quinta-feira, 28 de abril de 2011

Puccinelli perde no STF ação contra jornada de professores

Após dois anos e meio de batalha judicial, o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou na tarde desta quarta-feira a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 4167, movida por cinco governadores, entre os quais André Puccinelli (PMDB), de Mato Grosso do Sul, contra a Lei 11.738, de 2008, que criou o piso salarial profissional nacional e que determina também que 33% da jornada do professor devam ser dedicadas às atividades fora da sala de aula.

Pela lei na composição do piso salarial do professor não entram os adicionais ou gratificações. Vale apenas o vencimento básico do professor por jornada de 40 horas semanais de trabalho.
“Foi uma vitória não só para os professores e, sim, para educação de todo o Estado”, comemorou Jaime Teixeira, presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores na Educação de Mato Grosso do Sul).
Além de Puccinelli, os governadores do CE, RS, SC e PR, reagiram contra a Lei, ingressando com a ADI no final de 2008. À época, o STF deu ganho de causa parcial aos governadores. E a lei foi suspensa por meio de liminar. Agora, a partir da publicação do acórdão, a medida deve ser aplicada logo.
O presidente da Fetems disse ainda que a decisão deva mexer nos salários dos professores. “A lei não era cumprida desde 2008, por força de liminar, agora com o desfecho judicial, temos de fazer uns cálculos, afinal o piso salarial era composto também por gratificações e adicionais e isso não pode mais acontecer”, disse Teixeira.


Com a decisão do STF, um professor que cumpre jornada de 40 horas semanais, por exemplo, terá seu expediente dentro da sala de aula reduzido para 26.5 horas. O restante, 13.5 horas, o profissional da educação deve investir em formação continuada, planejamento, correção de provas e trabalhos, entre outras atividades.
Em 2008, assim que ingressou com a ADI, Puccinelli deu uma opinião sobre o tempo de planejamento de aula fora das salas, note: “Eu fui cirurgião de trauma. Aí um doido te atropela, foge, você está sangrando e entra em choque. Eu vou planejar 13 horas como fazer a cirurgia?”, questionou. “Não tem necessidade de aumentar horas de planejamento e diminuir o essencial, que é ensinar o aluno. O que precisa é dar aula para a gurizada”, acrescentou. Puccinelli disse que o tempo maior para o planejamento vai exigir a contratação de ao menos 2.800 professores.

domingo, 3 de abril de 2011

Jovens de classe média alta se envolvem em confusões por falta de limites, diz psicóloga

Nos últimos meses jovens de famílias de classe média alta tornaram-se assunto quase que diário na imprensa de Campo Grande.


No dia 20 de fevereiro, um jovem destruiu uma caminhonete de luxo após perder o controle do carro e capotar num bairro da capital. Testemunhas disseram que o rapaz estava realizando manobras arriscadas momentos antes do capotamento.
Na madrugada do dia 19 de março, um bacharel em Direito, lutador de artes marciais, se envolveu numa briga que terminou com a morte do segurança de um boate frequentada por jovens ricos.
O acusado, que está preso, agrediu o segurança após ter sido retirado de dentro de um bar por causar transtornos aos funcionários e clientes do local.
E na última semana, um estudante universitário acabou detido após levar um tiro à queima roupa de policial civil. O rapaz estaria estava tentando fugir de uma briga na qual se envolveu durante festa em uma república de estudante.

Em todos os casos, chama a atenção o fato de os implicados serem jovens com situação financeira privilegiada. A psicóloga e mestre em saúde mental, Ludmila de Moura, explica o que leva jovens de famílias de classe média-alta a cometerem atos agressivos e inconsequentes.

O que leva jovens de classe média, que supostamente têm tudo o que precisam financeiramente, a cometer atos violentos e inconsequentes?
Ludmila: A falta de limites no sentido de entender que onde termina o direito dele começa o direito do outro. Esses jovens têm dificuldade de lidar com a Frustração, não lidam bem quando não conseguem o que querem. Nós chamamos isso de comportamento infantil porque assim como uma criança, esses
jovens só querem o que lhes dê prazer, tudo gira em torno deles.

