domingo, 23 de maio de 2010

Semana: Midiamax sofre censura, vídeo gera confronto político e PSDB ameaça prefeito

Na semana em que o Midiamax completou oito anos de existência, uma determinação judicial tenta marcar a história do veículo com uma ordem que, por muitos, foi vista como uma censura. O PMDB, partido com longa história de poder no Mato Grosso do Sul, acionou o Judiciário para retirar uma enquete sobre a disputa pelo governo do Estado do ar. Conseguiu o que queria, mas revoltou os leitores do veículo que se manifestaram por meio de centenas de mensagens que chegaram à redação.
Na noite de sexta-feira, o veículo imediatamente cumpriu a liminar e encerrou a enquete, inicialmente prevista para ser concluída no dia 25 de maio. Tradicional neste site de notícias, a enquete visa permitir a votação dos internautas sobre temas variados. E, mais, nunca foi omitido que a consulta é uma mera sondagem sem qualquer valor científico. Uma mensagem na própria enquete passava tal informação. Mas, o PMDB não viu desta forma.
A alegação do partido, acolhida pela Justiça, é de que o Midiamax não informou precisamente que “não se trata de pesquisa eleitoral”. Durante todos os anos em que vem promovendo enquetes, o veículo nunca foi questionado, visto que sempre esteve claro seu caráter de levantamento de opinião, sem controle de amostras ou qualquer método de análise.
Além de ter interrompido, a divulgação da enquete, o Midiamax ainda precisará recorrer à Justiça contra a condenação à multa pedida pelo PMDB em valores que podem variar de R$ 53,2 mil a R$ 106,4 mil.
O ex-governador Zeca do PT que disputará o governo do Estado disse que o ato representa censura e não condiz com o período de democracia que o País vive. “Revela ainda, até onde ascende o limite ultrajante da soberba de um poder estabelecido e de um partido que igual ao seu dono, não consegue conviver com o contraditório e com a democracia”, escreveu. A enquete trazia Puccinelli com 29,25%; Zeca com 64,89%; nenhum 4,94% e não sei 0,92%.
Enquanto processa o Midiamax, o PMDB vê sua maior liderança no Estado, o governador André Puccinelli (PMDB), sendo questionado sobre possível promoção pessoal com o uso de recursos públicos. A denúncia do deputado estadual Paulo Duarte (PT) está sendo investigada pela Procuradoria Regional Eleitoral e ganhou mais um elemento nesta semana.
Um relatório anual da Fundação Estadual de Cultura com a foto do governador vai reforçar a representação. O livro foi confeccionado com material considerado extravagante pelos petistas. “Um luxo”, diria o autor da ação. Vale lembrar que além do livro já está nas mãos da Procuradoria o calendário do MS Forte (distribuído no meio do ano), as agendas do Detran e dois jornais publicitários do governo distribuídos em Corumbá e Jardim.
Mas, não foi só o ‘relatório de luxo’ que causou polêmica na Assembleia Legislativa na semana que passou. O deputado estadual Carlos Marun (PMDB) encontrou um expediente bem mais barulhento. Exibiu um vídeo no qual chama o prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha (PT) de mentiroso. Conforme as imagens, ele teria prometido ao governador um terreno para a construção de 1000 moradias. Promessa que não cumpriu, segundo Marun.
O prefeito enviou uma carta a Assembleia para se defender. Disse que doou sim o terreno para o governo construir moradias, mas o executivo estadual demorou em sua utilização. A prefeitura precisou da área para outros conjuntos habitacionais financiados pela CEF (Caixa Econômica Federal) e o governo consentiu que a transação fosse feita. E, agora, conforme Ruiter, estranhamente, reclama o terreno que recebeu e não utilizou.
Com a carta na mão, Carlos Marun se enfureceu. “Esta é mais uma mentira do prefeito de Corumbá. É tão mentirosa quanto as promessas de que doaria os terrenos. Pode escrever isso aí, é mais uma mentira”, esbravejou. Já Ruiter vê na atitude de Marun, a tentativa desqualificá-lo e desacreditá-lo. Para ele, o governo do Estado e o deputado fazem política de “jeito muito pequeno”.
Ainda na Assembleia, ao responder enquete da reportagem do Midiamax sobre seus próprios salários, os deputados estaduais informaram não saber quanto ganham. Alguns até ensaiaram respostas confusas e incompletas. Uma ação judicial tenta desde 2005, descobrir quanto de dinheiro público custam os parlamentares.
Além de fiscalização dos petistas, André Puccinelli enfrenta ainda dificuldades com as alianças eleitorais. O PMDB nacional exerce pressão contra o possível apoio dos diretórios estaduais ao tucano José Serra. O partido, como se sabe, fechou com Dilma Rousseff, do PT, e deve indicar o presidente da Câmara Federal, Michel Temer à vaga de vice.
Puccinelli pode acabar impedido de vestir a camisa de Serra. O partido faz consulta ao TSE para tentar barrar a campanha plena de governadores do PMDB ao tucano. Puccinelli pode ficar impedido, por exemplo, de aparecer no programa eleitoral ao lado de Serra, dividir um palanque oficial e ainda aparecer com ele em santinhos.
Da parte do governador, a reação foi sucinta: “O que diz a lei? A lei diz que não existe verticalização”, mencionou, citando a regra que determinava que os partidos repetissem nos estados, as alianças nacionais. Se ela ainda vigorasse seria um empecilho para o PMDB local que já esboçou sua preferência, é Serra, em sua maioria.
A única exceção é o prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB). Ele continua tão Dilma quanto antes e sofre ameaças por conta desta opção. A mais recente partiu do PSDB, um antigo aliado político.
O presidente regional do PSDB, Reinaldo Azambuja foi taxativo. “Se ele ficar com Dilma, vamos tomar providências”, disse. O dirigente promete sugerir ao partido em Campo Grande que entregue os cargos que tem na prefeitura e que os vereadores do partido (são três) passem a fazer oposição na Câmara.
Quando soube, Nelsinho rechaçou a cobrança. Ele garante que não deve nada ao PSDB. “A fatura política já está muito bem paga”, disse, mencionando ter ajudado na eleição dos vereadores da sigla em 2008. Contudo, ele duvida da debandada e acha que haverá uma saída harmônica para o impasse.
No fim de semana, Nelsinho buscou saída também, ou melhor, um final para a novela da suplência que se arrasta há meses. Juntou 17 vereadores da base aliada em sua residência e angariou o apoio de todos para indicar o vice-prefeito Edil Albuquerque (PMDB) à primeira-suplência de Murilo Zauith (DEM) que quer concorrer ao Senado, mas não encontrava um parceiro de chapa.
O prefeito encerrou a reunião de ontem com recado claro, se Murilo não aceitar Edil, ele “lava as mãos”. Não quer mais se debater nesta questão.
Ainda cercado pelos vereadores, o prefeito protagonizou outro lance que gerou expectativas. Mencionou, em tom de brincadeira, a possibilidade de se afastar da prefeitura para fazer campanha. Depois, durante entrevista coletiva preferiu amenizar. Disse que, em princípio, isso não está previsto, porém “não está descartado”.
O prefeito não pode concorrer a cargos visto que não renunciou no tempo exigido pela legislação. Mas, licenciado, poderia atuar em tempo integral como cabo eleitoral de Puccinelli ou até de Dilma. Ele é cotado para atuar como coordenador da campanha do governador em Campo Grande. Também foi lembrado para integrar a frente de prefeito pró-Dilma. Quando a estas possibilidades, o prefeito diz apenas que não tem nada definido.

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