domingo, 28 de março de 2010

O GATO RECEBIA BOLSA FAMILIA

Lembram-se do Gato Billy? Aquele gatinho de estimação que durante um longo período estava na lista das crianças beneficiadas com o dinheiro do Bolsa Família, na cidade de Antônio João. Ele deixou de receber o ‘dinheirinho’ mensal do Governo Lula, morreu, e agora foi transformado em personagem principal de um filme produzido por um cineasta de Dourados.
Como o bichano tem sete vidas, acabou sendo ‘ressuscitado’ pelas mãos do pedreiro Celso Marques, que, movido pelo amor à sétima arte, lembrou-se de Glauber Rocha e, com “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” escreveu um roteiro e com pouquíssimo dinheiro começou a filmar.
Ao Midiamax, ele relatou um pouco dessa história. Eis a entrevista da semana produzida pelo jornalista Nicanor Coelho, de Dourados:
Celso é um homem simples, de pouco estudo. A boca desdentada e as mãos calejadas pela dureza do cimento e das construções não o impedem de sonhar. “Sou um artista. Quero que a minha arte seja reconhecida”, diz o cineasta, que passeia pela poesia e pela música.
No filme de Celso, o nome do gato ganhou uma nova grafia. Perdeu o “y” e agora é apenas “Billi”. O filme, segundo o cineasta, é uma sátira da situação política em Mato Grosso do Sul e no restante do Brasil.
“Caçada ao Gato Billi” foi feito de forma praticamente artesanal. Celso começou a filmar em Dourados e concluiu as gravações na cidade de Antonio João onde permaneceu por quinze dias. Parte das filmagens aconteceu na nascente do Rio Dourados e mostra um pouco da exuberância na natureza da região.
Celso ao escrever o roteiro de “Caçada ao Gato Billi” mudou um pouco o rumo da história original, mas manteve-se fiel a sua intenção de fazer uma crítica social. No filme, o personagem Pedro que mora em Dourados foi contratado por um “agente do governo” para caçar e capturar o Gato Billi.
Pedro procura o “Veio Cirilo” que tem um cachorro perdigueiroexcelente caçador e com faro fino para pegar gatos. Pedro segue para Antonio João com “Pega-gato” o cachorro de Veio Cirilo e começa a caçada do Gato do Bolsa Família. Na narrativa o dono do gato Billi é um sujeito mau que utiliza o felino em suas artimanhas para roubar as pessoas e tudo que encontra pela frente. Pedro acaba encontrando Billi e seu dono.
Levado para Dourados, o dono de Billi é amarrado a uma árvore até que a política chega. Envergonhado pela sanha criminosa o dono de Billisuicida-se. E o gato? Billi tinha mais vidas a sua disposição e continua vivendo à custa do seu trabalho. Não recebe mais o dinheiro do GovernoFederal.
Com duração de uma hora e oito minutos o filme foi apresentado na noite de sábado (27) no Cine Clube da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) antes do lançamento do seu primeiro filme “O Regenerado” e da sessão de autógrafos do seu livro “O Alcoólatra”.
Marques nasceu em Antonio João há 46 anos e morou em várias cidades de Mato Grosso do Sul e na Bolívia e Paraguai. Ficou apenas três anos na escola e como construtor garante o sustento da mulher e dois filhos.
Em 2004 publicou o seu primeiro livro “Os caminhos de uma vida”. Depois escreveu “O outro caminho de um sonho” e “A vida de ventania”. Ele conta de escreveu dezenas de livros, mas um incendiou que destruiu sua casa acabou transformando em cinzas os originais.
Com o filme “O Regenerado” Celso participou da quarta edição do “CurtaSantos Festival de Cinema” promovido pela TV tribuna. Celso também está em processo de gravação dos filmes “O Garimpeiro de ilusão” e “O Enforcamento” que deverão ser lançados até dezembro.
*COMO NASCEU BILLY?*
Tudo começou em 23 de setembro de 2008 quando foi descoberta a fraude contra o Programa Bolsa Família por um agente comunitário de saúde do município de Antonio João.
Nesta data o agente solicitou a ida de Billy Flores da Rosa ao Posto de Saúde da Família com a intenção de checar o peso e a estatura da “criança” conforme as exigências do Governo Federal para que continuasse a receber o benefício.
Para a surpresa geral Billy não passava de um gatinho da esposa doex-coordenadora do Bolsa-Família no município Eurico Siqueira da Rosa.Quando chegou ao posto de saúde a esposa do coordenador disse que Billy era seu gatinho de estimação. Ela explicou que o nome estava errado e que na verdade o benefício seria para um sobrinho seu que morava em outra cidade.


Por causa da descoberta Eurico da Rosa fez várias alterações no cadastro de famílias beneficiadas pela bolsa e substituiu o nome de Billy pelo de seu sobrinho e posteriormente por uma sobrinha. Finalmente ele trocou o nome de sua esposa pelo de sua cunhada como beneficiaria dos menores. Nem mesmo a descoberta da fraude impediu que Eurico recebesse o beneficio até dezembrode 2008.
O ex-coordenador arrecadou coma fraude do Gato Billy R$ 2116,00 durante o período de janeiro de 2006 a dezembro de 2008. Ele foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) que pediu a sua condenação por improbidade administrativa.

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