Os pais estão diretamente ligados a essa transgressão de caráter dos filhos?
Ludmila: Os pais precisam educar os filhos a lidar com o principio do prazer de uma forma controlada. Eles precisam entender que tudo gira em torno deles. Em casa ou fora dela esses jovens precisam agir com o principio da realidade e, isso, eles vão adquirir com experiências que de perda. Eles precisam desenvolver e compreender regras sociais. Precisam saber quais são seus direitos e deveres. Quando mais cedo a criança aprender a lidar com isso, mais fácil o pai vai conseguir controlar.

Antes de agredir o segurança, o rapaz [que está preso] já havia se envolvido em outras confusões. Em 2009 ele agrediu um jovem durante na saída de uma festa. Esse tipo de comportamento pode ser uma forma de tentar chamar a atenção dos pais?
Ludmila: Os jovens têm esse tipo de comportamento porque eles querem se valorizar. Eles querem chamar a atenção dos pais. A adolescência é um período crítico, e aí que eles se envolvem em grupos que não são bons e acabam se envolvendo com gangues. Dependendo de como o pai foi para ele na infância ele provavelmente não terá problema nenhum. Agora se os pais foram ausentes de atenção, ele pode acabar indo para o lado da violência e marginalidade.

A educação que os pais dão é o que determina o comportamento de um jovem?
Ludmila: Na verdade são três aspectos, o biológico, o ambiente e a sociedade. O biológico é do organismo, algumas pessoas são mais tolerantes, outras já são mais irritadas. É comum vermos irmãos com várias diferenças comportamentais. Enquanto um é mais calmo o outro é mais agitado. O Ambiente é a família, a escola, os amigos, os lugares que frequenta. E eles são muito importantes para a formação. O terceiro aspecto é a sociedade, a cultura. A sociedade é voltada para o ser, é muito competitiva. Tem a pressão social, a individualidade e a ideia de que você tem que se satisfazer a qualquer custo.

Como os pais percebem que os filhos estão com demonstrando que há algo de errado com a personalidade deles?
Ludmila: Quando ele não está se importando com o outro. Quando ele não se preocupa mais com a conseqüência da atitude dele. E é aí que o pai tem que ensinar o filho que existe o certo e o errado. Quando é criança e vai lá e toma alguma coisa do coleguinha, o pai explica que não pode que tem que devolver. O problema é que tem pais que acham que os outros estão ali só para servir o filho e a criança cresce com o mesmo pensamento. A pessoa tem que sentir culpada quando faz algo errado, ela ter que se arrepender, tem que ter vergonha.

É comum jovens terem esse tipo de comportamento?
Ludmila: Isso só é comum até os três anos de idade, quando é normal a criança ter esse tumulto egocêntrico, mas com o cuidado dos pais em ensinar que ele tem que pensar no outro, esse egocentrismo vai ficando de lado. Apenas 10% das crianças desenvolvem alguma patologia que precisam de tratamento.

Quando os pais devem procurar ajuda para lidar com o filho?
Ludmila: Quando ele não está conseguindo colocar limite. E aí, esse pai também precisa de ajuda, porque o filho pressiona e o pai acaba abrindo a guarda. É comum vermos pais terem uma postura firme e a mãe acobertar as coisas erradas que os filhos fazem. Isso é muito ruim, porque ele sabe que se fizer alguma coisa, a mãe vai ajudá-lo a esconder do pai.

Os adultos têm que dar exemplo, não adianta falar para não fazer, se não der o exemplo.
Depois de grande é muito difícil mudar a personalidade do individuo que já está formada, mas sempre temos esperança de conseguir. Por isso a hora de ensinar coisas boas e corretas aos filhos é durante a infância.



Líder de prefeito na Câmara tenta pacto com vereadores para ‘salvar’ Dourados

O prefeito Murilo Zauith (DEM) deverá enviar uma mensagem à Câmara Municipal de Dourados que será lida na sessão de amanhã à noite anunciando que o vereador Walter Hora (PPS) será seu líder no Poder Legislativo.

