sábado, 29 de outubro de 2011

Banco Central indica que fará um novo corte na taxa de juros

O Banco Central está vendo o mundo com óculos escuros. O cenário sombrio, descrito na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto, foi repetido no documento divulgado ontem, referente ao encontro da semana passada, no qual o BC explica os motivos para a queda de mais 0,50 ponto percentual na taxa de juros frente a uma inflação ainda em alta no mercado interno. Para o BC o ambiente econômico carrega um nível de incerteza “acima do usual” e o cenário externo, que já continha perspectivas de “reduções generalizadas e de grande magnitude” para o crescimento dos principais blocos econômicos, está ainda pior.
Segundo a ata, essa deterioração contribui para o freio dos preços no Brasil e, assim, os membros do Copom voltaram a assegurar que cortes moderados nos juros básicos “são consistentes” com o retorno da inflação para a meta de 4,5% em 2012.“O Copom reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza muito acima do usual, e pondera que o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, acumulou sinais favoráveis. O Comitê nota que, no cenário central com que trabalha, a taxa de inflação se posiciona em torno da meta em 2012, bem como identifica riscos decrescentes à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta”, diz o documento.

Incógnita

Com essa indicação, economistas e analistas de mercado apostam em mais uma queda de 0,50 ponto percentual este ano, com a taxa Selic chegando em dezembro a 11% ao ano. Nem mesmo a constatação de que a inflação estará acima do centro da meta em 2012 diminui a aposta. Na ata, o BC diz que trabalha com um “cenário central” em que a taxa de inflação se posiciona em torno da meta no ano que vem.
Para os economistas, o nível da taxa de juros em 2012 é ainda uma incógnita. As apostas, para o ano que vem, vão desde a manutenção da Selic em 11% — estimativa, por exemplo, do BES Investimento — até uma queda mais acentuada, com a taxa de juros básica da economia indo para um dígito, num patamar entre 9,50% e 9,75% ao ano, expectativa com a qual trabalha a Prosper Corretora. O economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos, avalia que o Banco Central não tem mais muito espaço para baixar a taxa Selic, já que não houve ruptura no cenário externo. “A solução para a Grécia e o fortalecimento do Fundo de Estabilidade Financeira da União Européia vão no sentido contrário, de atenuar a crise internacional”, observa.

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