano, Maria da Graça e Patrícia.
Tratamento no exterior
O tratamento experimental nos EUA em 2009 não foi a primeira tentativa de Alencar de obter a cura fora do país. Ele já havia viajado para os Estados Unidos em 2006 para se tratar com especialistas. No ano seguinte, no entanto, os exames mostraram que o câncer havia se espalhado para o peritônio, uma membrana que reveste as paredes do abdômen.
Iniciava-se, então, a série de cirurgias na região. Em 2008, foram três internações. Em janeiro e em julho, exames mostraram uma reincidência de tumores abdominais. Em agosto, Alencar começou tratamento com um novo medicamento, a Trabectedina.
Com a saúde fragilizada, o ex-vice-presidente também foi internado por outros problemas. Em novembro de 2008, durante uma visita a Resende (RJ), teve fortes dores abdominais. O diagnóstico foi enterite (inflamação intestinal). Segundo os médicos, não havia relação com o câncer. Vinte dias depois, ele foi internado novamente, com quadro de insuficiência renal. Recebeu alta dois dias depois.
Sempre bem-humorado nas sucessivas vezes em que deixou o hospital Sírio-Libanês, chegava a brincar com seu próprio quadro clínico. "Estou melhor do que das outras vezes", repetia.
Após a maior das cirurgias, em 2009, Alencar saiu do hospital dizendo que não temia a morte. “Não tenho medo da morte, porque não sei o que é a morte. A gente não sabe se a morte é melhor ou pior. Eu não quero viver nenhum dia que não possa ser objeto de orgulho", afirmou. “Peço a Deus que não me dê nenhum tempo de vida a mais, a não ser que eu possa me orgulhar dele.”

 
 
 
 
Zeca destaca importância política de José Alencar e sua vinda ao MS em 2002
 
 
O ex-governador de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, lamentou a morte do ex-vice-presidente, José Alencar, que morreu nesta tarde por falência múltipla dos órgãos no hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

Zeca do PT ressaltou que Alencar é um homem público que honrou Minas Gerais e o Brasil. “Hoje perdemos um grande brasileiro, guerreiro, que deve ser lembrado por todos como exemplo de luta pela vida e principalmente por sempre ter acreditado em um Brasil justo e igualitário”, ressalta.
Zeca do PT guarda em seu memorial uma lembrança da visita de José Alencar a MS, em 2002, na campanha “Quero Lula Presidente”, a fotografia retrata o momento exato da chegada do então candidato a vice-presidente da república a Campo Grande.
“Guardo essa foto como uma recordação, um registro da visita de um grande companheiro e amigo, que esteve em MS para lutar por Lula presidente. Na ocasião participamos de uma carreata e um debate sobre o plano de governo que ele ajudou a construir, junto com o companheiro Lula, e com certeza partiu vendo que participou ativamente das mudanças profundas que o nosso país passou nesses últimos anos e pode ver que a luta valeu a pena, já que hoje vemos milhões de brasileiros e brasileiras que estão tendo a oportunidade de ter uma vida mais justa e digna. Tenho certeza que o Alencar irá descansar em paz, e entrará para a história, pois cumpriu o seu papel dignamente aqui na terra”, concluiu.

Prefeito de Campo Grande lamenta morte de José Alencar




O prefeito Nelson Trad Filho divulgou uma nota lamentando a morte do ex-vice presidente José Alencar, que morreu no início da tarde de hoje no Hospital Sírio Libanês.

O político morreu por falência múltipla de órgãos, aos 79 anos. De acordo com o boletim médico divulgado pelo hospital nesta manhã, Alencar tinha “quadro de oclusão intestinal e peritonite, em condições críticas”.
Confira a nota
O prefeito Nelson Trad Filho e a primeira-dama Antonieta Trad lamentam o falecimento do ex-presidente da República e ex-senador José Alencar, ocorrido na tarde de hoje (29/03) no Hospital Sírio Libanês em São Paulo, em decorrência do câncer.
Nelson Trad Filho e Antonieta Trad destacaram que a trajetória política do ex-presidente e a forma como lutou pela vida. O prefeito e a primeira-dama endereçam à família suas condolências e orações.




quinta-feira, 17 de março de 2011

Construção do Centro de Multiplo- Uso Rochedo -Ms

Indignado com a demora da Construção do Centro do Multiplo-Uso mandei um e-mail para a CGU para que ela pudesse fazer um levantamento oporque da demora da construção da obra e foi respondido da sequinte maneira:

  Em resposta à mensagem encaminhada por V.Sa., informamos que foi efetuado


levantamento de todos os instrumentos de repasse de recursos federais

(convênios e contratos de repasse) para o município de Rochedo, sendo

identificado que as obras em questão referem-se aos contratos de repasse nº

0267076-44 e nº 0233722-44, celebrados com Ministério do Turismo, com

interveniência da Caixa Econômica Federal (CEF). Referidos contratos

encontram-se dentro do prazo de vigência (31/05/2011 e 31/01/2012,

respectivamente) e os recursos federais envolvidos (R$146.250,00 e

82.875,00, respectivamente), foram disponibilizados pelo Ministério à Caixa

Econômica Federal (instituição financeira) que, até o presente momento, não

efetuou nenhum repasse à administração local, tendo em vista problemas

identificados na análise da documentação apresentada pela prefeitura.

De acordo com as informações disponíveis na página eletrônica da CEF, a obra

de construção do Centro de Múltiplo Uso encontra-se atrasada e a de

revitalização da praça central ainda não foi iniciada. Caso essas obras não

sejam executadas até o fim de suas vigências, os recursos federais deverão

ser devolvidos ao Ministério da Cultura pela CEF e os instrumentos

cancelados.

Por se encontrarem dentro do prazo de vigência e sob o acompanhamento da
CEF, tais empreendimentos não ensejam uma ação de controle específica da
CGU, tendo em vista a inexistência de irregularidades e/ou impropriedades na
aplicação dos recursos e de prejuízo potencial ou efetivo ao erário.
Conquanto, relacionamos abaixo todos os instrumentos de repasse celebrados
pelo município de Rochedo com a União, no período de 2007 a 2009 (2
convênios e 9 contratos de repasse), identificados no Sistema Integrado de
Administração Financeira do Governo Federal e na página eletrônica da CEF,
para conhecimento e exercício efetivo do controle social por parte da
comunidade do município:
Colocamo-nos à disposição, ainda, para troca de novas informações sobre a
aplicação dos recursos federais no município, bem como ressaltamos a
necessidade de contínua interação coma sociedade, o que contribui
sobremaneira para a tempestiva atuação do controle interno na correção dos
desvios ocorridos na execução das ações de governo in loco.
Atenciosamente,
Janaína Gonçalves Theodoro de Faria
chefe da Controladoria-Regional da União no Estado de Mato Grosso do Sul
CGU-PR/SE/CGU-R/MS
Telefone: (67) 3384-7