Walter Hora disse que a sua missão será conseguir a união de todos os vereadores para o que chamou de projeto para a salvação da cidade.
Os partidos dos doze vereadores que integram a Câmara fizeram parte da coligação que elegeu Murilo em fevereiro para o mandato tampão até 31 de dezembro de 2012, incluindo ai o PT (Partido dos Trabalhadores) que tem dois vereadores.
O líder de Murilo mesmo com a sua boa intenção e capacidade de argumentação não conseguirá êxito em manter unida a bancada petista. Apenas o vereador Dirceu Longhi (PT) é fiel ao projeto de Murilo referendado durante a eleição.
Elias Ishy (PT) que tentou até a última hora estragar a coligação do seu partido com o DEM mantendo sua pré-candidatura a prefeitura disse que não vai apoiar a administração de Murilo.
“O PT pode continuar apoiando o Murilo mas eu não entro neste barco”, disse Ishy que pretende manter uma postura independente na Câmara Municipal.
O petista rebelde afirmou que não pode ser incoerente em sua postura política. “Fui contra a coligação com o DEM desde o primeiro minuto e não será agora que vou trair meus princípios e meus companheiros transformando-me num adesista oportunista”, enfatizou Ishy.
A composição das bancadas na Câmara Municipal de Dourados depois de concluídas as Comissões Processantes que culminaram com a cassação e renuncia de nove vereadores ficou a seguinte: O DEM (Democratas) tem quatro vereadores; Aparecido Medeiros, Gino Ferreira, Idenor Machado e Pedro Pepa.
Logo depois vem o PDT com os vereadores Alberto Alves dos Santos e Cemar Arnal. O PT também tem dois vereadores: Dirceu Longhi e Elias Ishy.
São vereadores também Juarez Amigo do Esporte (PRB), Walter Ribeiro Hora (PPS), Albinos Mendes (PR) e Délia Godoy Razuk (PMDB) que deverão ser unir para compor o bloco das minorias.
Murilo só se tornou prefeito porque no ano passado operação da Polícia Federal pôs na cadeia o ex-prefeito, o ex-vice e nove dos 12 vereadores da cidade por suposta ligação com esquema de fraude em licitações.


Obra anunciada por Puccinelli emperra e alunos se ‘espremem’ em sala de aula

Centenas de alunos da Escola Estadual Presidente Vargas, maior escola pública de Dourados, estão estudando em minúsculas salas de aula, confinados em espaços inferiores a trinta metros quadrados.

A situação perdura desde o início de 2010 quando os cerca de 2.500 alunos deixaram o antigo prédio que não oferecia mais condições de uso e foram abrigados a estudarem em outro prédio distante do centro da cidade.
No final de 2009 o governador André Puccinelli (PMDB) anunciou a reconstrução do prédio da Escola Presidente Vargas depois de vários anos de luta da comunidade que chegou a fazer uma campanha para conseguir a obra.
No início do ano letivo em 2010 os alunos foram transferidos para o prédio da antiga escola UEDI onde não existe espaço suficiente para atender toda a clientela escolar.
Por causa disso cerca de trezentos alunos tiveram que ser remanejados para outras escolas enquanto que cerca de dois mil alunos ficaram no prédio da UEDI.
O professor Nei Elias Coinethe de Oliveira, diretor da Escola, afirmou que foi necessário readaptar o prédio para acomodar todos os alunos.
Desta forma as salas foram divididas ao meio para abrigar as turmas com até 25 alunos, enquanto que as salas maiores ficaram para as turmas com 40 alunos ou mais.
O diretor disse que a obra de reconstrução do antigo prédio da Escola Presidente Vargas que tinha 24 salas de aula foi anunciado pelo Governo do Estado e muito comemorada pela comunidade, mas o tempo está passando e nada foi feito.
Conforme dados da Secretaria Estadual de Educação a obra de reconstrução consumiria recursos na ordem de R$ 6 milhões do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) com contrapartida do Estado e ainda dinheiro de emenda ao Orçamento da União.
Como a obra ainda não começou o prédio antigo da Presidente Vargas que fica no centro da cidade está tomado pelo matagal e algumas paredes começam a cair.
Além da falta de espaço no prédio alugado pelo Governo do Estado, os alunos da Escola Presidente Vargas sofrem com a locomoção de suas casas aulas.
Alguns precisam pegar até três ônibus para chegar à escola que ficam distante quase quatro quilômetros do centro e da Estação de Transbordo. O corpo discente da Escola Presidente Vargas é formado por alunos de praticamente todos os bairros de Dourados.
A Escola Estadual Presidente Vargas foi criada pela Lei n°427 de 02 de outubro de 1951 por onde passou várias gerações de douradenses.

