quinta-feira, 15 de abril de 2010

Fazenda de Zé Teixeira está associada à “Lista Suja”

Relatório da ong Repórter Brasil com apoio do Ministério Público Federal, sobre o impacto das lavouras de cana-de-açúcar, questiona o fato de propriedade rural do deputado estadual Zé Teixeira (DEM) ter sido arrendada para um grupo que esteve na “Lista Suja” do Trabalho Escravo.
Além disso, o documento aponta que a fazenda tem sido responsável pelo "envenenamento" de índios da etnia Guarani Kaiowá que moram em uma aldeia próxima. O estudo causou revolta do parlamentar que usou hoje a tribuna da Assembleia para protestar.A propriedade Santa Claudina, em Caarapó (275 km de Campo Grande), está arrendada para o grupo Nova América, da empresa paulista que detém a marca Açúcar União e se associou ao Grupo Cosan em 2009. Cosan havia sido incluído na chamada “Lista Suja” do Ministério do Trabalho, mas saiu no início de janeiro por uma decisão liminar.Divulgada em dezembro pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a última atualização da "lista suja" de empregadores flagrados com trabalho escravo traz o nome de sete fazendas de cana ou companhias sucroalcooleiras localizadas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Ceará.O relatório também destaca que a propriedade fica na terra indígena Guyraroca, dos índios da etnia Guarani Kaiowá, e que a área já foi vistoriada pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e teve o resumo de identificação e delimitação publicado no Diário Oficial, mas sem a efetiva demarcação por conta de briga judicial. De acordo com o documento, os problemas fundiários entre produtores de cana e indígenas são graves em Mato Grosso do Sul. Entre as 42 terras indígenas já reconhecidas no Estado, grande parte se concentra na região da expansão canavieira no Cone Sul. “O grupo de Guyrarocá vem reivindicando a área onde se encontra a fazenda de Teixeira desde 1990. Em 1999, sofreu violenta repressão policial que vitimou fatalmente uma criança durante a fuga de sua mãe”, diz o relatório. Já o deputado garante que a criança morreu de desnutrição.O documento destaca que a fumaça das queimadas de cana da Nova América e as “constantes fumigações de veneno” tem provocado problemas de saúde nas famílias indígenas da aldeia de Guyrarocá. Um líder indígena declarou que o veneno atingiu o córrego que abastece a aldeia.Nota técnica do MPF (Ministério Público Federal), diz que a ação dos fazendeiros no território também causou uma acelerada degradação ambiental, em especial desmatamentos da mata ciliar de córregos e rios. Além disso, estimativas dão conta de que 600 mil hectares de cerrado nativo poderão ser convertidos diretamente em de plantação de cana-de-açúcar até 2035 e outros 10 milhões, hoje com outras atividades agropecuárias, correm o risco de se tornarem grandes canaviais, um risco a produção de alimentos e geração de empregos. Em 2008, o setor sucroalcooleiro liderou o ranking do número de libertados do trabalho escravo no Brasil, conforme a CPT (Comissão Pastoral da Terra). Foram 2.553 (49%) libertados entre o total de 5.244 trabalhadores. Outro lado – Na sessão legislativa desta quarta-feira, o deputado estadual Zé Teixeira classificou de mentiroso o relatório elaborado por várias entidades, entre as quais, Comissão Pastoral da Terra, que aponta irregularidades em sua propriedade. Ele disse que o documento é tendencioso, prejudicial aos índios e à empresa e prejudica a imagem de Mato Grosso do Sul. Conforme a assessoria de imprensa do parlamentar, “o que mais intriga o deputado é que o documento foi elaborado por pessoas que sequer vieram ao Estado” e que foi elaborado com base em informações de um ex-funcionário que trabalhava na usina de cana e foi demitido.O documento foi feito com a participação da Pastoral da Terra, Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás, Fetaeg (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás), Ibiss (Instituto Brasileiro de Inovações pró-Sociedade Saudável), Ministério Público Federal, em Dourados, e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás.

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