Governo reajusta pedágio sobre ponte do rio Paraguai

Daqui uma semana vai ficar mais caro para atravessar a ponte de concreto sobre o rio Paraguai, na divisa das cidades de Miranda e Corumbá, caminho do Pantanal sul-mato-grossense. O último aumento, segundo a assessoria de imprensa do governo estadual, ocorreu em 2001, 11 anos atrás.

O reajuste do pedágio, que entra em vigor no dia 11 deste mês, foi anunciado pelo secretário estadual de Obras, Wilson Cabral Tavares. Segundo ele, “o reajuste se faz necessário, uma vez que, ao longo desses anos, ocorreram altas significativas nos custos operacionais para a manutenção da ponte gerando dispêndio de difícil suporte”.
O pedágio em questão é cobrado dos condutores ou proprietários de quaisquer espécies de veículos automotores, que utilizam a ponte de concreto como meio de passagem sobre o rio Paraguai.
São isentos da cobrança os condutores de veículos automotores de propriedade da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive de suas autarquias e fundações, bem como dos veículos pertencentes aos governos de outros países e destinados às suas representações diplomáticas, de acordo com o artigo terceiro da Lei estadual nº 1.480, de 4 de fevereiro de 1994.
Conforme fixa a resolução SEOP/ nº 001 de 31 de março findo, a partir de 11 de abril, o valor do pedágio para motocicletas passará a R$ 3,30. Veículos leves tais como automóveis, caminhonetes, furgões, reboques de dois eixos e similares pagarão R$ 5,50 enquanto caminhões e ônibus com rodado duplo de até 3 eixos terão pedágio de R$ 11,00 e veículos pesados (caminhões e ônibus com mais de 3 eixos) pagarão R$ 22,00. (com informações da assessoria do governo de MS).

Banida desde a ditadura, filosofia vai ter livros didáticos distribuídos nas escolas públicas

A filosofia vai voltar, na prática, para o conteúdo curricular dos alunos de ensino médio, depois de 47 anos fora dos currículos das escolas de educação básica no país. No ano que vem, as escolas da rede pública receberão pela primeira vez, desde a ditadura, livros didáticos da disciplina para orientar o trabalho dos professores. Foi o regime militar que baniu a filosofia das escolas.

Em 2008, uma lei trouxe de volta a filosofia e a sociologia como disciplinas obrigatórias para os estudantes do ensino médio. A professora Maria Lúcia Arruda Aranha ensinava filosofia em 1971 quando a matéria foi extinta pelo governo militar. Hoje, é uma das autoras dos livros que foram selecionados para serem distribuídos aos alunos da rede pública pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
“Ela desapareceu [a filosofia nas escolas] na década de 70 e reapareceu como disciplina optativa em 1982. Mas, nesse meio tempo, eu continuava dando aula em escola particular. A gente ensinava, só que o nome da matéria não podia constar como filosofia”, lembra.
Ela avalia que o país “demorou demais” para incluir as duas disciplinas novamente entre as obrigatórias e ainda falta “muito chão” para que elas sejam ministradas da forma adequada. Ainda faltam professores formados na área já que, por muito tempo, não havia mercado de trabalho para os licenciados e a procura pelo curso era baixa. Em 2009, 8.264 universitários estavam matriculados em cursos superiores de filosofia – 78 vezes menos do que o total de alunos de direito.
Muitas vezes são profissionais formados em outras graduações como história ou geografia que assumem a tarefa. Os livros didáticos devem ajudar a orientar os docentes no ensino da filosofia. “O livro é muito importante porque dá uma ordenação do conteúdo e propõe como o professor pode trabalhar os principais conceitos, como o que é filosofia e a história da filosofia. Mesmo o aluno formado na área, às vezes, não está acostumado a dar aula para o ensino médio, não tem dimensão de como chegar ao aluno que nunca viu filosofia na vida”, explica.
A história da filosofia, as ideias dos principais pensadores como Platão, Kant e Descartes, servem de base para ensinar aos jovens conceitos básicos como ética, lógica e política. Mas Maria Lúcia ressalta que é muito importante conectar o conteúdo com a realidade do aluno para que ele “aprenda a filosofar”.
“O professor deve apresentar o texto dos filósofos fazendo conexões com a realidade daquele tempo em que o autor vive, mas também estimular o que se pensa sobre aquele assunto hoje. Isso desenvolve a capacidade de conceituação e a competência de argumentar de maneira crítica. Ele aprende a debater, mas também a ouvir”, compara.

sábado, 2 de abril de 2011

Luiz Inácio "Lula" da Silva

Em 27 de outubro de 1945, em Vargem Grande, atual Caetés, numa família de pequenos lavradores, nasce Luiz Inácio da Silva (o apelido “Lula” só foi acrescentado ao nome em 1982). Sobre a data de nascimento, conta Lula: “Até hoje, é a maior polêmica. Porque meu pai me registrou dia 6 de outubro... Na verdade, eu prefiro acreditar na memória de minha mãe, que diz que eu nasci no dia 27”. Coincidência feliz: 57 anos depois, os dois turnos da eleição que decidiria o futuro presidente do Brasil aconteceriam nestes mesmos dias 6 e 27 de outubro.

Lula ainda era bebê quando o pai, Aristides, migra para trabalhar em São Paulo, na estiva do porto de Santos. No sertão de Pernambuco ficam a mulher, Dona Eurídice, e os oito filhos. Em 1952 é a vez da mãe, Lula e seus sete irmãos cumprirem o ritual de milhões de nordestinos. Numa viagem de 13 dias num pau-de-arara, migram para o Guarujá, no litoral paulista.
Em 1956, Lula, a mãe e os irmãos se mudam para a capital paulista, mas as condições de vida não melhoraram muito. Moram num quarto minúsculo nos fundos de um bar, na Vila Carioca. São anos de pobreza, mas felizes. Todos trabalham. Nas horas livres o menino Lula se diverte com brincadeiras de moleque: bolinha de gude, peão, pipa, guerra de mamona e muito futebol.
Lula começa como engraxate e, aos 12 anos, faz entregas para uma tinturaria. Aos 14 consegue seu primeiro emprego com carteira assinada, numa metalúrgica. Mesmo trabalhando 12 horas por dia, Lula ainda arranja tempo para seguir um curso de torneiro mecânico no Senai, concluído em 1963. No ano seguinte, começa a trabalhar na metalúrgica Aliança. Trabalho pesado, no turno da noite. É nessa ocasião que um colega cochila e fecha a prensa transversal sobre a mão esquerda de Lula, que perde o dedo mínimo.
Em 1966 Lula ingressa nas Indústrias Villares. Nessa mesma ocasião, entra no sindicalismo pela mão do irmão mais velho, Frei Chico. É o início de sua paixão pela política. No mesmo ano, a paixão e o casamento com Maria de Lourdes, também operária. Lula espera ser pai, mas Maria e o filho morrem durante o parto. Nos anos seguintes Lula participa intensamente da vida sindical. Em 1972, é eleito primeiro-secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Em 1974 reencontra o amor com Marisa, também viúva e mãe do pequeno Marcos Cláudio. A essa altura Lula já é pai de Lurian, que lhe dará seu primeiro neto. Lula e Marisa estão casados até hoje e têm três filhos, Fábio, Sandro e Luiz Cláudio.
Entre 1975 e 1978, Lula é duas vezes eleito presidente do sindicato e lidera as greves do ABC. A mobilização dos metalúrgicos é extremamente importante no contexto da época, em pleno regime militar. Conscientiza os trabalhadores da sua força política e, também, deixa claro o anseio de liberdade e justiça, compartilhado por toda a sociedade brasileira. As greves aceleram o final da ditadura. Em 10 de fevereiro de 1980, no tradicional colégio Sion, em São Paulo, é lançado o manifesto que dá origem ao Partido dos Trabalhadores. Lula funda o PT juntamente com outros sindicalistas, intelectuais e acadêmicos.
Nos anos 1980, ainda na ditadura, Lula e o PT se firmam como uma força nova na política nacional. Em 1983, Lula participa da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). No ano seguinte, o PT está na origem da campanha “Diretas Já”, defendendo o direito de votar para presidente da República. 1986 é o ano da Assembléia Nacional Constituinte. Lula se candidata a deputado federal. Com 650 mil votos, é o mais votado do país.
Em 1989 os brasileiros, depois de quase trinta anos de regime militar, finalmente vão às urnas escolher o presidente da República. A campanha de Lula é feita por centenas de comitês populares, que mesmo sem recursos conquistam 31 milhões de votos. Lula chega em segundo lugar e, nos anos seguintes, prefere não se candidatar a outros cargos: dedica-se ao “governo paralelo”, amplia contatos e se aprofunda nas questões administrativas do país.
Enquanto isso, o PT elege seu primeiro senador, Eduardo Suplicy, 35 deputados federais e 81 estaduais. Começa a enquadrar seus extremistas e dá um passo decisivo em seu processo de amadurecimento: define-se pelo “socialismo democrático”. Chega 1992 e Lula comanda o PT na campanha pelo “impeachment” do então presidente Fernando Collor.
Em 1993 Lula dá início a uma série de viagens pelo Brasil. Percorre mais de 40 mil quilômetros, cobrindo o país de ponta a ponta, com um só objetivo: conhecer de perto as pessoas, os problemas e os desejos do Brasil real. Nas novas eleições para a Presidência, Lula tem como vice o hoje deputado federal Aloizio Mercadante. As forças governistas lançam o Plano Real, atraindo as atenções e as esperanças do eleitorado. O PT perde a disputa para a Presidência, mas elege os governadores do Distrito Federal e do Espírito Santo, quatro senadores, 50 deputados federais e 92 estaduais.
Em 1998 Lula disputa, pela terceira vez, a Presidência da República. Obtém 32% dos votos, mas Fernando Henrique é reeleito. O PT cresce, conquista os governos do Rio Grande do Sul, do Acre, do Mato Grosso do Sul, faz três senadores, 59 deputados federais e 90 estaduais. No ano seguinte, Lula é um dos líderes da “Marcha dos Cem Mil”, a maior manifestação política nacional contra o governo FHC.
Nas eleições seguintes, em 2000, o PT ganha as prefeituras de São Paulo, Goiânia, Aracaju, Recife, Belém, Porto Alegre e de mais 181 cidades, recebendo, em todo o Brasil, cerca de 12 milhões de votos. Consolida, assim, sua trajetória como o partido que mais cresce no país.
Em janeiro de 2001 Lula participa em Porto Alegre do Fórum Social Mundial, contraponto crítico à miséria social provocada pela “globalização”. Começa, também, a divulgar projetos para áreas específicas da vida nacional: economia, política habitacional, combate à fome, entre outras prioridades.
Em 06.10.2002, no 1° turno das eleições 2002, Lula é o mais votado e disputa o 2° turno com o "tucano" José Serra. No 2° turno, em 27.10.2002, "Lula" finalmente é consagrado vencedor e é eleito o novo presidente do Brasil, com mandato iniciando em 01.01.2003 e até 31.12.2006. O "governo de transição" é criado no dia seguinte - 28.10.2002 - pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e, assim, democraticamente, o Brasil inicia uma fase diferente de sua história: um representante do partido de oposição, representante dos trabalhadores - partido de esquerda -, assume o poder no Brasil.



1° discurso no exterior (Argentina) - 03.12.2002




3 de Dezembro de 2002 - Destaques do discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em Buenos Aires:

"Decidi, há tempos, que a primeira viagem ao exterior - ainda na condição de presidente eleito - seria à Argentina. Quis dar uma significação muito precisa a esse gesto." "A nossa presença aqui quer expressar, antes de tudo, a irrestrita solidariedade a este extraordinário país, vizinho e irmão. A nação Argentina - assim como o Brasil - enfrenta dificuldades, mas, ao mesmo tempo, tem revelado coragem e determinação para superá-las." "Nos últimos anos, opções econômicas e políticas equivocadas, que não estavam de acordo com o interesse nacional, nos conduziram a sucessivas crises."
"O capital estrangeiro produtivo é bem-vindo. Mas, para tentar superar as crises econômicas, acabamos por ficar dependentes dos fluxos financeiros internacionais e com isso diminuiu a capacidade de tomarmos decisões soberanas. Ficamos à mercê de especuladores que, muitas vezes, nem sabem direito onde os nossos países estão situados. A mensagem que recebi de meu povo no dia 27 de outubro é que esse período negativo tem que ficar para trás. Devemos retomar o controle de nosso destino. Devemos, nós mesmos, construir o nosso futuro."
"Durante meio século, entre 1930 e 1980, o Brasil cresceu de modo acelerado, embora não tenha conseguido, simultaneamente, distribuir a renda. Nas últimas duas décadas, contudo, o país estagnou." "Recebi do povo brasileiro também a incumbência de conduzir essa nova fase de desenvolvimento em estreita associação com os demais irmãos da América do Sul e, em especial, os do Mercosul, hoje paralisado."
"Já disse em outra ocasião, aqui nesta mesma Buenos Aires querida, que a crise do Mercosul nada mais era do que a crise de cada um de seus membros. Ela reflete a dificuldade de encontrar saídas nacionais que possam viabilizar uma grande alternativa regional." "Para nós, o Mercosul deve transformar-se não só em uma efetiva união aduaneira, mas em um espaço de convergência de políticas industriais e agrícolas ativas. Buscamos uma verdadeira integração, a exemplo do que ocorreu com a União Européia, respeitadas nossas particularidades." "Temos que construir uma infra-estrutura comum e discutir políticas sociais unificadas."
"(...) Convém avançar ainda mais na direção de uma cidadania do Mercosul, o que implica alcançar a livre circulação das pessoas entre nossos países." "Estou convencido: na agenda do Mercosul devem figurar temas políticos. Necessitamos de instituições comuns mais conscientes. É necessário dar maior solidez e eficácia à nossa secretaria administrativa."
"Temos também que avançar nos mecanismos de solução de controvérsias. É fundamental que os acordos a que chegamos e que venhamos a estabelecer possam ser incorporados a nossas legislações e instituições nacionais. Alimento o sonho de que o Mercosul possa ter seu próprio parlamento, eleito pelo voto popular, o que comprometerá mais a sociedade de cada país com o processo de integração." "O Mercosul tem que se ampliar. Sabemos que a participação plena do Chile e da Bolívia esbarra em alguns problemas. É preciso ter cria-tividade para superar as diferenças, buscado soluções que compensem as dificuldades atuais. O próximo acordo a ser celebrado entre o Mercosul e a Comunidade Andina pode ser um passo importante para uma política de integração de âmbito sul-americano." "Face às dificuldades que a atual ordem econômica e política mundial cria para os países em desenvolvimento, o Mercosul deverá aprofundar uma política externa comum."
"A política externa comum do Mercosul é igualmente essencial para as negociações da Área de Livre Comércio das Américas - a Alca -, bem como para o diálogo com os Estados Unidos e com a União Européia." "A partir desse esforço poderemos chegar um dia à moeda comum que reforce as defesas contra as turbulências financeiras internacionais."
FONTE: Base de dados do Portal Brasil®.




Dilma é aprovada por 73% dos eleitores, diz pesquisa Ibope

A presidente Dilma Rousseff é aprovada por 73% dos eleitores, de acordo com pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta sexta-feira (1º). Dos entrevistados, 12% disseram desaprovar a presidente e 14% não souberam ou não responderam.

A avaliação é a primeira feita pelo Ibope sobre a gestão Dilma, após 90 dias de governo. De acordo com o levantamento, 56% consideram o governo ótimo ou bom, 27% regular e 5% ruim ou péssimo. Outros 11% não souberam ou não responderam.
O percentual de eleitores que consideram o começo do governo de Dilma Rousseff como ótimo ou bom, de 56%, é melhor do que o registrado no começo dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso e nos dois de Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o Ibope.
Entre 20 e 23 de março, o Ibope ouviu 2.002 eleitores com 16 anos ou mais em 141 municípios de todas as regiões do país. A pesquisa tem margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, o que significa que a aprovação da presidente pode variar de 71% a 75%.
Dos entrevistados, 74% disseram confiar na presidente Dilma, 16% afirmaram não confiar e 10% não souberam ou não responderam. "A confiança é ligeiramente maior entre os homens (76%) e um percentual maior das mulheres estão indecisas. Tanto entre os homens como entre as mulheres, o percentual que não confia na presidente é de 16%", diz o relatório da pesquisa CNI/Ibope.
A pesquisa encomendada pela CNI avalia trimestralmente a popularidade e o desempenho da administração federal junto à opinião pública. O estudo revela a imagem do governo, do presidente da República, e traz também a percepção da população sobre temas importantes como desemprego e medidas com impacto direto na economia.

PMDB não vê objeção em aliança com PT para sucessão à prefeitura em 2012

O PMDB ajusta os flaps para não perder espaço no cenário político e garantir um voo seguro até 2014, quando deverá ser lançada a candidatura própria à presidência da República. A ordem para arremeter veio da direção nacional da sigla, que trabalha para manter candidatos a prefeito e vice na maioria das cidades brasileiras em 2012.

"Se o time não entra em campo, a torcida não apoia", disse o presidente nacional da Fundação Ulysses Guimarães, Eliseu Padilha, que está em Campo Grande nesta sexta-feira (1º) para participar do Congresso Estadual do PMDB.
Em Campo Grande, capital comandada pelo PMDB há duas décadas, são intensas as tratativas em torno de quem será o provável nome para a sucessão de Nelsinho Trad. Três nomes se destacam na corrida: o vice-prefeito Edil Albuquerque, o secretário estadual de Habitação, Carlos Marun, e o presidente da Câmara, Paulo Siufi.
Apesar disso, tanto o prefeito como o governador André Puccinelli já reconheceram que o partido pode apoiar aliados. O PSDB, por sua vez, tradicional aliado local dos peemedebistas, está determinado a montar chapa própria pela prefeitura em 2012.
Um dos eventuais aliados do PMDB seria o PT, que embora seja adversário direto em Campo Grande, está do mesmo lado em nível nacional. O presidente nacional em exercício, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), diz não ver objeção na aliança visando as eleições municipais em 2012.
O presidente estadual da sigla, Esacheu Nascimento, ponderou: "essa hipótese é muito difícil porque aqui os partidos dormem em camas separadas". Padilha emendou: "Difícil mas não impossível".
A cúpula do PMDB confirmou que terá encontros reservados com o governador André Puccinelli e o prefeito Nelsinho Trad, durante as agendas do congresso estadual, para tratar da sucessão municipal.
Números
O maior partido político do país conta hoje com 2,5 milhões de filiados, 1.175 prefeitos e mais de 8,5 mil vereadores. No Senado, possui a maior bancada: 20 parlamentares. Na Câmara, perde apenas para o PT em representatividade.

Na cabeça de chapa PT aceita coligação até com PMDB em Campo Grande, diz Zeca

O ex-governador e militante do Partido dos Trabalhadores (PT) José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, afirmou que aceita uma possível aliança com o PMDB na eleição para prefeito de Campo Grande, em 2012. Porém, com uma condição: que o candidato seja do PT.

“Não falo pelo partido, mas sim como militante histórico. Se o PT for cabeça de chave não vejo problema nenhum em se aliar com o PMDB ou outro partido”, afirmou o ex-governador.
Questionado sobre a relação com os peemedebistasAndré Puccinelli (atual governador) e o prefeito Nelson Trad Filho, Zeca garantiu que “com um bom plano de governo os partidos se acertam”.
O ex-governador ainda garantiu que, por ele, o PT não irá apoiar candidatura de alguém de outro partido.
Sobre possíveis nomes do Partido dos Trabalhadores para a sucessão da prefeitura da Capital Zeca citou ele mesmo, sua esposa Gilda dos Santos, o deputado estadual Pedro Kemp, e o deputado federal Vander Loubet.
“Se não houver nenhum outro nome no partido me candidato. Creio que tenho mais chances de ganhar dos possíveis candidatos do PT”, comentou Zeca.